SóProvas


ID
3248542
Banca
SELECON
Órgão
Prefeitura de Cuiabá - MT
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Onde se encontra a força de um texto?

“De onde vem a força de um texto? Da autoridade de quem faz uso da palavra? Ou será que quem tem força é a própria palavra?”. Eis aqui a reprodução mais literal possível – tanto quanto me permite minha memória – da pergunta que me chamou a atenção, certa vez, em uma aula de língua portuguesa no ensino médio. A pergunta se dirigia a uma aluna que havia feito uma exposição oral sobre tema constante do programa e era formulada em um tom benevolente pelo professor – algo do tipo “sei que esta é uma pergunta difícil, mas não me importarei se você não tiver no momento uma resposta definitiva e preferir continuar pensando nela...”. Contrariamente à expectativa do professor, a aluna optou por responder imediatamente, escolhendo uma das duas opções que lhe eram oferecidas. Talvez houvesse pressentido que, fosse qual fosse sua resposta, esta seria aceita por seu arguidor.

Na verdade, a pergunta soava bastante infantil. “Quem tem a força?” é algo que me faz imediatamente pensar em um personagem de desenho animado da televisão dos anos 1980 que, na hora de deixar sua identidade mundana e transformar-se em super-herói, dizia, empunhando sua espada mágica, em tom destemido: “Eu tenho a força!”. Sim, é ele mesmo: He-Man! Que as novas gerações me perdoem o anacronismo do exemplo, mas, se o mantenho, é porque hoje, em tempos de YouTube, nada está definitivamente fora do alcance dos (mais) jovens! De fato, um rápido passeio pela internet permitirá que se conheçam os efeitos prodigiosos dessa força que se manifesta com o protagonista da série, o príncipe Adam, capaz, dentre outras coisas, de executar todo tipo de acrobacias, destruindo um diamante com apenas uma das mãos ou transformando o tímido Pacato – felino de sua propriedade – no terrível Gato Guerreiro.

Se não me falha a memória, a aluna disse que a força estava na palavra. Bem, tanto faz a resposta dada: quer tenha escolhido uma ou outra opção, na realidade nada ainda terá sido dito que esclareça esse tipo de mistério. Ou, pelo menos, nada de verdadeiramente importante, posto que ambas as respostas são extremamente simplistas e, por isso, inadequadas. Porque a força não pertence nem ao sujeito, nem à palavra. Porque a força não é propriedade de nada, nem de ninguém...

A escolha feita pela aluna na ocasião talvez tenha sido motivada pela ilusão de que a “resposta certa” estaria numa das opções apresentadas, e somente numa delas. Nesse caso, considerando que só mesmo um super-herói como He-Man poderia ter incondicionalmente a força – nós, simples mortais, não seríamos capazes de tanto! –, não lhe restava outra saída senão localizar a força na própria palavra.

A hipótese que faço tenta justificar a resposta dada, mas que ela não convence, isso certamente não! Talvez mais sensato fosse lembrar que a palavra, em situações como as vivenciadas no texto do He-Man, anuncia uma transformação no mundo que certamente não decorre de quaisquer “poderes inerentes” ao enunciado proferido, ou de pretensas “qualidades excepcionais” daquele que o emite, mas da simultaneidade de uma série de fatores: somente aquele personagem, em situações reais de perigo, empunhando aquela exata espada mágica, poderia produzir um novo mundo no qual ele seria o herói capaz de interromper a tempo as ardilosas investidas de um inimigo, etc. Fosse qualquer outro personagem fazer o mesmo e talvez nada acontecesse; ou então, caso o personagem tivesse vontade de proferir o refrão “Eu tenho a força!” na ausência de um perigo iminente, seguramente nada aconteceria. Qualquer criança conhecedora dos mistérios do Castelo de Grayskull – objeto dos cuidados de nosso herói – saberia disso. Saberia que o poder não pertence ao He-Man, uma vez que o próprio He-Man já é um dos efeitos do que se costuma chamar de dimensão performativa da palavra: falo e, por força do que digo, estando reunidas determinadas condições, algo se modifica no mundo à minha volta. E eis que, desse modo, Adam se transforma em He-Man!

Isso que estou chamando de dimensão performativa da palavra pode parecer complicado, mas, na realidade, é até bastante simples: trata-se de ações que se realizam pelo simples fato de serem formuladas verbalmente. Um exemplo: como é que você se desculpa com alguém por alguma falha cometida? Simplesmente dizendo “Me desculpe”. Eis aí um performativo: ao enunciar a ação, você já a está praticando. Ou, se preferir, ao dizer “me desculpe”, você já está se desculpando. É exatamente o mesmo caso das sentenças proferidas pelos juízes, quando dizem “Eu o declaro inocente” ou “Eu o declaro culpado”. Esses enunciados produzem uma verdadeira revolução no mundo daquele que se transformará, dependendo do veredito, em homem livre ou em prisioneiro sentenciado à reclusão.

Décio Rocha

(Disponível em: revista.vestibular.uerj.br Acesso em 31/10/2019)

A palavra que tem uma das vogais em hiato acentuada é:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    ? juízes (=JU-Í-ZES ? acentuado devido à regra dos hiatos, "i" tônico formando hiato com a vogal anterior).

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Lembrar que a palavra ''juiz'', ao contrário de juízes, não é acentuada.

  • Gabarito: C

    Ju - í - zes - regra do hiato.

  • Gabarito: C

    Difícil = paroxítona terminada em L.

    Série = paroxítona terminada em ditongo.

  • Questão dessa em um prova de professor de português... Ai Chega na prova da Guarda M. eles descem lenha.

  • Gabarito: LETRA C

    ju-í-zes - Regra do Hiato: Acentuam-se o “i” ou “u” tônico SOZINHO na sílaba (ou com s).

    OBS: Não se acentuam hiatos com vogais repetidas. EXEMPLO: leem, enjoo, etc.

  • Gab C

    série - Paroxítona terminada em ditongo.

    super-herói - Paroxítona terminada em ditongo

    juízes - Hiato

    difícil - Paroxítona terminada em L

  • GABARITO: letra C

    A) Paroxítona terminada em ditongo crescente;

    B) Oxítona (regra do ditongos abertos EU, EI e OI);

    C) REGRA DO HIATO: acentuam-se as vogais I e U quando forem a segunda vogal de um ditongo;

    • Exemplo: Ju - í - zes.

    D) Paroxítona termina em L.

  • Lembremos o que diz a regra do hiato: acentuam-se o I e o U tônicos que formam hiato com vogal anterior, quando sozinhos formando sílaba ou acompanhados de S, desde que, na sílaba seguinte, não haja dígrafo NH.

    É o que ocorre na letra C, com a palavra "juízes".

    Na letra A, a palavra "série" foi acentuada por ser paroxítona terminada em ditongo.

    Na letra B, a palavra "herói" foi acentuada pela regra do ditongo aberto.

    Na letra D, a palavra "difícil" foi acentuada por ser paroxítona terminada em L.