Serra (1982) explicita três
concepções de Estado e de instituições que os profissionais costumam adotar e as
formas como estes atuam diante destas, são elas:
A primeira (...) é a fundada na definição de
Estado como Bem-Estar e de instituição como
Aparelho Funcional. Os profissionais adeptos
dessa posição, acreditam que têm uma prática
profissional acima dos conflitos dos grupos
sociais, em razão da sua visão ingênua de
sociedade sem classes e de sua concepção
acrítica das relações sociais. A segunda (...) é
resultante da definição de Estado como
instrumento e de instituição como Aparelho de
reprodução da força de trabalho e das relações
sociais. Os profissionais partidários dessa
concepção consideram as instituições como
aparelhos de Estado que reproduzem as relações
de dominação e estão a serviço tão somente da
classe dominante. Vêem as instituições como
bloco monolítico, sem possibilidade de sofrer
qualquer intervenção sob a ótica de
transformação das relações de poder na
sociedade. A terceira noção de prática
institucionalizada é derivada da concepção de
Estado Ampliado e de Instituição como Aparelho Contraditório. Os profissionais
adeptos dessa concepção consideram a prática
institucional dentro de uma visão ampla e
dinâmica da realidade. Admitem as instituições
como aparelhos de Estado cuja função precípua
é a execução de políticas sociais com o objetivo
principal de manter os interesses da classe
dominante. Consideram, contudo, que as
demandas dos grupos dominados como resposta
à correlação de forças dos grupos sociais. Nessa
direção, esses profissionais identificam que as
instituições ao incorporarem os interesses das
classes subalternas dão margem, neste
confronto à viabilização da transformação de
suas estruturas de poder através da luta conjunta
da clientela instituída, dos profissionais de
Serviço Social e de outros grupos institucionais,
tendo como suporte a conjuntura social,
expressa nas lutas mais amplas da sociedade.
(SERRA,1982, p.33- 35)