SóProvas


ID
3214975
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
SES-DF
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

         Idosos órfãos de filhos vivos são os novos desvalidos do século XXI


      Nestas últimas décadas, surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, que impacta negativamente no modo de vida de toda a família. Muitos filhos adultos ficam irritados por precisarem acompanhar os pais idosos ao médico, aos laboratórios. Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo, sua incapacidade crescente de serem ágeis nos gestos e decisões.

                              Separação e responsabilidade

      Nos tempos de hoje, dentro de um espectro social muito amplo e profundo, os abandonos e as distâncias não ocupam mais do que algumas quadras ou quilômetros que podem ser vencidos em poucas horas. Nasceu uma geração de “pais órfãos de filhos”. Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira. Pais mais velhos que sustentam os netos nas escolas e pagam viagens de estudo fora do país. Pais que cedem seus créditos consignados para filhos contraírem dívidas em seus honrados nomes, que lhes antecipam herança, mas que não têm assento à vida familiar dos mais jovens, seus próprios filhos e netos, em razão – talvez, não diretamente de seu desinteresse, nem de sua falta de tempo – da crença de que seus pais se bastam.

      Este estilo de vida, nos dias comuns, que não inclui conversa amena e exclui a “presença a troco de nada, só para ficar junto”, dificulta ou, mesmo, impede o compartilhamento de valores e de interesses por parte dos membros de uma família na atualidade, resulta de uma cultura baseada na afirmação das individualidades e na política familiar focada nos mais jovens, nos que tomam decisões ego-centradas e na alta velocidade: tudo muito veloz, tudo fugaz, tudo incerto e instável. O desespero calado dos pais desvalidos, órfãos de quem lhes asseguraria conforto emocional e, quiçá material, não faz parte de uma genuína renúncia da parte destes pais, que “não querem incomodar ninguém”, uma falsa racionalidade – e é para isso que se prestam as racionalizações – que abala a saúde, a segurança pessoal, o senso de pertença. É do medo de perder o pouco que seus filhos lhes concedem em termos de atenção e presença afetuosa. O primado da “falta de tempo” torna muito difícil viver um dia a dia em que a pessoa está sujeita ao pânico de não ter com quem contar.

                   A dificuldade de reconhecer a falta que o outro faz

Do prisma dos relacionamentos afetivos e dos compromissos existenciais, todas as gerações têm medo de confessar o quanto o outro faz falta em suas vidas, como se isso fraqueza fosse. Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial, como se ninguém mais precisasse de ninguém. A família nuclear é muito ameaçadora. Para o conforto, segurança e bem-estar: um número grande de filhos não mais é bem-vindo, pais longevos não são bem tolerados e tudo isso custa muito caro, financeira, material e psicologicamente falando. Sobrevieram a solidão e o medo permanente que impregnam a cultura utilitarista, que transformou as relações humanas em transações comerciais. As pessoas se enxergam como recursos ou clientes. Pais em desespero tentam comprar o amor dos filhos e temem os ataques e abandono de clientes descontentes. Mas, carinho de filho não se compra, assim como ausência de pai e mãe não se compensa com presentes, dinheiro e silêncio sobre as dores profundas, as gerações em conflito se infringem. [...]. Diálogo? Só existe o verdadeiro diálogo entre aqueles que não comungam das mesmas crenças e valores, que são efetivamente diferentes. Conversar, trocar ideias não é dialogar. Dialogar é abrir-se para o outro. É experiência delicada e profunda de autorrevelação. Dialogar requer tempo, ambiente e clima, para que se realizem escutas autênticas e para que sejam afastadas as mútuas projeções. O que sabem, pais e filhos, sobre as noites insones de uns e de outros? 

      O que conversam eles sobre os receios, inseguranças e solidão? E sobre os novos amores? Cada geração se encerra dentro de si própria e age como se tudo estivesse certo e correto, quando isso não é verdade.

FRAIMAN, A. “Idosos órfãos de filhos vivos são os novos desvalidos do século XXI”. Disponível em <http://www.revistapazes.com/5440-2/. Acesso em 30 out. 2017. (Adaptado)

Sobre a colocação pronominal dos trechos a seguir, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    A) Em “Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”, o pronome oblíquo átono destacado poderia ser utilizado, segundo a norma gramatical, também antes do verbo “Irritam”. → incorreto, não se pode começar oração com o pronome oblíquo átono, somente a ênclise está correta.

    B) Em “[...] e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”, o pronome destacado também poderia ser colocado na ênclise do verbo organizar, uma vez que o verbo está no infinitivo e é precedido de preposição. → correto, temos um verbo no infinitivo pessoal, nesse caso a colocação pronominal é facultativa (podendo ocorrer tanto a próclise quanto a ênclise).

    C) Em “Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira.”, o pronome “se” está proclítico devido à presença do sujeito explícito “Pais órfãos”. → incorreto, a próclise ocorre devido a uma palavra atrativa (o "não" é um advérbio de negação e atrai o pronome).

