SóProvas


ID
3084322
Banca
VUNESP
Órgão
UNICAMP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                            Página infeliz


      O mercado editorial no Brasil nunca pareceu tão próximo de uma catástrofe – com as duas principais redes de livrarias do país, Saraiva e Cultura, em uma crise profunda, reduzindo o número de lojas e com dívidas que parecem sem fim.

      Líder do mercado, a Saraiva, que já acumula atrasos de pagamentos a editores nos últimos anos, anunciou nesta semana o fechamento de 20 lojas. Em nota, a rede afirma que a medida tem a ver com “desafios econômicos e operacionais”, além de uma mudança na “dinâmica do varejo”.

      Na semana anterior, a Livraria Cultura entrou em recuperação judicial. No pedido à Justiça, a rede afirma acumular prejuízos nos últimos quatro anos, ter custos que só crescem e vendas menores. Mesmo assim, diz a petição enviada ao juiz, não teria aumentado seus preços.

      O enrosco da Cultura está explicado aí. Diante da crise, a empresa passou a pegar dinheiro emprestado com os bancos – o tamanho da dívida é de R$ 63 milhões.

      Com os atrasos nos pagamentos das duas redes, editoras já promoveram uma série de demissões ao longo dos últimos dois anos.

      O cenário de derrocada, contudo, parece estar em descompasso com os números de vendas. Desde o começo do ano, os dados compilados pela Nielsen, empresa de pesquisa de mercado, levantados a pedido do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, mostravam que o meio livreiro vinha dando sinais de melhoras pela primeira vez, desde o início da recessão econômica que abala o país.

       Simone Paulino, da Nós, editora independente de São Paulo, enxerga um descompasso entre as vendas em alta e a crise. Nas palavras dela, “um paradoxo assustador.” A editora nunca vendeu tanto na Cultura quanto nesses últimos seis meses”, diz. E é justamente nesse período que eles não têm sido pagos.

      “O modelo de produção do livro é muito complicado. Você investe desde a compra do direito autoral ou tradução e vai investindo ao longo de todo o processo. Na hora que você deveria receber, esse dinheiro não volta”, diz Paulino.

      “Os grandes grupos têm uma estrutura de advogados que vão ter estratégia para tentar receber. E para os pequenos? O que vai acontecer?”

      Mas há uma esperança para os editores do país: o preço fixo do livro. Diante do cenário de crise, a maior parte dos editores aposta em uma carta tirada da manga no apagar das luzes do atual governo – a criação, no país, do preço fixo do livro – norma a ser implantada por medida provisória – nos moldes de boa parte de países europeus, como França e Alemanha.

      Os editores se inspiram no pujante mercado europeu. Por lá, o preço fixo existe desde 1837, quando a Dinamarca criou a sua lei limitando descontos, abolida só em 2001. A crença é a de que a crise atual é em parte causada pela guerra de preço. Unificar o valor de capa permitiria um florescimento das livrarias independentes, uma vez que elas competiriam de forma mais justa com as grandes redes.

                                                          (Folha de S. Paulo, 03.11.2018. Adaptado)

O descompasso apontado pela empresa Nielsen e por Simone Paulino decorre

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    → justificativa da resposta: O cenário de derrocada, contudo, parece estar em descompasso com os números de vendas. Desde o começo do ano, os dados compilados pela Nielsen, empresa de pesquisa de mercado, levantados a pedido do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, mostravam que o meio livreiro vinha dando sinais de melhoras pela primeira vez, desde o início da recessão econômica que abala o país.

    → Ou seja, mesmo com o enorme índice de vendas, a recessão econômica que circunda o país atinge brutalmente as livrarias, fazendo, assim, que o número de vendas seja insuficiente.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Esta questão avalia a capacidade de interpretação de texto do concurseiro. O candidato deveria demonstrar sua habilidade de localizar informações explícitas num texto, no caso, uma matéria publicada no jornal Folha de São Paulo que trata do declínio do mercado editorial brasileiro. A tarefa do candidato era apontar as razões do descompasso apontado pela empresa de pesquisa de mercado Nielsen e por Simone Paulino, representante de uma editora independente. Dito isto, é hora de analisarmos cada uma das alternativas:

     

    A) Do desestímulo entre os grupos editoriais provocado pela crise econômica e pela ausência de uma política de leitura no país. Incorreta. Se o candidato ler com atenção os parágrafos 6 e 7 notará que tanto empresa Nielsen, quanto Simone Paulino destacam o aumento de vendas das editoras independentes e o aquecimento do mercado livreiro, apesar da recessão econômica do Brasil.

     

    B) Das poucas vendas e grandes pagamentos recebidos das editoras independentes, por parte dos grupos editoriais. Incorreta. O oitavo parágrafo fala sobre as dificuldades das editoras independentes receberem os pagamentos e os retornos de investimentos.

     

    C) Da incompatibilidade entre o aquecimento nas vendas e a má fase da economia brasileira. Correta. O sexto e o oitavo parágrafos informam que, embora o Brasil atravesse uma crise econômica, as vendas de livros têm crescido.

     

    D) Do modelo de produção do livro no país e das práticas empregadas pelas pequenas editoras, incapacitadas de competir. Incorreta. As dificuldades enfrentadas pelas grandes editoras não se constituem como descompasso. O texto constata essas dificuldades e não fala nada sobre descompasso em relação a elas.

     

    E) Dos desafios econômicos por que passa o país e da adoção de estratégias equivocadas do mercado livreiro. Incorreta. O texto até fala de desafios econômicos do Brasil, mas não diz nada a respeito de estratégias de mercado equivocadas.

     

    Gabarito do Professor: Letra C.