SóProvas


ID
3080566
Banca
FCC
Órgão
MPE-MT
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                 [Nossa quota de felicidade]


      Os últimos 500 anos testemunharam uma série de revoluções de tirar o fôlego. A Terra foi unida em uma única esfera histórica e ecológica. A economia cresceu exponencialmente, e hoje a humanidade desfruta do tipo de riqueza que só existia nos contos de fadas. A ciência e a Revolução Industrial deram à humanidade poderes sobre-humanos e energia praticamente sem limites. A ordem social foi totalmente transformada, bem como a política, a vida cotidiana e a psicologia humana.

      Mas somos mais felizes? A riqueza que a humanidade acumulou nos últimos cinco séculos se traduz em contentamento? A descoberta de fontes de energia inesgotáveis abre diante de nós depósitos inesgotáveis de felicidade? Voltando ainda mais tempo, os cerca de 70 milênios desde a Revolução Cognitiva tornaram o mundo um lugar melhor para se viver? O falecido astronauta Neil Armstrong, cuja pegada continua intacta na Lua sem vento, foi mais feliz que os caçadores-coletores anônimos que há 30 mil anos deixaram suas marcas de mão em uma parede na caverna? Se não, qual o sentido de desenvolver agricultura, cidades, escrita, moeda, impérios, ciência e indústria?

      Os historiadores raramente fazem essas perguntas. Mas essas são as perguntas mais importantes que podemos fazer à história. A maioria dos programas ideológicos e políticos atuais se baseia em ideias um tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana. Em uma visão comum, as capacidades humanas aumentaram ao longo da história. Considerando que os humanos geralmente usam suas capacidades para aliviar sofrimento e satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que nossos ancestrais medievais e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-coletores da Idade da Pedra. Mas esse relato progressista não convence.

(Adaptado de HARARI, Yuval Noah. Sapiens – Uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018, p. 386-387) 

Para dar base à afirmação de que esse relato progressista não convence (3° parágrafo), o autor do texto

Alternativas
Comentários
  • Dicas

    1 Leia todo o texto pausadamente

    2. Releia o texto e marque todas as palavras que não sabe o significado

    3. Veja o significado de cada uma delas no dicionário e anote

    4. Separe os parágrafos do texto e releia um a um fazendo o seu resumo

    5. Elabore uma pergunta para cada parágrafo e responda

    6. Questione a forma usada para escrever

    7. Faça um novo texto com as suas palavras, mas siga as ideias do autor

    Abraços

  • gab: C

    Faz ver que os programas ideológicos e políticos atuais não evidenciam uma efetiva escalada da felicidade humana.

    A maioria dos programas ideológicos e políticos atuais se baseia em ideias um tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana. Em uma visão comum, as capacidades humanas aumentaram ao longo da história.  Considerando que os humanos geralmente usam suas capacidades para aliviar sofrimento e satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que nossos ancestrais medievais e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-coletores da Idade da Pedra.

    Poderíamos ser mais felizes, mas não o somos. Logo, o relato progressista não é convincente.

    Bons estudos.

  • Lúcio, primeiro aplique suas dicas no dia da prova e depois venha dar essa ''excelente dica'' rsrsrsrs

  • Marcus temos que respeitar o momento de cada um...

    Quando comecei a estudar para concurso eu seguia passo a passo o que o Lúcio descreveu...demorava 1 a 3 horas para responder apenas uma questão de interpretação e de texto.Com o passar do tempo a gente vai absorvendo o conhecimento e, consequentemente, sendo cada vez mais ágil nas resoluções de questões.

    Humildade sempre!!!

    Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

    tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar [desfrutar] o que se plantou; (eclesiastes 3)

  • Ciel, acho que vc não entendeu a forma que eu quis dizer rssrsrsr! Por motivos de tempo ,no dia da prova, impossível você fazer tudo o que ele disse! Não desmereci as dicas, mas infelizmente na prova temos que ser o mais objetivo possível

  • As dicas não são para a hora da prova, mas sim para praticar interpretação de texto. A hora é agora!

  • Imagino que as dicas do colega ajude tanto no estudo de interpretação quanto na formulação de ideias para uma redação. Vai depender da disponibilidade de tempo e momento de cada um, mas é válida sim.

  • Eu resolvi da seguinte maneira: li o texto, mas quando cheguei no 2º parágrafo, fiquei atenta em razão da existência da conjunção adversativa, pois é a partir dela que o autor do texto (geralmente) vai desenvolver sua tese e trazer elementos que defendam seu ponto de vista. Após isso, procuro nas alternativas algo que seja semelhante ao que ele disse.

  • A questão pede a justificativa utilizada para afirmar que “esse relato progressista não convence.

    Primeiro, de qual relato o autor está falando? Procuramos no texto e achamos o seguinte:

    Em uma visão comum, as capacidades humanas aumentaram ao longo da história. Considerando que os humanos geralmente usam suas capacidades para aliviar sofrimento e satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que nossos ancestrais medievais e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-coletores da Idade da Pedra.

    E por que o relato acima não nos convence? Vamos ao texto buscar uma justificativa:

    Os historiadores raramente fazem essas perguntas. Mas essas são as perguntas mais importantes que podemos fazer à história. A maioria dos programas ideológicos e políticos atuais se baseia em ideias um tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana.”

    Logo, não faz sentido que tenhamos tido uma escalada da felicidade humana porque a maioria dos nossos programas ideológicos e políticos atuais possuem ideias fracas sobre o tema.

  • No enunciado, pergunta-se em que opção está presente o conteúdo que sustenta a afirmação de que “esse relato progressista não convence", presente no último parágrafo do texto.  

