SóProvas


ID
3114316
Banca
FCC
Órgão
SANASA Campinas
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.


    De cedo, aprendi a subir ladeira e a pegar bonde andando. Posso dizer, com humildade orgulhosa, que tive morros e bondes no meu tempo de menino.

    Nossa pobreza não era envergonhada. Ainda não fora substituída pela miséria nos morros pobres, como o da Geada. Que tinha esse nome a propósito: lá pelos altos do Jaguaré, quando fazia muito frio, no morro costumava gear. Tínhamos um par de sapatos para o domingo. Só. A semana tocada de tamancos ou de pés no chão.

    Não há lembrança que me chegue sem os gostos. Será difícil esquecer, lá no morro, o gosto de fel de chá para os rins, chá de carqueja empurrado goela abaixo pelas mãos de minha bisavó Júlia. Havia pobreza, marcada. Mas se o chá de carqueja me descia brabo pela goela, como me é difícil esquecer o gosto bom do leite quente na caneca esmaltada estirada, amorosamente, também no morro da Geada, pelas mãos de minha avó Nair.

    A miséria não substituíra a pobreza. E lá no morro da Geada, além do futebol e do jogo de malha, a gente criava de um tudo. Havia galinha, cabrito, porco, marreco, passarinho, e a natureza criava rolinha, corruíra, papa-capim, andorinha, quanto. Tudo ali nos Jaguarés, no morro da Geada, sem água encanada, com luz só recente, sem televisão, sem aparelho de som e sem inflação.

   Nenhum de nós sabia dizer a palavra solidariedade. Mas, na casa do tio Otacílio, criavam-se até filhos dos outros, e estou certo que o nosso coração era simples, espichado e melhor. Não desandávamos a reclamar da vida, não nos hostilizávamos feito possessos, tocávamos a pé pra baixo e pra cima e, quando um se encontrava com o outro, a gente não dizia: “Oi!”. A gente se saudava, largo e profundo: − Ô, batuta*!

 *batuta: amigo, camarada.

(Texto adaptado. João Antônio. Meus tempos de menino. In: WERNEK, Humberto (org.). Boa companhia: crônicas. São Paulo, Companhia das Letras, 2005, p. 141-143) 

Está escrito em conformidade com as regras de concordância este livre comentário:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    A) Água encanada, televisão, aparelho de som, nada disso eram acessíveis aos moradores. ? temos o aposto resumitivo "nada", o verbo deve concordar com esse aposto: nada...era.

    B) O hábito de subir ladeiras e pegar bondes andando foram adquiridologo cedo. ? temos um sujeito simples com o núcleo no singular "hábito", o correto é: foi adquirido.

    C) Posso dizer que fez parte do meu tempo de menino os morros e os bondes do Jaguaré. ? temos um sujeito posposto ao verbo sendo composto (dois núcleos), logo na ordem direta e com correção: Os morros e os bondes de Jaguaré fizeram parte....

    D) Quando eu tinha dores nos rins, as mãos de minha bisavó Júlia me serviam chá de carqueja. ? correto.

    E) Quando se encontrava na rua, as pessoas tinham o costume de se saudar dizendo ?Ô, batuta!?. ? as pessoas... se encontravam; se saudarem;

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  • Complemento...

    A)

    Quando estamos diante de aposto resumidor o verbo não vai para o plural!

    Leitura , pesquisa , trabalhos tudo é trabalho do aluno.

    água, fogo, terra, ar ninguém esquece o avatar.

    B)

    Talvez algumas pessoas tenham caído aqui!

    O sujeito é coletivo quando é formado por dois núcleos, mas neste caso tanto subir ladeiras quanto pegar bondes referem-se aos hábitos.

    C)

    Os morros e os bondes de jaguaré fazem parte....

    Sucesso,Bons estudos, Nãodesista!

  • Em resumo:

    ENUMERAÇÃO MAIS APOSTO RESUMITIVO - VERBO NA TERCEIRA PESSOAL DO SINGULAR.

    Água encanada, televisão, aparelho de som, nada disso ERA acessíveL aos moradores.

  • Não sei por que a C) está errada, haja vista a concordância ser facultativa quando o termo estiver posposto ao verbo.

    Nesse pensar:

    "Quando o sujeito composto estiver posposto ao verbo, este poderá concordar com todos os

    núcleos (concordância literal) ou com o mais próximo (concordância atrativa):

    Discutiram muito o chefe e o funcionário.

    Discutiu muito o chefe e o funcionário"

    (Professor, Décio Terror Filho, Estratégia.)