    D) Em “Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial [...]”, o pronome destacado tem colocação facultativa, podendo ocorrer tanto a ênclise quanto a próclise. → incorreto, mesmo caso da letra "a".

    E) Em “As pessoas se enxergam como recursos ou clientes.”, o pronome é obrigatoriamente proclítico, o que nos permite afirmar que a próclise seria impossível nesse caso. → incorreto, temos o caso de um sujeito explícito sem qualquer palavra atrativa, nesse caso a colocação pronominal é facultativa (podendo ocorrer tanto a próclise quanto a ênclise).

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Assertiva B

    Em “[...] e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”, o pronome destacado também poderia ser colocado na ênclise do verbo organizar, uma vez que o verbo está no infinitivo e é precedido de preposição.

    "Celso cunha"

  • alguém me responda o q tem haver ser precedido de preposição????

  • eu não entendi a questão de ser colocado devido o uso da preposição, alguém poderia explicar?
  • Gabarito: B

    Com relação à dúvida acerca da preposição, segue a explicação:

    1) Quando houver preposição entre o verbo auxiliar e o infinitivo, a colocação do pronome será facultativa.

    Por exemplo: Nosso filho há de encontrar-se na escolha profissional.

    Nosso filho há de se encontrar na escolha profissional.

    2) Com a preposição "a" e o pronome oblíquo "o" (e variações) o pronome deverá ser colocado depois do infinitivo.

    Por exemplo: Voltei a cumprimentá-los pela vitória na partida.

  • Letra A – ERRADA – Não é permitido iniciar frase com pronome oblíquo.

    Letra B – CERTA –Diante de infinitivo não flexionado antecedido de preposição ou de palavra negativa, admite-se próclise ou ênclise.

    Letra C – ERRADA – O pronome está proclítico devido à presença da palavra negativa “não”.

    Letra D - ERRADA - Não é permitido iniciar frase com pronome oblíquo.

    Letra E – ERRADA – Não há restrições quanto à posição do pronome oblíquo antes ou depois do verbo. Portanto, na frase em questão, é facultativo o emprego da próclise ou da ênclise.

    Resposta: B

  • Segundo Fernando Pestana é caso facultativo:''Infinitivo não flexionado precedido de palavras atrativas ou das preposições para, em, por, sem,DE, até, a.

    Ou seja, nesse caso é válido utilizar tanto a Próclise quanto a ênclise.

  • Gab: Letra B

    Colocação Pronominal

    Casos em que a próclise é obrigatória:

    --> Pronome indefinido, demonstrativo ou relativo; (Que, Quem, Este, Aquele).

    --> Palavra negativa; (Não, Nem, Nunca).

    --> Conjunção subordinativa e

    --> Advérbio.

    Casos em que a próclise é facultativa (não há obrigatoriedade nem proibição, pode usar a próclise ou a ênclise):

    --> Substantivo;

    --> Pronome pessoal do caso reto e

    --> Conjunção coordenativa.

    --> Verbos no Infinitivo

    Casos proibidos de próclise:

    --> Depois de vírgula (iniciando a oração) e

    --> Início de oração.

    --> Após Futuros

    Ex: Dar-te-ia um presente...

    --> Após Particípio (-ado, -ido).

    Ex: Tinha-lhe emprestado um dinheiro.

    Mesóclise só com o verbo no futuro.

  • A- Em “Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”, o pronome oblíquo átono destacado poderia ser utilizado, segundo a norma gramatical, também antes do verbo “Irritam”. > Não iniciamos frases com pronome oblíquo átono

    B-Em “[...] e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”, o pronome destacado também poderia ser colocado na ênclise do verbo organizar, uma vez que o verbo está no infinitivo e é precedido de preposição. CERTO

    > O pronome poderá vir proclítico quando o infinitivo estiver precedido de preposição ou palavra atrativa.

    C-Em “Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira.”, o pronome “se” está proclítico devido à presença do sujeito explícito “Pais órfãos”. > A próclise justifica-se pela presença de palavra atrativa.

    D-Em “Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial [...]”, o pronome destacado tem colocação facultativa, podendo ocorrer tanto a ênclise quanto a próclise. > Não iniciamos frases com pronome oblíquo átono

    E- Em “As pessoas se enxergam como recursos ou clientes.”, o pronome é obrigatoriamente proclítico, o que nos permite afirmar que a próclise seria impossível nesse caso.. > No caso de sujeito explícito pode ocorrer próclise ou ênclise

  • Ficou meio sem sentido a teoria da opção E.

  • GABARITO: LETRA B

    ► O pronome oblíquo átono pode ocupar três posições em relação ao verbo com o qual se relaciona: a ênclise (depois do verbo); a próclise (antes do verbo); e a mesóclise (dentro do verbo). Por ser uma partícula átona, não inicia oração e, entre os verbos de uma locução, liga-se a um deles por hífen.

    PRONOMES ATÓNOS: - me, nos, te, vos, se, o(s), a(s), lhe(s);

    PRÓCLISE

    Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. Isso acontece quando a oração contém palavras que atraem o pronome:

    1. Palavras que expressam negação tais como “não, ninguém, nunca”:

    Não o quero aqui. / Nunca o vi assim.

