SóProvas


ID
3077593
Banca
FCC
Órgão
EMAE-SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Batizada Arlette e sublimada como Fernanda, a atriz carioca moldou − e continua moldando − cada personagem vivida no rádio, no teatro, no cinema e na televisão por 75 anos. Leia abaixo um trecho da entrevista de Fernanda Montenegro à Revistae.


Por viver tantos personagens, o ator não se torna um ser diferente?

− Nós somos estranhos. Porque, o que é que nós somos? Esquizofrênicos? Só não estamos num hospício porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. É uma vida dupla. Você tem um espetáculo à noite e faz toda sua vida durante o dia, seja ela qual for, uma vida calma, incontestada, desassossegada, e à noite, você tem que dar conta de outra esfera. Ninguém te obriga a ir [trabalhar]. Nem quando você passa pela perda de um amor. A gente até acha que aquele amor teria gostado se você fosse lá fazer seu espetáculo. Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite. Estou contando um caso extremo, mas isso acontece.


Em casos como esse dá para guardar as emoções?

− A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate na hora. Cada plateia provoca outro estágio no espetáculo. Tem sempre alguma coisa [que muda] porque é tudo muito sutil, embora você faça sempre o “mesmo” gestual. É algo imponderável e inexplicável. Porque é o seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. Ali tem que haver uma comunhão. Porque às vezes um ator está de um lado do palco, outro ator está do outro lado, eles se olham e dizem: “Hoje não vai sair como a gente quer”. É uma energia cósmica. Mas nunca é exatamente a mesma coisa. Não é. Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona, mas um amigo vai ver e não gosta, não entrosou, não comungou, entendeu? Não deveria haver uma luta para conquistar a plateia, mas provocar fascínio e buscar uma comunhão.


O que significa esse ofício de atriz?

– É como se fosse um ato religioso: você entra no teatro e espera começar. Já estão todos sentados? Já está na hora? Aí, faz-se alguma coisa: toca-se uma campainha, uma luz muda, os atores entram mesmo com a luz... Ou seja, tem um início. Aí você fica diante de um ser humano. É como uma missa. O que é o padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é Semana Santa ou Natal, são outras cores. Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as pessoas ficam ali. Acho que, no fundo, tudo na vida é um teatro. Já falava o Velho Bardo [William Shakespeare]: para cada pessoa, você se apresenta, mesmo que um pouquinho, de maneira diferente. Às vezes até a cada hora do dia, até para você mesmo. Quem é a gente?

                                                  (Adaptado de: Revistae, São Paulo, Sesc, jul. 2018.) 

...o ator não se torna um ser diferente? - Nós somos estranhos.


Mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido, as frases acima encontram-se transpostas para o discurso indireto em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    → queremos um discurso indireto, , os personagens não se expressam, mas suas falas são apresentadas pelo narrador. O narrador irá usar suas próprias palavras para descrever as falas dos personagens. Essa narração deve ser feita em 3º pessoa.

    discurso indireto é “de segunda mão”, o narrador utiliza as suas próprias palavras para reproduzir as falas das personagens. Sintaticamente, a fala das personagens vira uma oração subordinada substantiva sempre estruturada a partir de um verbo dicendi (de dizer: disse, falou, sussurrou, perguntou, indagou, respondeu, ordenou etc).

    A) Ao ser questionada sobre se o ator se tornaria um ser diferente, Fernanda Montenegro respondeu que eles seriam estranhos. → correto

    B) Quando fosse questionada sobre se o ator se torna um ser diferente, Fernanda Montenegro responderia que eles são estranhos. → correto seria "foi"

    C) À pergunta sobre o ser diferente que o ator se torna, Fernanda Montenegro responde que seríamos estranhos.

    D) Fernanda Montenegro responde à pergunta sobre quão diferente se tornaria um ator, dizendo que seríamos estranhos. → o correto seria "disse".

    E) Fernanda Montenegro, ao responder à pergunta sobre como um ator se torna um ser diferente, teria dito: somos estranhos. → o temo composto "teria dito" equivale ao pretérito mais-que-perfeito "dissera", sendo incorreto para um discurso indireto, o correto seria o uso do presente do indicativo e o desenvolvimento da oração: disse que somos estranhos.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Gabarito LETRA A

    Nesse tipo de questão, é necessário conhecer as mudanças verbais do discurso direto para o indireto.

    Presente do indicativo ===> Pretérito Imperfeito do indicativo

    Pretérito do indicativo ===> Pretérito mais-que-perfeito do indicativo

    Futuro do Presente do Indicativo ===> Futuro do pretérito do indicativo

    Imperativo / Presente do subjuntivo / Futuro do Subjuntivo ===> Pretérito imperfeito do subjuntivo

  • Discurso direto = transcrição exata da fala do personagem

    Discurso indireto = O narrador usa suas próprias palavras para reproduzir as falas dos personagens

  • Complementando o comentário do Arthur...

    C) À pergunta sobre o ser diferente que o ator se torna, Fernanda Montenegro responde que seríamos estranhos. -> o correto seria respondeu, no pretérito perfeito