"(...) A câmara clara, de 1980, Roland Barthes discorre sobre dois elementos co-presentes que ele identifica nas fotografias: o studium e o punctum. O primeiro é culturalmente percebido e gera uma interpretação da foto a partir do conhecimento prévio do Spectator (BARTHES, 1984, p.48) sobre o mundo. Por exemplo, em uma imagem fotojornalística, podemos entender seu contexto histórico por meio da análise das roupas e dos gestos dos retratados, da ambientação apresentada etc. O segundo, diferentemente, se lança sobre nós, de forma insistente.(...)"
Fonte: Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano Artigos Seção Livre Número 3. 500-515 Dezembro 2013 © 2013 by UFF
Ao expressar, ao fazer a mediação do sigo fotográfico com o mundo, Barthes sente a necessidade de nomear dicotomicamente esse mundo sígnico que advém da fotografia, que ele denominou por meio de duas palavras latinas: studium e punctum.
Studium vem do verbo studare, que é um estudo do mundo: tudo aquilo que não tem pungência, o mundo demasiadamente clicado. É o esforço por parte do fotógrafo em agradar ao gosto de alguma maneira: “ao interesse geral, cultural, civilizado, que se tem por uma foto” (Barthes, 2004, p. 42).
O punctum vem do verbo latino pungere, “picar”, “furar”, “perfurar”. Conotativamente, trata-se daquilo que é pungente, que corta, fere, sensibiliza, alfineta e amortiza. Refere-se àquelas fotos que o tocavam “[...] mais vivamente do que por seu interesse geral, por um pormenor que vem me prender, me cativar, me acordar, me surpreender, de maneira bastante enigmática” (Barthes, 2004, p. 42).
https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/61692/64581