    2. Pronomes relativos (que, quem, quando...), indefinidos (alguém, ninguém, tudo…) e demonstrativos (este, esse, isto…):

    Foi ela que o fez. / Alguns lhes deram maus conselhos. / Isso me lembra algo.

    3. Advérbios ou locuções adverbiais:

    Ontem me disseram que havia greve hoje. / Às vezes nos deixa falando sozinhos.

    4. Palavras que expressam desejo e também orações exclamativas:

    Oxalá me dês a boa notícia. / Deus nos dê forças.

    5. Conjunções subordinativas:

    Embora se sentisse melhor, saiu. / Conforme lhe disse, hoje vou sair mais cedo.

    6. Palavras interrogativas no início das orações:

    Quando te deram a notícia? / Quem te presenteou?

    MESÓCLISE

    Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. Isso acontece com verbos do futuro do presente ou do futuro do pretérito, a não ser que haja palavras que atraiam a próclise:

    Orgulhar-me-ei dos meus alunos. (verbo orgulhar no futuro do presente: orgulharei);

    Orgulhar-me-ia dos meus alunos. (verbo orgulhar no futuro do pretérito: orgulharia).

    ÊNCLISE

    Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. Isso acontece quando a oração contém palavras que atraem esse tipo de colocação pronominal:

    1. Verbos no imperativo afirmativo:

    Depois de terminar, chamem-nos. / Para começar, joguem-lhes a bola!

    2. Verbos no infinitivo impessoal:

    Gostaria de pentear-te a minha maneira. / O seu maior sonho é casar-se.

    3. Verbos no início das orações:

    Fiz-lhe a pessoa mais feliz do mundo. / Surpreendi-me com o café da manhã.

    TODA MATÉRIA.

  • A )Em “Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”, o pronome oblíquo átono destacado poderia ser utilizado, segundo a norma gramatical, também antes do verbo “Irritam”.

     

    Errado – nunca inicia a  frase com ME – TE – LHE , NO(S)

     

    B )Em “[...] e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”, o pronome destacado também poderia ser colocado na ênclise do verbo organizar, uma vez que o verbo está no infinitivo e é precedido de preposição.

     

    Certo - Caso especiais “após infinitivo estará sempre certo o uso do pronome obliquo ao, mesmo aparecendo palavras atrativas antes do verbo.

     

     

    C )Em “Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira.”, o pronome “se” está proclítico devido à presença do sujeito explícito “Pais órfãos”.

     

    Errada - casos de próclise palavra com sentido negativo

     

    D )Em “Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial [...]”, o pronome destacado tem colocação facultativa, podendo ocorrer tanto a

    ênclise quanto a próclise.

     

    Errado – ênclise é obrigatória – nunca inicia a  frase com ME – TE – LHE , NO(S)

     

     

    E )Em “As pessoas se enxergam como recursos ou clientes.”, o pronome é obrigatoriamente proclítico, o que nos permite afirmar que a próclise seria impossível nesse caso.

     

    Errada – Facultativa em próclise

  • A questão exige conhecimento de colocação pronominal e quer saber qual assertiva traz uma afirmação correta quanto ao seu uso. Vejamos o conceito:

    Os pronomes pessoais oblíquos átonos me, te, se, lhe(s), o(s). a(s), nos e vos podem estar em três posições ao verbo ao qual se ligam.

    Próclise é antes do verbo⇾ Nada me faz tão bem quanto passar em concurso.

    Mesóclise é no meio do verbo⇾ Abraçar-lhe-ei…

    Ênclise é após o verbo⇾ Falaram-me que você está muito bem.

    Após vermos o conceito e os exemplos, iremos analisar cada assertiva. Analisemos:

    a) Incorreta.

    Em “Irritam-se pelo seu andar mais lento e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”.

    O pronome oblíquo destacado somente pode ser colocado em posição de ênclise, porque não se começa período em próclise.

    b) Correta.

    Em “[...] e suas dificuldades de se organizar no tempo [...]”.

    O verbo no infinitivo precedido de preposição “de, em, para, por, sem, de, até, a” faz o pronome oblíquo poder ficar em próclise ou ênclise.

    c) Incorreta.

    Em “Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda financeira.”.

    O pronome oblíquo destacado está em próclise, porque a palavra "não" é de negatividade e atrai o pronome para essa posição.

    d) Incorreta.

    Em “Montou-se, coletivamente, uma enorme e terrível armadilha existencial [...]”.

    O pronome oblíquo destacado somente pode ser colocado em posição de ênclise, porque não se começa período em próclise.

    e) Incorreta.

    Em “As pessoas se enxergam como recursos ou clientes.”.

    O pronome oblíquo, neste caso, poderia ficar tanto em próclise quanto em ênclise, pois possui sujeito expresso (as pessoas) e isso é motivo de facultar a posição do pronome oblíquo.

    Gabarito do monitor: B