SóProvas


ID
3250570
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de São Paulo - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Cartas de Amor

         Eu era aluno do Júlio de Castilhos e estudava à tarde (as manhãs, naquela época, estavam reservadas às turmas femininas). Um dia cheguei para a aula, coloquei meus livros na carteira e ali estava, bem no fundo, um papel cuidadosamente dobrado. Era uma carta; dirigida não a mim, mas “ao colega da tarde”. E era uma carta de amor. De amor, não; de paixão. Paixão incontida, transbordante, a carta de uma alma sequiosa de afeto,_______________ o jovem escritor não teve a menor dificuldade de enviar a resposta.

       Iniciou-se, assim, uma correspondência que se prolongou pelo ano letivo, não se interrompendo nem com as provas, nem com as férias de julho. À medida que o ano ia chegando a seu fim, os arroubos epistolares iam crescendo. Cheguei à conclusão de que precisava conhecer minha correspondente, aquela bela da manhã que me encantava com suas frases.

       Mas… Seria realmente bela? A julgar pela letra, sim; eu até a imaginava como uma moça esguia, morena, de belos olhos verdes. Contudo, nem mesmo os grandes especialistas em grafologia estão imunes ao erro, e um engano poderia ser trágico. Além disto, eu já tinha uma namorada que não escrevia, mas era igualmente apaixonada.

       Optei, portanto, pelo mistério, pelo “nunca vi, sempre te amei”. A minha história de amor continuou somente na fantasia. Que é o melhor lugar para as grandes histórias de amor.

(Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme

enquanto eu não chegar, 1996. Adaptado)

Vocabulário:

Arroubos: impulsos

Epistolares: relativos à carta

Grafologia: estudo das formas das letras

Nas passagens “Eu era aluno do Júlio de Castilhos e estudava à tarde…” e “… e um engano poderia ser trágico.”, as formas verbais em destaque expressam, respectivamente,

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA D

    ? ?Eu era aluno do Júlio de Castilhos e estudava à tarde?? e ?? e um engano poderia ser trágico.?

    ? "estudava" (=1ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do indicativo, refere-se a um fato ocorrido no passado, mas que não foi completamente terminado. Expressando, assim, uma ideia de continuidade e de duração no tempo);

    ? "poderia" (=1ª pessoa do singular do futuro do pretérito do indicativo, refere-se a um fato que poderia ter acontecido posteriormente a uma situação passada, marca uma ideia de incerteza, hipótese, dúvida).

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