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ID
3194107
Banca
FCC
Órgão
Câmara de Fortaleza - CE
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Desde aquela história de Jó contada no Antigo Testamento, Deus e o Diabo não apostavam sobre os seres humanos, com o que a eternidade já estava ficando meio monótona. O Maligno resolveu, então, provocar o Senhor: que tal uma nova aposta? Deus, na sua infinita paciência, topou.

      Dessa vez, contudo, o Diabo estava decidido a não perder. Para começar, escolheu cuidadosamente o lugar onde procuraria sua vítima: um país chamado Brasil no qual, segundo seus assessores ministeriais, a diferença entre pobres e ricos chegava ao nível da obscenidade. Os mesmos assessores tinham sugerido que se concentrasse em aposentados, pessoas que sabidamente ganham pouco.

      O Diabo pôs-se em ação. Foi-lhe fácil induzir um erro no sistema de pagamento de aposentadorias, com o qual um aposentado recebeu, de uma só vez, mais de R$ 6 milhões. E aí tanto o céu como o inferno pararam: anjos, santos e demônios, todos queriam ver o que o homem faria com o dinheiro. O Diabo, naturalmente, esperava que ele se entregasse a uma vida de deboches: festas espantosas, passeios em iates luxuosos, rios de champanhe fluindo diariamente.

      Não foi nada disto que aconteceu. Ao constatar a existência do depósito milionário, o aposentado simplesmente devolveu o dinheiro. Eu não conseguiria dormir, disse, à guisa de explicação.

      O Diabo ficou indignado com o que lhe parecia uma extrema burrice. Mas então teve a ideia de verificar o quanto o homem recebia de aposentadoria por mês: menos de R$ 600. Deu-se conta então de seu erro: a desproporção entre a quantia e os R$ 6 milhões da tentação tinha sido grande demais.

      Mas o Diabo aprendeu a lição. Pretende desafiar de novo o Senhor. Desta vez, porém, escolherá um milionário, alguém familiarizado com o excesso de grana. Ou então um pobre. Mas neste acaso fornecerá, além de muito dinheiro, um frasco de pílulas para dormir. A insônia dos justos tira o sono de qualquer diabo.

     (SCLIAR, Moacyr. O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002, p. 71-72) 

Ao constatar a existência do depósito milionário, o aposentado simplesmente devolveu o dinheiro. (4° parágrafo)

O trecho destacado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido da frase, por: 

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    ? Ao constatar a existência do depósito milionário, o aposentado simplesmente devolveu o dinheiro ? temos uma oração subordinada adverbial temporal reduzida do infinitivo, equivale a "quando constatou", "assim que constatou".

    A) Ainda que constatasse ? conjunção subordinativa concessiva, não queremos ideia de concessão.

    C) À medida que constatou ? conjunção subordinativa proporcional, expressa proporcionalidade, não é isso que queremos.

    D) Antes que constatasse ? conjunção subordinativa temporal, porém, expressa ideia de anterioridade, algo que aconteceu antes, diferente da ideia original de "simultaneidade".

    E) Assim como constatou ? conjunção subordinativa comparativa, não queremos ideia de comparação.

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Algumas estruturas clássicas das orações reduzidas são:

    AO + infinitivo = TEMPO

    A + infinitivo = CONDIÇÃO

    APESAR DE + infinitivo = CONCESSÃO

    PARA + infinitivo = FINALIDADE

    "Ao constatar" indica tempo. A única alternativa com o mesmo valor é a LETRA B (assim que constatou).

  • A FCC está cobrando nas últimas provas.

    Trata-se de desenvolver a oração reduzida, que está no infinitivo

    DICA: Acrescentar a conjunção ou pronome relativo e conjugar o verbo no contexto