SóProvas


ID
3307072
Banca
IBFC
Órgão
Câmara de Feira de Santana - BA
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto

                                                   Estátuas

                                      (Luis Fernando Veríssimo)


      Há uma estátua do Carlos Drummond de Andrade sentado num banco da praia de Copacabana, uma estátua do Fernando Pessoa sentado em frente ao café “A Brasileira” em Lisboa, uma estátua do Mario Quintana sentado num banco da Praça da Alfandega de Porto Alegre. Salvo um cataclismo inimaginável, as três estátuas jamais se encontrarão. Mas, e se se encontrassem?

      - Uma estátua é um equívoco em bronze – diria o Mario Quintana, para começar a conversa.

      - Do que nos adianta sermos eternos, mas imóveis? – diria Drummond.

      Pessoa faria “sim” com a cabeça, se pudesse mexê-la. E acrescentaria:

      - Pior é ser este corpo duro sentado num lugar duro. Eu trocaria a eternidade por uma almofada.

      - Pior são as câimbras – diria Drummond.

      - Pior são os passarinhos – diria Quintana.

      - Fizeram estátuas justamente do que menos interessa em nós: nossos corpos mortais.

      - Justamente do nosso exterior. Do que escondia a poesia.

      - Do que muitas vezes atrapalhava a poesia.

      - Espera lá, espera lá – diz Drummond. – Minha poesia também vinha do corpo. Minha cara de padre era um disfarce para a sensualidade. Minha poesia dependia do corpo e dos seus sentidos. E o sentido que mais me faz falta, aqui em bronze, é o do tato. Eu daria a eternidade para ter de volta a sensação na ponta dos meus dedos. Pessoa:

      - O corpo nunca ajudou minha poesia. Eu e meus heterônimos habitávamos o mesmo corpo, com a sua cara de professor de geografa, mas não nos envolvíamos com ele. Nossa poesia era à revelia dele. E fizeram a estátua do professor de geografa. Quintana:

      - Pra mim, o corpo não era nem inspiração nem receptáculo. Acho que já era minha estátua, esperando para se livrar de mim.

***

      - Pessoa – diria Drummond -, estamos há meia hora com você na mesa do Chiado, e você não nos ofereceu nem um cafezinho.

      - Não posso – responderia Pessoa. – Não consigo chamar o garçom. Não consigo me mexer. Muito menos estalar os dedos.

      - Nós também não...

      - Não posso reagir quando sentam à minha volta para serem fotografados, ou retribuir quando me abraçam, ou espantar as crianças que me chutam, ou protestar quando um turista diz “Olha o Eça de Queiroz”...

      - Em Copacabana é pior – diria Drummond. – Fico de costas para a praia, só ouvindo o ruído do mar e o tintilar das mulheres, sem poder me virar...

      - Pior, pior mesmo – diria Quintana – é estar cheio de poemas ainda não escritos e não poder escrevê-los, nem em cima da perna.

      Os três concordam: o pior é serem poetas eternos, monumentos de bronze à prova de agressões do tempo, fora poluição e vandalismo – e não poderem escrever nem sobre isto. As estátuas de poeta são sucata de poesia.

      E ficaram os três, desolados e em silêncio, até um turista apontá-los para a mulher e dizer:

      - O do meio eu não sei mas os outros dois são o Carlos Gardel e o José Saramago. 

“- Fizeram estátuas justamente do que menos interessa em nós: nossos corpos mortais.” (8º§)


Quanto à classificação sintática do sujeito da primeira oração, é correto afirmar que se trata de um sujeito:

Alternativas
Comentários
  • “- Fizeram estátuas justamente do que menos interessa em nós: nossos corpos mortais.” (8º§)

    O verbo fazer está conjugado na terceira pessoa do plural sem referente expresso, logo temos um sujeito indeterminado.

    GABARITO. B

  • Gabarito B

    “- Fizeram estátuas justamente do que menos interessa em nós: nossos corpos mortais.” (8º§)

    "fizeram" ⇢ Verbo na 3 a pessoa do plural sem sujeito explícito. (sujeito indeterminado)

  • GABARITO: LETRA B

    ? ?- Fizeram estátuas justamente do que menos interessa em nós: nossos corpos mortais.? (8º§)

    ? 3ª pessoa do plural (eles); quem fez? Eu não sei determinar (=sujeito indeterminado).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Note que a forma verbal “Fizeram” está na 3ª pessoa do plural e não é possível identificar o agente da ação verbal “fazer”.

    Trata-se, dessa forma, de um sujeito indeterminado.

    Resposta: B

  • QUEM QUE FIZERAM ??? ELES! ELES QUEM? NÃO SEI ! ENTÃO, NÃO SEI QUEM É O AUTOR DA AÇÃO =

    SUJEITO INDETERMINADO.

  • A questão deveria ter mencionado "ultima oração" e não primeira, mal formulada, por isso errei

  • A professora do Qconcursos de Português explica muito bem:

    Tem três tipos de sujeitos determinado:

    a) simples: 1 núcleo

    b) composto: 2 ou + núcleos

    c) oculto: um pronome com função de sujeito está oculto na oração

    Existe o sujeito indeterminado:

    a) quando o verbo está na terceira pessoa do plural (isso serve para qualquer verbo)

    Gritaram no corredor (não sabemos quem gritou de fato)

    Telefonaram para você (não se sabe quem ligou)

    Fizeram estátuas... (não sabemos quem fez )

  • para vc que confundiu com sujeito oculto.. cuidado!

    alguns colegas que é somente o fato de o verbo estar na 3ª , mas não é só este fator!

    1º No sujeito oculto/desinencial ou elíptico não temos um termo expresso , mas ele pode ser retomado pelo contexto.

    perceba:

    Os alunos vieram cedo e falaram mal do professor.

    comemos todo o tempero.

    Diferente do que acontece quando o sujeito é inexistente..

    nesse caso o verbo até pode aparecer na 3ª pessoa , mas não vai ser determinado pelo contexto.

    também pode aparecer com um caso de índice de indeterminação do sujeito= VTI + SE=

    Precisa-se de médicos.

    Sucesso, Bons estudos, Nãodesista!

  • que oração eles pediram ? não seria ja no inicio do texto com o verbo haver? há uma ...

    eu não entendi foi NADA!

  • “- Fizeram estátuas justamente do que menos interessa em nós: nossos corpos mortais.” (3° pessoa plural sem um referente textual) = Não identificável = Indeterminado

  • sujeito indeterminado: o verbo é posto na 3° pessoa, gerando um desconhecimento.