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ID
3154807
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Barretos - SP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto para responder a questão.


      Recentemente, acabei me detendo num debate sobre o conceito de reputação. Antes a reputação era apenas boa ou ruim e, diante do risco de ter uma má reputação, muitos tentavam resgatá-la com o suicídio ou com crimes de honra. Naturalmente, todos desejavam ter uma boa reputação.

      Mas há muito tempo o conceito de reputação deu lugar ao de notoriedade.

      O que conta é ser “reconhecido” pelos próprios semelhantes, mas não no sentido do reconhecimento como estima ou prêmio, mas naquele mais banal que faz com que alguém possa dizer ao vê-lo na rua: “Olhe, é ele mesmo!”. O valor predominante é aparecer e naturalmente o meio mais seguro é a TV. E não é necessário ser um renomado economista ou um médico agraciado com o prêmio Nobel, basta confessar num programa lacrimogêneo que foi traído pelo cônjuge.

      Assim, gradualmente, foi aceita a ideia de que para aparecer de modo constante e evidente era preciso fazer coisas que antigamente só garantiam uma péssima reputação. E não é que as pessoas não almejem uma boa reputação, mas é muito difícil conquistá-la, é preciso protagonizar um ato heroico, ganhar um Nobel, e estas não são coisas ao alcance de qualquer um. Mais fácil atrair interesse, melhor ainda se for mórbido, por ter ido para a cama por dinheiro com uma pessoa famosa ou por ter sido acusado de peculato. Passaram-se décadas desde que alguém teve a vida destruída por ter sido fotografado algemado.

      O tema da perda da vergonha está presente em várias reflexões sobre os costumes contemporâneos.

      Ora, este frenesi de aparecer (e a notoriedade a qualquer custo, embora o preço seja algo que antigamente seria a marca da vergonha) nasce da perda da vergonha ou perde-se o senso de vergonha porque o valor dominante é aparecer seja como for, ainda que o preço seja cobrir-se de vergonha? Sou mais inclinado para a última hipótese. Ser visto, ser objeto de discurso é um valor tão dominante que as pessoas estão prontas a renunciar àquilo que outrora se chamava pudor (ou sentimento zeloso da própria privacidade).

      Também é sinal de falta de vergonha falar aos berros ao celular, obrigando todo mundo a tomar conhecimento das próprias questões particulares, que antigamente eram sussurradas ao ouvido. Não é que a pessoa não perceba que os outros estão ouvindo, é que inconscientemente ela quer que a ouçam, mesmo que suas histórias privadas sejam irrelevantes.

      Li que não sei qual movimento eclesiástico quer retornar à confissão pública. Claro, que graça pode ter contar as próprias vergonhas apenas para o confessor?

(Umberto Eco. Por que só a Virgem Maria? Pape satàn aleppe: Crônicas de uma sociedade líquida. Editora Record, Rio de Janeiro: 2017. Adaptado)

Considere o seguinte trecho do texto:


Não é que a pessoa não perceba que os outros estão ouvindo, é que inconscientemente ela quer que a ouçam, mesmo que suas histórias privadas sejam irrelevantes. (7° parágrafo)

A mesma relação de sentido criada pela expressão em destaque no trecho é estabelecida pelo termo destacado em:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    ? Não é que a pessoa não perceba que os outros estão ouvindo, é que inconscientemente ela quer que a ouçam, mesmo que suas histórias privadas sejam irrelevantes. (7° parágrafo)

    ? Temos, em negrito, uma conjunção subordinativa concessiva, exprime teor semântico de concessão, encontramos essa mesma ideia na letra "D"; "embora" também é uma conjunção subordinativa concessiva.

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • A- adversativa.

    B-conclusiva.

    C-final ( finalidade)

    E-explicativa.

  • Gab - D

    Conjunções Subordinadas Concessivas: embora, ainda que, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que...

  • concessiva - embora ainda que conquanto dado que posto que em que quando mesmo mesmo que por menos por pouco que apesar de que

  • GABA d)

    embora = mesmo que = APESAR DE

  • Gabarito (D)

    Conjunção subordinativa concessiva → Referem-se a uma ocorrência oposta a ocorrência da oração principal, não implicando impedimento. Ou seja, concessão passa ideia que poderia impedir o fato da oração, mas indica continuidade.

    São elas: Embora, mesmo que, ainda que, se bem que, posto que, por mais que, pesar de, mesmo quando, conquanto.

    Exemplo:

    Acompanhou a multidão, embora contra sua vontade.

    Vou correr no parque, mesmo que chova.

    Bons estudos!

  • Gab. D

    a notoriedade a qualquer custo, embora o preço seja algo que antigamente seria a marca da vergonha…

    Embora, mesmo que, ainda que, se bem que, posto que, por mais que, pesar de, mesmo quando, conquanto.

  • Letra D

    Concessivas = Introduzem uma oposição entre duas ideias, Oposição não é forte o suficiente para impedir a outra ação.

    embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por menos que, se bem que, em que pese, nem que, dado que, sem que (=embora não).

    Encontramos nossos amigos, mesmo sem os procurar.