SóProvas


ID
3108658
Banca
FCC
Órgão
SANASA Campinas
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

    De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

      Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

      Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada, amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

      A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de som e sem inflação.

      Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

*batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143) 

No contexto do 5° parágrafo, em contraste com “Ô, batuta!”, a saudação “Oi” demonstra maior

Alternativas
Comentários
  • Resposta alternativa B

    A saudação "Ô, batuta", por significar uma saudação a um camarada pressupõe uma relação mais pessoal com a pessoa. Já a saudação "oi", em contraste com a mencionada saudação, demonstra-se mais impessoal.

  • GABARITO: LETRA B

    ? Importante ressaltar que a questão quer saber em relação a saudação "OI";

    ?  Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: ?Oi!?. A gente se saudava, largo e profundo: ? Ô, batuta (amigo, companheiro)!

    ? O termo "ô batuta" representa proximidade, amizade; enquanto o termo "oi" apresenta uma impessoalidade, que se dirige ao geral, uma falta de intimidade.

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  • Quando não lemos a questão direito e erramos, a gente vê o quanto o treino é importante!

  • Oi, Bom dia, Boa noite são cumprimentos, saudações impessoais, as quais toda sociedade conhece. já saudações como - "ô batuta", "E ai maluco" São direcionados a pessoas conhecidas que sabem interpretar que se trata de uma saudação!

  • Nossa! Eu sei a diferença de Ô Batuta! e OI, só não sabia a diferença de IMPESSOALIDADE e INFORMALIDADE até me deparar com essa questão! A arma do jogo é o treino!

  • A questão requer compreensão e interpretação textual. Perceba que no enunciado há a palavra “contraste", ou seja, no contexto do 5º parágrafo há uma diferença nas duas saudações, o que o narrador quer passar é que numa época mais remota um simples “oi" denotava um distanciamento entre as pessoas, já uma saudação como Ô, batuta! denotava proximidade, informalidade e um certa afetividade entre as pessoas.


    ALTERNATIVA (A) INCORRETA - Cordialidade significa um modo amistoso de tratar as pessoas, uma cortesia, o que não corrobora a saudação “oi" no contexto.

    ALTERNATIVA (B) CORRETA - Demonstra impessoalidade porque é uma saudação dada a qualquer um, sem uma demonstração de afago.

    ALTERNATIVA (C) INCORRETA
    - É ao contrário, demonstra um distanciamento.

    ALTERNATIVA (D) INCORRETA - Não demonstra sinceridade por se tratar de uma saudação neutra sem demonstração de sentimentos.

    ALTERNATIVA (E) INCORRETA - No contexto, um simples “oi" demonstra formalidade pelo fato de não haver uma proximidade entre as pessoas.

    GABARITO DA PROFESSORA: ALTERNATIVA (B)