    Para resolução mais eficaz, inicialmente, devemos resgatar o fragmento integral para identificar qual seria o “relato progressista" mencionado pelo autor. Localizado esse ponto, devemos encontrar o motivo que demonstra ser o relato não convincente.

    Essa metodologia se justifica porque, conceitualmente para que as ideias de um texto possam apresentar progressão, ou seja, para que aprofundem o tema apresentado, precisam, obrigatoriamente se alternar entre “informação velha" e “informação nova", de modo que seja necessário realizar sucessivas retomadas de informações anteriores para que a estas se acrescentem as desconhecidas. Assim, dentro da progressão textual, deve ser feita a coesão referencial, pois é o processo em que palavras e expressões resgatam conteúdos anteriores para que o texto siga em continuidade temática.

    Sendo assim, localizando, primeiramente, qual é o tipo de relato a que se refere o autor e, posteriormente, o fragmento que o justifica, encontraremos, sem maiores dificuldades, a resposta. Vejamos:

    Fragmento:

    Os historiadores raramente fazem essas perguntas. Mas essas são as perguntas mais importantes que podemos fazer à história. A maioria dos programas ideológicos e políticos atuais se baseia em ideias um tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana. [Em uma visão comum, as capacidades humanas aumentaram ao longo da história. Considerando que os humanos geralmente usam suas capacidades para aliviar sofrimento e satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que nossos ancestrais medievais e que estes devem ter sido mais felizes que os caçadores-coletores da Idade da Pedra]. Mas esse relato progressista não convence".

    Observemos que o termo coesivo “esse relato progressista" retoma o que se imagina ou pensa segundo o senso comum, ou “uma visão comum", nas palavras do autor. Assim, em um pensamento mais geral, pessoas tendem a pensar que, nas narrações da vida comum, pela lógica, os homens de séculos mais avançados, por terem mais condições e qualidade de vida, tendem a ser mais felizes que seus ancestrais. No entanto, sabemos que o raciocínio desenvolvido pelo autor contrapõe essa visão mais geral de mundo, o que se percebe justamente pelo último período do texto que, iniciado pela conjunção adversativa MAS rebate a lógica do pensamento comum cuja base, para o escritor, apresenta uma lógica infundada.

    Desse modo, sabemos qual é o relato progressista que o autor combate, então o que nos resta é encontrar no fragmento a justificativa do próprio autor que demonstra estar válido o seu posicionamento. Nesse sentido, bastaria que fizéssemos a pergunta “Por que esse relato é infundado?", para achar no texto a sua resposta. Com esse exercício, não fica difícil perceber que, para o autor, as narratividades progressistas acerca da felicidade não convencem porque nossas sociedades apresentam programas ideológicos e políticos muito frágeis, por que não dizer “simplistas", já que não possibilitam ao público chegar às questões mais complexas, vinculadas à felicidade humana: “A maioria dos programas ideológicos e políticos atuais se baseia em ideias um tanto frágeis no que concerne à fonte real de felicidade humana".


    De posse dessas informações, analisemos cada uma das opções para assinalar aquela que traz a base para justificativa de não ser o relato progressista convincente:


    A)   demonstra que a lógica da história nega a possibilidade de se avaliar a importância e as vantagens da civilização.

    ERRADA.

    Na letra A, há extrapolação do conteúdo presente no texto, pois nele não se apresentou a ideia de que a lógica da história “nega a possibilidade de se avaliar a importância e as vantagens da civilização". O que se defende é que historiadores não buscam investigar por que razões não podemos reconhecer a ocorrência plena da felicidade na Terra, mesmo com o progresso do homem na história. Sendo assim, a opção A não poderia ser considerada a resposta da questão.

    B) equipara o grau de felicidade dos nossos ancestrais imediatos com o daqueles que os antecederam.

    ERRADA.

    A letra B não pode ser considerada a resposta da questão porque nela se reescreve o “relato progressista", e não a justificativa de sua inconsistência argumentativa, segundo o autor. Ou seja, na opção B apresenta-se escrito, em outras palavras e mais sintetizado, o conteúdo do trecho em que se acha o relato sobre felicidade e progressão histórica, conforme imaginado pelo senso comum.


    C) faz ver que os programas ideológicos e políticos atuais não evidenciam uma efetiva escalada da felicidade humana.

    CORRETA.

    Pelo que se analisou, para o escritor, atualmente, nossos programas ideológicos e políticos não demonstram as origens, nem as razões necessárias para se pensar a progressão da felicidade e, nesse caso, não sustentam suas propostas relativas à felicidade de modo satisfatório, por tratarem de forma simplista uma questão complexa.


    D) mostra-se convicto de que os caçadores-coletores não foram mais felizes que nossos ancestrais medievais.

    ERRADA.

    Erra-se na letra D por se registrar que o autor “mostra-se convicto" de que os caçadores-coletores foram mais felizes que os nossos ancestrais medievais. O autor não apresenta esse raciocínio como algo afirmativo, quem dirá incontestável, mas dele se utiliza como questionamento para provocar reflexão no leitor, a respeito da relação supostamente lógica entre evolução histórica e felicidade humana. Além disso, tal como ocorre na letra B, esta opção está relacionada ao “relato progressista", e não a sua justificativa.

    E) fundamenta essa descrença no fato de que nunca fomos capazes de questionar as leis mais rígidas da natureza.

    ERRADA.

    O conteúdo da letra E diverge de informações do texto, pois não se afirma que “nós" nunca fomos capazes de questionar as leis mais rígidas da natureza, mas que os “historiadores" não se questionam sobre a relação entre evolução histórica e evoluções subjetivas, ou felicidade humana. Além disso, não se mencionam as “leis rígidas da natureza", mas as etapas de progressão histórica, entendidas, em geral, por meio do pretenso raciocínio lógico.


    Resposta: C