  • Sempre que o conteúdo da questão for concordância, você precisará saber que:  

    1)     pela regra geral, a concordância verbal é a relação de número entre o sujeito de uma oração e o seu verbo. Isso significa que, se o verbo de um enunciado estiver no plural, o seu sujeito também deverá assim se flexionar. Caso contrário, ambos devem ficar no singular.

    Então, para resolver uma questão de concordância verbal, você deverá identificar o sujeito (para isso, faça ao verbo a pergunta “que" ou “quem"?)


    2) já a concordância nominal é a correspondência de gênero e número entre substantivos ou nomes substantivados e seus acompanhantes: adjetivos, pronomes, artigos e numerais. Para verificar se a concordância nominal está correta, basta localizar os substantivos da oração e identificar se estes estão flexionados em gênero e número e em correspondência com os seus determinantes.  

    3)  se, no enunciado, não se especifica o tipo de concordância, então será necessário examinar brevemente as opções para verificar se o que parece desvio gramatical está associado exclusivamente à categoria de número ou à de gênero. No primeiro caso, a questão será identificada como plenamente de concordância verbal, caso contrário, será uma abordagem em concordância nominal. Se as transgressões gramaticais parecerem estar relacionadas a ambas as categorias, então a questão contemplará os dois conceitos.
    De posse dessas informações, analisemos as opções:  

    A)   Água encanada, televisão, aparelho de som, nada disso eram acessíveis aos moradores.  

    ERRADA.

    Observe que a pergunta para identificação do sujeito do verbo “ser" - “quem ou que não é/são acessível(is) aos moradores?" – apresenta a palavra “nada" como resposta. Vale lembrar que esse elemento gramatical é um termo resumitivo, ou seja, ele retoma os elementos enumerados e posicionados anteriormente, resumindo-os, de modo que os identifiquemos, na continuidade da leitura, por meio de uma palavra singular, o pronome indefinido “nada". Além disso é esse pronome, e não as expressões “água encanada, televisão e aparelhos de som", que estão mais próximos do verbo. Importante saber que, em caso de sujeitos resumitivos, é frequente que o pronome indefinido se posicione entre a expressão enumerativa, que é resumida, e o verbo, ficando a palavra de resumo imediatamente anterior a ele. Corrigindo, deveríamos escrever, portanto, água encanada, televisão, aparelho de som, nada disso era acessível aos moradores.


    B) O hábito de subir ladeiras e pegar bondes andando foram adquiridos logo cedo.

    ERRADA.

    Note que o sujeito da locução verbal “ir adquirindo" é a palavra “hábito", especificada pelas orações reduzidas “de subir ladeiras" e “pegar bondes andando". Essa identificação ocorrer com a pergunta “que ou quem foi ou foram adquirido(s) logo cedo?", cuja resposta é traz o núcleo “hábito" como seu sujeito. Estando esse termo no singular, pela regra geral de concordância, a locução verbal fica também no singular. Corrigindo: o hábito de subir ladeiras e pegar bondes andando foi adquirido logo cedo.


    C) Posso dizer que fez parte do meu tempo de menino os morros e os bondes do Jaguaré. 

    ERRADA.

    “os morros e os bondes do Jaguaré", é o sujeito da locução verbal “fez parte". Perceba que este apenas está invertido, ou seja, posicionado depois do verbo, o que pode dificultar a sua identificação. Por isso, atente para o seguinte fato: se uma oração iniciar por verbo, significa que o seu sujeito pode estar fora da ordem direta. Nesse caso, para facilitar a concordância, posicione o termo do qual se suspeita ser o sujeito antes do verbo, que, naturalmente, a concordância entre esse elemento e o verbo ocorrerá sem obstáculos. Para finalizar, vale lembrar que todo sujeito composto, por ter mais de um núcleo, leva o verbo para o plural. Então, com correção, teríamos: posso dizer que fizeram parte do meu tempo de menino os morros e os bondes do Jaguaré


    D) Quando eu tinha dores nos rins, as mãos de minha bisavó Júlia me serviam chá de carqueja. 

    CORRETA.

    O verbo “ter" apresenta o pronome reto “eu" como sujeito, o que determina a forma do singular. Além disso, o verbo “servir-se" se corresponde em número com o sujeito “as mãos de minha bisavó Júlia", cujo núcleo “mãos" está no plural. Em ambos os casos, os verbos concordam corretamente com os seus sujeitos.


    E) Quando se encontrava na rua, as pessoas tinham o costume de se saudar dizendo “Ô, batuta!". 

    ERRADA.
    “As pessoas" é o sujeito de “encontrar-se", o que deveria levar o verbo para o plural. Fazendo a correção, teríamos: quando se encontravam na rua, as pessoas tinham o costume de se saudar dizendo “Ô, batuta!". 

    Resposta: D
  • C) fazem