- ID
- 3264466
- Banca
- FEPESE
- Órgão
- Prefeitura de Bombinhas - SC
- Ano
- 2019
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
O caminho ambiental possível entre alarmistas e
céticos
Trecho de entrevista de Cláudio Motta com o professor
José Eli da Veiga, autor do livro A desgovernança mundial da sustentabilidade, publicado em 2013.
Como enfrentar as mudanças climáticas?
O livro é mais ponderado do que a opinião de muita gente. Tento explicar as principais questões do clima, que é o principal problema, com certeza, mas também abordo aspectos da biodiversidade e do excesso de nitrogênio nos oceanos.
O senhor é otimista?
O otimista normalmente é o pessimista mal-informado. O problema é o grau de ceticismo. No fundo,
há três posições que vemos na literatura. O otimista
acredita que as pessoas bem-informadas vão começar
a cuidar do planeta porque teriam mais consciência
ecológica. No extremo oposto, tem gente que diz que
ocorrerão desastres e não dará tempo de reverter esse
quadro porque, infelizmente, a Humanidade não tem
propensão ao desenvolvimento sustentável. E, no
meio termo, há gente que diz que, pelo andar da carruagem, vai ser complicado. Provavelmente, só depois
de uma crise séria as pessoas vão acordar.
O que deverá acontecer com o clima?
Sobre isso ninguém pode ter certeza, nem para um
lado, nem para outro. A ciência não permite que se
afirme que estamos no caminho do precipício nem
que, com certeza, vai surgir uma inovação tecnológica
capaz de resolver os nossos problemas.
Como lidar com o aquecimento global?
Não é fácil. Muito em parte porque a ciência, em geral,
não manda para os decisores políticos a mensagem
que normalmente as pessoas precisam receber: se não
fizer tal coisa, acontecerá isto. Os relatórios do IPCC
(Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), que revisa periodicamente os estudos científicos,
dizem que, se o CO2 chegar a determinado nível,
medido em partes por milhão, haverá uma probabilidade entre 30% e 50% de que aconteça algo com a
temperatura. Hoje, existe um consenso de que não
seria bom que o aquecimento ultrapassasse os dois
graus, na média. Mas, e se passar, quais serão as consequências? Aí é muito mais difícil dizer o que pode
acontecer. Assim, os decisores políticos não têm como
tomar as medidas necessárias.
Por outro lado, no caso do buraco na camada de
ozônio, houve uma decisão global para enfrentar o
problema. Como isto foi possível no passado?
A questão colocada era muito bem resolvida: se não
houvesse uma mudança, todos os seus filhos teriam
câncer de pele. As populações, principalmente do
Hemisfério Norte, ficaram apavoradas com esta possibilidade. Isso é bem diferente de dizer que o mar vai
subir alguns centímetros neste século, caso a temperatura fique dois graus mais elevada. A percepção da
opinião pública passa a ser outra. Consequentemente,
a maneira como os políticos são pressionados pela
população, também.
Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/revista-amanha/o-caminho-ambiental-possivel-entre-alarmistas-ceticos-8651393. Acesso em 14/ago/2019. Adaptado.
Analise as frases abaixo:
- O livro é mais ponderado do que a opinião de muita gente. (1ª resposta)
- O problema é o grau de ceticismo. (2ªa resposta)
- […] a Humanidade não tem propensão ao desenvolvimento sustentável. (2ª resposta)
- Hoje, existe um consenso de que não seria bom que o aquecimento ultrapassasse os dois graus, na média. (4ª resposta)
Assinale a alternativa que apresenta a sequência que
substitui, na mesma ordem e sem prejuízo de significado, as palavras sublinhadas.