A defesa da continuidade de Vargas pelos queremistas ocorria não somente pelas evidentes melhorias de vida obtidas pelo povo a partir de 1930, mas também pela valorização da imagem do trabalhador durante o seu governo. Para resumir, pode-se dizer que o queremismo era guiado por duas ideias: o trabalhismo, projeto político que estabeleceu novas relações entre Estado e a classe trabalhadora ao intervir na questão social do país, e o getulismo, isto é, a exaltação do presidente que promovera esta transformação.
O queremismo chegou a defender a “Constituinte com Getúlio”, ou seja, a continuidade da transição para a democracia, porém mantendo Vargas no poder. Para a oposição udenista, Vargas arquitetava mais um golpe para se perpetuar na presidência ao permitir – e contribuir – para o crescimento do queremismo. Visando manter sua influência entre as classes populares, Vargas também acompanhou de perto a criação de uma segunda legenda política, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), composto por lideranças sindicais e funcionários do Ministério do Trabalho, além de políticos e empresários ligados a ele.
No início de outubro de 1945, uma grande manifestação queremista foi vetada pelo chefe de polícia do Distrito Federal, o que levou Vargas a substituí-lo pelo seu irmão, Benjamin Vargas. Diante disso, o ministro da Guerra, general Góis Monteiro, resolveu agir com outros militares, que pressionaram Vargas a abandonar o poder, em 29 de outubro. Coube ao presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, ocupar o cargo até passar o poder para presidente-eleito em dezembro do mesmo ano.