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ID
3077596
Banca
FCC
Órgão
EMAE-SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Batizada Arlette e sublimada como Fernanda, a atriz carioca moldou − e continua moldando − cada personagem vivida no rádio, no teatro, no cinema e na televisão por 75 anos. Leia abaixo um trecho da entrevista de Fernanda Montenegro à Revistae.


Por viver tantos personagens, o ator não se torna um ser diferente?

− Nós somos estranhos. Porque, o que é que nós somos? Esquizofrênicos? Só não estamos num hospício porque nos aceitamos e nos aceitam quando acertamos. É uma vida dupla. Você tem um espetáculo à noite e faz toda sua vida durante o dia, seja ela qual for, uma vida calma, incontestada, desassossegada, e à noite, você tem que dar conta de outra esfera. Ninguém te obriga a ir [trabalhar]. Nem quando você passa pela perda de um amor. A gente até acha que aquele amor teria gostado se você fosse lá fazer seu espetáculo. Ítalo Rossi perdeu um irmão num desastre e fez o espetáculo da noite. Estou contando um caso extremo, mas isso acontece.


Em casos como esse dá para guardar as emoções?

− A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate na hora. Cada plateia provoca outro estágio no espetáculo. Tem sempre alguma coisa [que muda] porque é tudo muito sutil, embora você faça sempre o “mesmo” gestual. É algo imponderável e inexplicável. Porque é o seguinte, não é só uma pessoa, um elenco e a plateia. Ali tem que haver uma comunhão. Porque às vezes um ator está de um lado do palco, outro ator está do outro lado, eles se olham e dizem: “Hoje não vai sair como a gente quer”. É uma energia cósmica. Mas nunca é exatamente a mesma coisa. Não é. Tanto que às vezes uma pessoa vai ver o espetáculo e se apaixona, mas um amigo vai ver e não gosta, não entrosou, não comungou, entendeu? Não deveria haver uma luta para conquistar a plateia, mas provocar fascínio e buscar uma comunhão.


O que significa esse ofício de atriz?

– É como se fosse um ato religioso: você entra no teatro e espera começar. Já estão todos sentados? Já está na hora? Aí, faz-se alguma coisa: toca-se uma campainha, uma luz muda, os atores entram mesmo com a luz... Ou seja, tem um início. Aí você fica diante de um ser humano. É como uma missa. O que é o padre? Um ator. Ele está ali paramentado, num cerimonial religioso. Se é Páscoa, é uma cor, se é Semana Santa ou Natal, são outras cores. Se fala um texto, não deixa de ser um auto medieval, e as pessoas ficam ali. Acho que, no fundo, tudo na vida é um teatro. Já falava o Velho Bardo [William Shakespeare]: para cada pessoa, você se apresenta, mesmo que um pouquinho, de maneira diferente. Às vezes até a cada hora do dia, até para você mesmo. Quem é a gente?

                                                  (Adaptado de: Revistae, São Paulo, Sesc, jul. 2018.) 

A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate na hora.


O trecho acima encontra-se corretamente reescrito, com nível de linguagem formal e com impessoalidade, em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    → A gente não guarda emoção. A gente vai [trabalhar] com o que acontece, com o que bate na hora.

    >>> achei a questão mais difícil dessa prova, o quê foi o pulo do gato foi a "impessoalidade" e a "linguagem formal", vou mostrar a minha análise:

    A) A emoção não se guarda, nem se vai trabalhar com o que se acontece, com o que se bate no momento. → esse termo marca uma linguagem coloquial, não é o que queremos.

    B) As pessoas não guardam emoção, mas vão trabalhar com o que lhes acontecem e com o que surge então. → temos a linguagem formal respeitada, porém não temos a impessoalidade, todos sujeitos são simples, marcam a "pessoalidade".

    C) Não se guarda emoção: vai-se trabalhar com o que acontece, com o que surge naquele momento. → temos uma linguagem formal e a "impessoalidade" marcada pelo sujeito indeterminado (terceira pessoa do singular + se), logo é a melhor resposta.

    D) Não guardamos emoção e vamos trabalhar com o que se acontece, como o que sentimos naquele momento. → temos o sujeito oculto "nós", marca uma pessoalidade, a inclusão do autor e do leitor, logo eliminamos essa alternativa.

    E) A emoção não é guardada, mas a gente vai trabalhar com o que se passa, com o que então se sente. → "a gente" é um termo coloquial, não formal, logo eliminamos essa alternativa.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

  • Vlw Arthur