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Novos tempos, novos olhares
O individualismo tem pautado a sociedade atual em uma
posição que contraria os valores humanos, principalmente
contra a prática dos princípios eleitos por muitos como filosofia de vida, entre eles o amor, a paz, a justiça, a liberdade,
a harmonia, a honestidade, a igualdade e tantos outros. O
discurso sobre a crise dos valores repete-se periodicamente,
e todas as gerações tendem a ver nas posteriores uma
degradação e rebaixamento dos padrões. Com essa não é
diferente. O mundo moderno que sofre com o confronto entre
o conservador e o inovador, o público e o particular, ainda em
discordância, para muitos parece estar de ponta-cabeça.
Segundo Wilson Bragança, especialista em Sociologia,
Economia e Políticas Públicas, ao que parece, na nossa
sociedade, os comportamentos, as normas e o sentido global
da vida individual e comunitária não se inspiram em padrões
éticos de valores, mas sim em critérios imediatistas, consumistas, hedonistas, pragmáticos. As pessoas – afirma – preferem o imediato, o prazer sem consequências e tudo o que
for mais fácil.
O polonês Zygmunt Bauman, um dos pensadores mais
importantes e populares do fim do século 20, que cunhou a
expressão “modernidade líquida”, escreveu que as formas de
vida contemporâneas se assemelham pela vulnerabilidade e
fluidez, incapazes de manter a mesma identidade por muito
tempo, o que reforça um estado frágil e temporário nas relações sociais e nos laços humanos.
A faceta preocupante da crise de valores está no fato
de nós sermos cada vez mais incapazes de enfrentar o problema. Temos uma grande dificuldade em falar dos valores
porque se instalou entre nós a ideia de que, numa democracia, não há valores impessoais ou suprapessoais: cada um
escolhe os seus valores, um pouco como os seus gostos,
e, obviamente, todos aprendemos que os gostos não se
discutem.
“Viver numa democracia, dizem-nos, é aceitar todos os
valores, reconhecer igual direito à expressão de todos eles
e, mais do que isso, reconhecer a todos igual consideração
e respeito; mas as profundas alterações econômicas, científicas e tecnológicas não apenas estimulam o abandono dos
valores tradicionais, elas parecem ter conduzido a humanidade para um vazio deles”, afirma Bragança.
(Gisele Bortoleto. Revista Be bem-estar, 22.07.2018. Adaptado)
A relação de oposição de sentido que há entre os pares
de termos destacados na passagem – O mundo moderno
que sofre com o confronto entre o conservador e o inovador, o público e o particular … – está presente também entre os pares