SóProvas


ID
3250573
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de São Paulo - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Cartas de Amor

         Eu era aluno do Júlio de Castilhos e estudava à tarde (as manhãs, naquela época, estavam reservadas às turmas femininas). Um dia cheguei para a aula, coloquei meus livros na carteira e ali estava, bem no fundo, um papel cuidadosamente dobrado. Era uma carta; dirigida não a mim, mas “ao colega da tarde”. E era uma carta de amor. De amor, não; de paixão. Paixão incontida, transbordante, a carta de uma alma sequiosa de afeto,_______________ o jovem escritor não teve a menor dificuldade de enviar a resposta.

       Iniciou-se, assim, uma correspondência que se prolongou pelo ano letivo, não se interrompendo nem com as provas, nem com as férias de julho. À medida que o ano ia chegando a seu fim, os arroubos epistolares iam crescendo. Cheguei à conclusão de que precisava conhecer minha correspondente, aquela bela da manhã que me encantava com suas frases.

       Mas… Seria realmente bela? A julgar pela letra, sim; eu até a imaginava como uma moça esguia, morena, de belos olhos verdes. Contudo, nem mesmo os grandes especialistas em grafologia estão imunes ao erro, e um engano poderia ser trágico. Além disto, eu já tinha uma namorada que não escrevia, mas era igualmente apaixonada.

       Optei, portanto, pelo mistério, pelo “nunca vi, sempre te amei”. A minha história de amor continuou somente na fantasia. Que é o melhor lugar para as grandes histórias de amor.

(Moacyr Scliar. Minha mãe não dorme

enquanto eu não chegar, 1996. Adaptado)

Vocabulário:

Arroubos: impulsos

Epistolares: relativos à carta

Grafologia: estudo das formas das letras

Assinale a alternativa em que o trecho reescrito está correto quanto à regência, de acordo com a norma-padrão, e aos sentidos do texto.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    A) Cheguei à conclusão de que precisava conhecer? = Tive certeza que precisava conhecer ? tive certeza DE alguma coisa (=substantivo "certeza" pedindo um complemento preposicionado, um complemento nominal); de que precisava conhecer (=oração subordinada substantiva completiva nominal).

    B) ? eu até a imaginava como uma moça esguia? = ? eu até pensava nela como uma moça esguia

    C) Um dia cheguei para a aula? = Um dia fui na aula ? quem vai, vai a algum lugar e não "em" algum lugar, preposição "a" + artigo definido "a" que acompanha o substantivo "aula" (=crase ? à aula).

    D) Iniciou-se, assim, uma correspondência? = Principiou-se, assim, de uma correspondência ? incorreto, temos uma voz passiva sintética e nenhum termo rege a preposição usada antes do sujeito paciente; principiou-se uma correspondência/uma correspondência foi principiada.

    E) Optei, portanto, pelo mistério? = Decidi, portanto, sob o mistério ? quem decide, decide algo, preposição "sob" usada incorretamente.

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