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ID
3129337
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Serrana - SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

       Chovia demais naquela manhã, uma chuva calma que molhava o piso de vermelhão da varanda da casa onde morávamos, naquela época já de aluguel. Uma casa velha de madeira, a varanda circundada pela mureta de alvenaria. A chuva alagando o território onde aquele que fui brincava de escorregar no piso. Depois, ao longo da infância, eu ia continuar preferindo estas brincadeiras em pisos molhados aos rios e às piscinas, sendo esta, inclusive, uma das razões de nunca ter aprendido a nadar.
       Havia umas figurinhas de decalque a água, provavelmente presente de meu pai, e comecei a molhá-las no chão e transferi-las para a parede da casa. A chuva continuava seu trabalho lá fora, e eu fazia minhas pequenas mágicas, deixando inscrita nas paredes uma mensagem qualquer.
    Não sei do que tratavam aquelas figurinhas, não me lembro nem da cor, nem da quantidade, nem da procedência, mas tudo isso não importa, o que marcou como minha primeira lembrança foi este ato primitivo de desenhar nas paredes da caverna, de deixar uma mensagem. Meus três anos não permitiam mais do que o ato vazio de tentar uma comunicação. Sozinho na varanda, a chuva a me isolar dos amigos e da família, a sensação de abandono me punha a escrever nas paredes, náufrago de um tempo lutando para estabelecer contatos.
    Quem seria este interlocutor que o menino procurava?
   Um amigo? Alguém da família? O pai sempre ausente, sempre fazendo negócios em outra cidade? As meninas que moravam na casa ao lado? Talvez todos, mas principalmente o adulto que a criança se tornaria. Essa criança queria falar comigo, por isso a imagem me ficou tão nítida na lembrança.
     Há algumas cenas da rua que não consigo descrever. Mas a rua está perdida, lembro-me de um armazém grande numa esquina, a Casa Verde, de um portão que dava para um pátio, de algumas cercas de balaústres, e só. É melhor esquecer a geografia, ela não ficou arquivada em fotos – não tínhamos o hábito de fotografar.
(Chove sobre minha infância. Record, 2014. Adaptado)

O pronome que substitui corretamente a expressão destacada e segue a colocação estabelecida pela norma-padrão está indicado entre parênteses na alternativa:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

    A) ... uma chuva calma que molhava o piso de vermelhão da varanda... (molhava-o) ? temos o pronome relativo "que" sendo fator de próclise, fator de atração, o correto é (=que o molhava).

    B) A chuva continuava seu trabalho lá fora... (continuava-lhe) ? continuava alguma coisa, pronome oblíquo átono "lhe" exercendo incorretamente a função sintática de objeto direto, o correto é "continuava-o").

    C) ... náufrago de um tempo lutando para estabelecer contatos. (estabelecer-lhes) ? estabelecer alguma coisa, novamente o pronome oblíquo átono "lhes" exercendo incorretamente a função sintática de objeto direto.

    D) ... sempre fazendo seus negócios em outra cidade? (fazendo-os) ? temos o advérbio "sempre" exercendo fator de atração, fator de próclise, o correto é "sempre os fazendo".

    E) ... não tínhamos o hábito de fotografar. (o tínhamos) ? correto, advérbio de negação "não" sendo faotr atrativo do pronome oblíquo átono "o", correto.

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  • Assertiva E

    . não tínhamos o hábito de fotografar. (o tínhamos)

  • Alternativa E

    A) ... uma chuva calma que molhava o piso de vermelhão da varanda... (molhava-o)

    • O "que" exerce a função de pronome relativo, que atrai o pronome "o" para antes do verbo (próclise)
    • O correto seria: que o molhava

    B) A chuva continuava seu trabalho lá fora... (continuava-lhe)

    • "Continuar" é verbo transitivo direto, não sendo possível o uso do pronome "lhe"
    • O correto seria: a chuva continuava-o

    C) ... náufrago de um tempo lutando para estabelecer contatos. (estabelecer-lhes)

    • "Estabelecer" é verbo transitivo direto, não sendo possível o uso do pronome "lhe"
    • O correto seria: para estabelecê-los

    D) ... sempre fazendo seus negócios em outra cidade? (fazendo-os)

    • "Sempre" é um advérbio, o que atrai o pronome para antes do verbo (próclise)
    • O correto seria: sempre os fazendo

    E) ... não tínhamos o hábito de fotografar. (o tínhamos)

    • O "não" atrai o pronome para antes do verbo (próclise)
  • D só não entra em Ênclise porque a palavra atrativa para a próclise é mais forte, no caso o advérbio Sempre

    GAB E

    APMBB