SóProvas


ID
3067009
Banca
FCC
Órgão
Prefeitura de Manaus - AM
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Considere o texto abaixo para responder a questão.

         O brasileiro gosta de pensar que o Brasil é uma nação acolhedora, que recebe imigrantes de braços abertos. Em termos de dados históricos e estatísticos, não é bem assim. Apesar da imigração maciça promovida por sucessivos governos durante o Império e o primeiro período republicano, sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável, passando pela rejeição explícita a determinados grupos. Na década de 1860, a questão da imigração de chineses atingiu proporções de grande controvérsia e chegou a ser debatida no parlamento. O consenso era de que devia ser impedida para evitar o suposto risco de degeneração racial. Pelo mesmo motivo, a pseudociência da época desaconselhava a entrada de mais africanos, para além dos milhões que já haviam ingressado escravizados no país. Em 1890, já sob a República, a entrada de asiáticos foi efetivamente barrada por decreto. [...]
        O imigrante ideal, para as autoridades brasileiras daquele tempo, era branco e católico. De preferência, com experiência em agricultura e disposto a se fixar nas zonas rurais. Braços para a lavoura, era o que se dizia, e uma injeção de material genético selecionado com o intuito de “melhorar a raça”. [...]. A preferência por imigrantes católicos seguia a premissa de que seriam de assimilação fácil e não ameaçariam a composição cultural da jovem nação. Aqueles no poder queriam que o brasileiro continuasse do jeitinho que era, só que mais branco. Seguindo as premissas eugênicas então em voga, acreditava-se que o sangue europeu, tido como mais forte, venceria o sangue africano e ameríndio, eliminando-os paulatinamente. Essa política de branqueamento já foi documentada, ad nauseam, por nossa historiografia. Ela é o pano de fundo ideológico para o crescimento da cidade de São Paulo, onde a porcentagem de italianos ficou acima de 30% entre as décadas de 1890 e 1910, período em que a população aumentou quase dez vezes.
         Os doutores daquela época não conseguiram o que almejavam, por três motivos. O primeiro, concreto, é que as doutrinas científicas em que acreditavam eram falsas. Não existe raça pura, em termos biológicos, muito menos a superioridade de uma sobre outra. O segundo, circunstancial, é que a fonte de imigrantes na Europa foi secando antes que a demanda por trabalhadores no Brasil se esgotasse. Quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos em junho de 1908, com 165 famílias japonesas a bordo, era o reconhecimento implícito de que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista. A imigração em massa de japoneses para o Brasil, ao longo do século 20, não somente descarrilou o projeto de branqueamento como também quebrou o paradigma de que não católicos eram inassimiláveis. Os japoneses ficaram e se fixaram. Seus descendentes tornaram-se brasileiros, a despeito de muito preconceito e até perseguição. Conseguiram essa proeza, de início, porque se mantiveram isolados no interior do país. Longe da vista, como fizeram meus avós e bisavós.
         O terceiro motivo do fracasso do modelo de assimilabilidade católica é conceitual. Seus defensores partiam de um pressuposto falso: o de que a população brasileira era homogênea em termos de religião. [...] o mito do bom imigrante católico ignorava estrategicamente a presença de judeus, muçulmanos e protestantes no Brasil. Os três grupos estiveram presentes desde a época colonial e, cada um a seu modo, contribuíram para a formação do país.
(CARDOSO, Rafael. O Brasil é dos brasileiros. Revista Serrote, nº 27, pp. 45 e 47, 2018) 

Palavras destacadas nos segmentos do texto que vêm a seguir estão empregadas em consonância com a norma-padrão da língua. Essas palavras motivaram a criação de outras frases, vistas ao lado do segmento original, devendo ser consideradas independentes dele. A frase proposta que está correta, mantido o padrão citado, é:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    Apesar da imigração maciça promovida por sucessivos governos [...] sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria desejável / Apesar de a imigração maciça ter sido promovida por sucessivos governos, sempre houve rejeição a determinados grupos.

    → a mudança considerável foi o desmembramento do artigo definido "a" e a preposição "de", as duas construções estão corretas, apontando que há divergência gramatical acerca do sujeito: de a imigração ou da imigração; em uma prova eu consideraria como incorreto o termo que não esteja desmembrado, mas vai de banca para banca.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • A) Gabarito

    Apesar da imigração maciça promovida por sucessivos governos [...] sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria desejável / Apesar de a imigração maciça ter sido promovida por sucessivos governos, sempre houve rejeição a determinados grupos.

    B

    era o reconhecimento implícito de que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista / Aquele era o empreendimento de que muitos esperavam com ganância.

    Não há necessidade da preposição DE, nenhum termo pede

    C

    O consenso era de que devia ser impedida / Foram advertidos de que os recém-chegados deveriam, o mais rapidamente possível, serem encaminhados aos respectivos alojamentos.

