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ID
3187207
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
TJ-AM
Ano
2019
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Caso clínico 10A2-I

Francisca, de quarenta e um anos de idade, servidora pública, apresentou, há um ano, diagnóstico de depressão, quando descobriu que sua filha, Maria, havia sido abusada sexualmente pelo pai, marido de Francisca à época. A menina, atualmente com cinco anos de idade, permaneceu um ano sem acompanhamento psicológico, embora tenha sido encaminhada pela instância policial aos serviços especializados de apoio, no momento dos fatos. A mãe decidiu, então, procurar serviço interno de psicologia, orientada por uma colega de setor, onde fez o seguinte relato: “Estou perdida e não sei o que fazer. Minha filha me pede para brincar com ela de coisas estranhas, sempre mencionando que era assim que o pai brincava com ela. Na escola, apresenta choro fácil, retraimento e baixa autoestima. Não quer ficar sozinha com ninguém, em lugar nenhum. Só fica comigo. Não tenho conseguido nem levá-la à escola. Ela não fica. Tem feito xixi na cama todas as noites. Não sei mais o que fazer. Às vezes, penso que queria desligar um botão, dormir e nunca mais acordar. Quando esses pensamentos ‘agoniam’ muito minha cabeça, tomo uns remedinhos, mas acordo com peso na consciência por ter deixado minha filha sozinha. Se um dia eu for desta para uma melhor, eu a levo comigo. O pai dela saiu de casa no dia em que descobri tudo. Ele negou, mas não tive dúvida. Havia alguma coisa estranha. Minha filha vivia com assaduras. Um dia, ao lhe dar banho, ela me perguntou se eu gostaria que ela pegasse nas minhas partes como o ‘papai pedia para ela’. Fui direto para a delegacia”.

A criança mora com a mãe — sem contato com o pai, por determinação judicial —, sob medida protetiva e apoio do programa de proteção à vítima.

Levando-se em consideração o caso clínico 10A2-I, o conceito e as temáticas da psicologia jurídica, bem como a atuação do psicólogo, julgue o item seguinte.


O relato da genitora permite concluir que Maria apresenta parafilia em razão da violência sofrida durante o banho com o pai.

Alternativas
Comentários
  • ' As parafilias são transtornos de preferência sexuais estranhas ou anormais, como o voyerismo, o exibicionismo, o sadismo, a pedofilia, entre outros. Maria ainda é uma criança e portanto não apresenta comportamento sexual. Ela foi, sim, vítima do comportamento parafílico do pai."

    Fonte: professora Ana Miranda

  • Gente, que doideira esta questão. Quem tem parafilia é o pai.

    GABARITO: ERRADO.

  • De acordo com o DSM-V, o termo parafilia representa qualquer interesse sexual intenso e persistente que não aquele  voltado para a estimulação genital ou para carícias preliminares com parceiros humanos que  consentem e apresentam fenótipo normal e maturidade física. Existem parafilias específicas que são geralmente mais  bem descritas como interesses sexuais preferenciais do que como interesses sexuais intensos.
    Algumas parafilias envolvem principalmente as atividades eróticas do indivíduo; outras  têm a ver sobretudo com seus alvos eróticos. Exemplos das primeiras incluem interesses intensos  e persistentes em espancar, chicotear, cortar, amarrar ou estrangular outra pessoa, ou um interesse por essas atividades que seja igual ou maior do que o interesse do indivíduo em copular  ou em interagir de forma equivalente com outra pessoa. Exemplos das demais incluem interesse  sexual intenso ou preferencial por crianças, cadáveres ou amputados (como classe), bem como  interesse intenso ou preferencial por animais, como cavalos ou cães, ou por objetos inanimados,  como sapatos ou artigos de borracha.
    Um transtorno parafílico é uma parafilia que está causando sofrimento ou prejuízo ao indivíduo ou uma parafilia cuja satisfação implica dano ou risco de dano pessoal a outros. Uma parafilia é condição necessária, mas não suficiente, para que se tenha um transtorno parafílico, e uma  parafilia por si só não necessariamente justifica ou requer intervenção clínica.
    No conjunto de critérios diagnósticos para cada transtorno parafílico listado, o Critério A  especifica a natureza qualitativa da parafilia (p. ex., foco erótico em crianças ou em expor a genitália a estranhos), e o Critério B especifica suas consequências negativas (i.e., sofrimento, prejuízo  ou dano a outros). Para manter a distinção entre parafilias e transtornos parafílicos, o termo  diagnóstico deve ser reservado a indivíduos que atendam aos Critérios A e B (i.e., indivíduos que  têm um transtorno parafílico). Se um indivíduo atende ao Critério A mas não ao Critério B para  determinada parafilia – circunstância esta que pode surgir quando uma parafilia benigna é descoberta durante a investigação clínica de alguma outra condição –, pode-se dizer, então, que ele  tem aquela parafilia, mas não um transtorno parafílico.
    O sistema mais amplamente aplicável para avaliar a intensidade de uma parafilia é aquele  em que as fantasias, instintos ou comportamentos sexuais parafílicos dos indivíduos examinados  são avaliados em comparação com seus interesses e comportamentos sexuais normofílicos. Em  uma entrevista clínica ou em questionários autoaplicados, pode-se perguntar aos indivíduos examinados se suas fantasias, seus instintos ou seus comportamentos sexuais parafílicos são mais  fracos, iguais ou mais fortes do que seus interesses e comportamentos sexuais normofílicos. Esse  mesmo tipo de comparação pode ser, e geralmente é, empregado em medidas psicofisiológicas  do interesse sexual, como a pletismografia peniana no sexo masculino ou o tempo de visualização em ambos os sexos.

    GABARITO: ERRADO

  • COMENTÁRIOS: As parafilias são transtornos de preferência sexuais estranhas ou anormais. Exemplos: voyerismo, exibicionismo, sadismo, pedofilia, entre outros. Maria, por ser uma criança, não tem consciência sobre comportamentos sexuais. No caso em tela, o pai apresenta parafilia.

     

    Gabarito: Errado.