SóProvas


ID
3077116
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Porto Velho - RO
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                              Passagem pela adolescência


      "Filho criado, trabalho redobrado." Esse conhecido ditado popular ganha sentido quando chega a adolescência. Nessa fase, o filho já não precisa dos cuidados que os pais dedicam à criança, tão dependente. Mas, por outro lado, o que ele ganha de liberdade para viver a própria vida resulta em diversas e sérias preocupações aos pais. Temos a tendência a considerar a adolescência mais problemática para os pais do que para os filhos. É que, como eles já gozam de liberdade para sair, festejar e comemorar sempre que possível com colegas e amigos de mesma idade e estão sempre prontos a isso, parece que a vida deles é uma eterna festa. Mas vamos com calma porque não é bem assim.

      Se a vida com os filhos adolescentes, que alguns teimam em considerar um fato aborrecedor, é complexa e delicada, a vida deles também o é. Na verdade, o fenômeno da adolescência, principalmente no mundo contemporâneo, é bem mais complicado de ser vivido pelos próprios jovens do que por seus pais. Vejamos dois motivos importantes.

      Em primeiro lugar, deixar de ser criança é se defrontar com inúmeros problemas da vida que, antes, pareciam não existir: eles permaneciam camuflados ou ignorados porque eram da responsabilidade só dos pais. Hoje, esse quadro é mais agudo ainda, já que muitos pais escolheram tutelar integralmente a vida dos filhos por muito mais tempo.

      Quando o filho, ainda na infância, enfrenta dissabores na convivência com colegas ou pena para construir relações na escola, quando se afasta das dificuldades que surgem na vida escolar - sua primeira e exclusiva responsabilidade -, quando se envolve em conflitos, comete erros, não dá conta do recado etc., os pais logo se colocam em cena. Dessa forma, poupam o filho de enfrentar seus problemas no presente, é claro, mas também passam a ideia de que eles não existem por muito mais tempo.

      É bom lembrar que a escola - no ciclo fundamental - deveria ser a primeira grande batalha da vida que o filho teria de enfrentar sozinho, apenas com seus recursos, como experiência de aprender a se conhecer, a viver em comunidade e a usar seu potencial com disciplina para dar conta de dar os passos com suas próprias pernas.

      Em segundo lugar, o contexto sociocultural globalizado atual, com ideais como consumo, felicidade e juventude eterna, por exemplo, compromete de largada o processo de amadurecimento típico da adolescência, que exige certa dose de solidão para a estruturação de tantas vivências e, principalmente, interlocução. E com quem os adolescentes contam para conversar?

      Eles precisam, nessa época de passagem para a vida adulta, de pessoas dispostas a assumir o lugar da maturidade e da experiência com olhar crítico sobre as questões existenciais e da vida em sociedade para estabelecer com eles um diálogo interrogador. Várias pesquisas já mostraram que os jovens dão grande valor aos pais e aos professores em suas vidas. Entretanto, parece que estamos muito mais comprometidos com a juventude do que eles mesmos.

      Quem leva a sério questões importantes para eles em temas como política, sexualidade, drogas, ética, depressão e suicídio, vida em família, vida escolar, violência, relações amorosas e fidelidade, racismo, trabalho etc.? Quando digo levar a sério me refiro a considerar o que eles dizem e dialogar com propriedade, e não com moralismo ou com excesso de jovialidade. E, desse mal, padecem muitos pais e professores que com eles convivem.

      Os adolescentes não conseguem desfrutar da solidão necessária nessa época da vida, mas parece que se encontram sozinhos na aventura de aprender a se tornarem adultos. Bem que merecem nossa companhia, não?

SAYÃO, Rosely. “As melhores crônicas do Brasil”. In cronicasbrasil.blogspot.com/ search/label/Adolescência. 

Das alterações feitas na redação da oração adjetiva do período “E, desse mal, padecem muitos pais e professores que com eles convivem” (8º §), está INCORRETA quanto à regência a forma:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

    A) E, desse mal, padecem muitos pais e professores a que os alunos se referem. → se referem a alguém, a preposição "a" é exigida pelo verbo, regência correta.

    B) E, desse mal, padecem muitos pais e professores para os quais as crianças são muito queridas. → as crianças são muito queridas por/para alguém, ambas preposições estão corretas.

    C) E, desse mal, padecem muitos pais e professores em que as crianças confiam. → quem confia, confia EM alguém, preposição "em" exigida pelo verbo "confiar".

    D) E, desse mal, padecem muitos pais e professores cujos alunos com eles convivem. → convivem com alguém, preposição "com" exigida pelo verbo "conviver".

    E) E, desse mal, padecem muitos pais e professores sob quem são feitas muitas críticas. → são feitas muitas críticas a alguém, o correto seria usar a preposição "a" → a quem...

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • A questão é sobre o uso da regência. Queremos a opção incorreta.

    a) "...a que os alunos se referem."

    Regência está certa por exigência do verbo se referir que rege a preposição. Os alunos se referir a alguém.

    CORRETA.

    b) "...para os quais as crianças são muito queridas."

    Quem é querido é querido por alguém, como tem a união com o artigo "a", forma o "para". CORRETA.

    c) "...em que as crianças confiam."

    O verbo confiar exige a preposição "em". As crianças confiam em alguém. CORRETA.

    d) "...com eles convivem.

    O verbo conviver exige a preposição "com". Alunos convivem com eles.

    e) "...sob quem são feitas muitas críticas."

    O correto seria se adequar a exigência correta da regência que é pelo "a". Criticas a alguém e não sob alguém. INCORRETA.

    São feitas muitas críticas a quem.

    GABARITO E

  • Acredito que estaria correto se fosse sobre.

  • Galera quero fazer uma observação na alernativa E.

    E) E, desse mal, padecem muitos pais e professores sob quem são feitas muitas críticas.

    MUITO É ADVÉRBIO DE INTENSIDADE CLASSE GAMATICAL INVARIÁVEL, SÃO ELAS: CIPA

    CONJUNÇÃO

    INTERJEIÇÃO

    PREPOSIÇÃO

    ADVÉRBIO = Muita no singular, Muita no plural

  • críticas a alguém ou a alguma coisa

  • Assertiva E

    E, desse mal, padecem muitos pais e professores sob quem são feitas muitas críticas.