    [..]os recém-chegados deveriam SER encaminhados[..]

    D

    sempre houve debates sobre o tipo de imigrante que seria mais desejável / Devem ter havido mesmo, no período em questão, debates intensos sobre imigração.

    DEVE ter havido...

    Haver com o sentido de existir

    E

    Os japoneses ficaram e se fixaram / Eles se fixaram aonde pudessem ficar isolados.

    Acho que Fixar não rege, nesse caso, a preposição A.

    Qualquer erro, mandem msg!!!

  • Não entendi nem a pergunta, quanto mais a resposta.

  • Entendi foi poha nenhuma

  • Misericórdia. Custava a banca enunciar com clareza o que deseja questionar?

  • "li, li e re li, ai pensei, pensei, chutei e errei"

  • Gabarito: A

    A) Correto. Apenas houve uma transformação em oração explícita, com o sujeito claro e “imigração” e a locução passiva: “ter sido promovida”.

    B) Incorreto. “Esperar” não pede preposição “de”: Aquele era o empreendimento que muitos esperavam com ganância.

    C) Incorreto. Na locução verbal, apenas o verbo auxiliar se flexiona: deveriam SER.

    D) Incorreto. Quando temos verbo haver impessoal como principal de uma locução verbal, o verbo auxiliar também fica no singular: deve ter havido debates.

    E) Incorreto. Só se usa “aonde” se um termo seguinte exigir preposição “a”, o que não ocorre aqui.

    (Fonte: Estratégia)

  • FCC sempre inovando no quesito de "Fazer o comando da questão de modo a ninguém entender p.o.r.r.a. nenhuma !"

  • Amigos, esclarecendo o enunciado:

    Eles fizeram é uma pegadinha para quem está acostumado com português da FCC.

    A gente sabe que toda prova tem aquela substituição por sinônimos, que são questões do capiroto. Só que, dessa vez, o enunciado disse: "Essas palavras motivaram a criação de outras frases, vistas ao lado do segmento original, devendo ser consideradas independentes dele".

    No entanto, o pedido da questão é esse: "A frase proposta que está correta, mantido o padrão citado, é". Logo, ela só quer uma frase sem erros. Apenas isso.

    Remeto-me, de resto, aos comentários de Hugo Freitas.

  • LETRA B

    era o reconhecimento implícito de que os interesses econômicos iriam prevalecer sobre a ideologia eugenista / Aquele era o empreendimento POR que muitos esperavam com ganância. (=PELO QUAL)

    ESPERAVAM POR

  • Achei que tivesse colocado FCC no filtro, e nao FGV

     

  • Esse Qc poderia ajudar com os comentários dos professores e trocar alguns que não sabe o que está faz.

  • A questão requer conhecimentos das normas gramaticais, tais como: flexão verbal, concordância e regência.

    ALTERNATIVA (A) CORRETA – A frase proposta obedece às regras gramaticais. Vejamos por quê:

    1º. Segundo a norma-culta, preposição seguida de substantivo ou pronome pessoal + verbo no infinitivo, não se contrai. Por exemplo: “Apesar de a imigração maciça ter..." A norma-culta condena a contração, como, por exemplo, apesar da imigração ter...

    2º A mudança de promovida para a locução verbal ter sido promovida na voz passiva analítica está correta e coerente.

    ALTERNATIVA (B) INCORRETA – A frase proposta não obedece às regras de regência verbal, pois o verbo “esperar" é transitivo direto. Então a preposição de em “de que muitos esperavam" está inadequada devido a regência do verbo.

    ALTERNATIVA (C) INCORRETA – A frase proposta apresenta inadequação na flexão verbal, pois o verbo auxiliar ser está flexionado em “deveriam, o mais rapidamente possível, serem encaminhados...", os verbos auxiliares são: deveriam e ser, e o verbo principal, encaminhados. Somente o verbo principal deve ser flexionado.

    ALTERNATIVA (D) INCORRETA – A frase proposta não segue as regras de concordância verbal. O verbo “haver" no sentido de existir, acontecer, ocorrer ou indicar tempo passado, é impessoal, ou seja, não apresenta sujeito, devendo este verbo ficar na 3ª pessoa do singular. Isso vale também para a locução verbal quando ele for o verbo principal, em que o auxiliar também ficará na 3ª pessoa do singular. O correto seria: “Deve ter havido mesmo, no período em questão, debates intensos sobre imigração."

     ALTERNATIVA (E) INCORRETA – Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, usa-se “aonde" para verbos que dão ideia de movimento. Na frase proposta, o verbo “fixaram" é estático, então dispensa a preposição a. O correto seria: “Eles se fixaram onde pudessem ficar isolados".

    GABARITO DA PROFESSORA: ALTERNATIVA (A)