SóProvas


ID
3294346
Banca
AOCP
Órgão
SUSIPE-PA
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A importância da linguagem

     Na abertura da sua obra Política, Aristóteles afirma que somente o homem é um “animal político”, isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Os outros animais, escreve Aristóteles, possuem voz (phone) e com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra (logos) e, com ela, exprime o bom e o mau, o justo e o injusto. Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política e, dela, somente os homens são capazes.

     Segue a mesma linha o raciocínio de Rousseau no primeiro capítulo do Ensaio sobre a origem das línguas:

     A palavra distingue os homens dos animais; a linguagem distingue as nações entre si. Não se sabe de onde é um homem antes que ele tenha falado.

     Escrevendo sobre a teoria da linguagem, o linguista Hjelmslev afirma que “a linguagem é inseparável do homem, segue-o em todos os seus atos”, sendo “o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base mais profunda da sociedade humana.” Prosseguindo em sua apreciação sobre a importância da linguagem, Rousseau considera que a linguagem nasce de uma profunda necessidade de comunicação: Desde que um homem foi reconhecido por outro como um ser sensível, pensante e semelhante a si próprio, o desejo e a necessidade de comunicar-lhe seus sentimentos e pensamentos fizeram-no buscar meios para isso.

     Gestos e vozes, na busca da expressão e da comunicação, fizeram surgir a linguagem.

     Por seu turno, Hjelmslev afirma que a linguagem é “o recurso último e indispensável do homem, seu refúgio nas horas solitárias em que o espírito luta contra a existência, e quando o conflito se resolve no monólogo do poeta e na meditação do pensador.” 

    A linguagem, diz ele, está sempre à nossa volta, sempre pronta a envolver nossos pensamentos e sentimentos, acompanhando-nos em toda a nossa vida. Ela não é um simples acompanhamento do pensamento, “mas sim um fio profundamente tecido na trama do pensamento”, é “o tesouro da memória e a consciência vigilante transmitida de geração a geração”.

     A linguagem é, assim, a forma propriamente humana da comunicação, da relação com o mundo e com os outros, da vida social e política, do pensamento e das artes.

     No entanto, no diálogo Fedro, Platão dizia que a linguagem é um pharmakon. Esta palavra grega, que em português se traduz por poção, possui três sentidos principais: remédio, veneno e cosmético.

     Ou seja, Platão considerava que a linguagem pode ser um medicamento ou um remédio para o conhecimento, pois, pelo diálogo e pela comunicação, conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros. Pode, porém, ser um veneno quando, pela sedução das palavras, nos faz aceitar, fascinados, o que vimos ou lemos, sem que indaguemos se tais palavras são verdadeiras ou falsas. Enfim, a linguagem pode ser cosmético, maquiagem ou máscara para dissimular ou ocultar a verdade sob as palavras. A linguagem pode ser conhecimento-comunicação, mas também pode ser encantamento-sedução.

O fragmento acima foi extraído do livro Convite à Filosofia de Marilena Chauí. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática,2000.

Assinale a alternativa INCORRETA.

Alternativas
Comentários
  • A)Em “(...) pelo diálogo e pela comunicação, conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros.”, o sujeito das orações em destaque é indeterminado.

    Errado, temos um sujeito oculto(NOS).

    GABARITO. A

  • Gabarito A

    Alternativa pede a incorreta.

    A) Em “(...) pelo diálogo e pela comunicação, conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros.”, o sujeito das orações em destaque é indeterminado.

    ⇢ Temos um sujeito desinencial (nos) conseguimos.

  • GABARITO: LETRA A

    ? Queremos a alternativa incorreta:

    ? Em ?(...) pelo diálogo e pela comunicação, conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros.?, o sujeito das orações em destaque é indeterminado.

    ? O sujeito é oculto/desinencial/elíptico; 1ª pessoa do plural (nós).

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Letra A – ERRADA – A forma verbal “conseguimos” deixa claro que o sujeito é representado pelo pronome reto “nós”

    Letra B – CERTA – De fato! O sujeito da forma verbal “Segue” é “o raciocínio de Rousseau”.

    Letra C – CERTA – De fato! O sujeito da forma verbal “fizeram” é “Gestos e vozes”.

    Letra D – CERTA – O sujeito da forma verbal “é” é representado por “a linguagem”, assim como o sujeito da forma verbal “segue”. Nesta última oração, o sujeito está oculto. 

    Letra E – CERTA – Exato! Os núcleos do sujeito composto são “desejo” e “necessidade”.

    Resposta: A

  • Alguém pode me explicar porque a B está errada?

  • Sujeito oculto ou elíptico estão implícitos nas desinências verbais. 

    Os verbo desse tipo de sujeito esta sempre na 1° ou 2° pessoas singular ou plural, desde que os pronomes não estejam explícitos, caso contrario teremos sujeito simples.

    Exemplos:

    Iremos à feira juntos? (= nós iremos) - sujeito implícito na desinência verbal mos 

    Cantais bem! (= vós cantais)- sujeito implícito desinência verbal ais 

    Mas: 

    Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós 

    Vós cantais bem! = sujeito simples: vós

    O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se pode - identificar a que o predicado da oração refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso contrario, teríamos uma oração sem sujeito. 

    ✨Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indeterminado de duas maneiras:

    1- com verbo na terceira pessoa do plural desde que sujeito não tenha sido identificado anteriormente.

    Bateram à porta,

    Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.

    ✨**Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples ou composto

    Os meninos bateram à porta (simples)

    Os meninos e as meninas bateram a porta. (composto)

    2-) com o verbo na terceira pessoa do singular acrescido do pronome "se". Esta e uma construção típica dos verbos que não apresentam complemento direto :

    Precisa-se de mentes criativas.

    Vivia-se bem naqueles tempos. 

    Trata-se de casos delicados

    Sempre se esta sujeito a erros.

    ✨O pronome "se" nestes casos, funciona como índice de Indeterminação do sujeito.

  • Sobre a letra B:

    na analise sintática sempre procuramos primeiro o verbo.

    Nesse caso o verbo é "Segue";

    Depois procuramos o sujeito fazendo a pergunta para o verbo: quem segue?

    R= o raciocínio de Rousseau. (fica mais fácil de perceber quando invertemos a frase -> "O raciocínio de Rousseau segue a mesma linha.

    E o que sobra é predicado

  • #PPMG

  • GABARITO: LETRA A

    Bizú: Incorreta

    A) Em “(...) pelo diálogo e pela comunicação, conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros.”, o sujeito das orações em destaque é indeterminado.

    Errado: composto "dialogo e comunicação"

    D) Em “(...) a linguagem é inseparável do homem, segue-o em todos os seus atos (...)”, tem-se o mesmo sujeito para duas orações.

    Sujeito: a linguagem

    No segundo o sujeito e oculto: pronome ela

    Discordo da banca, deveria ser anulado o item, sujeitos diferentes. Se colocasse o mesmo referencial estaria correto.

    "Se não puder se destacar pelo talento, vença pelo esforço"

    Insta: @bizú.concurseiro