SóProvas


ID
3322984
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
Prefeitura de Uberaba - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.


O homem que sabe


Para Anatol Rosenfeld, a concretização de muitas ideias kantianas apenas esboçadas coube a Schiller, especialmente no domínio da estética.

O homem, pensa Friedrich Schiller, é determinado pelas forças da natureza e, na grande maioria das vezes, perde para ela. A única liberdade humana consiste em não se deixar escravizar, o que implica exercer o senso moral por meio da linguagem e do pensamento. A capacidade humana de criar valores representa o domínio próprio do homem; eles são o modo humano de se contrapor à natureza, por isso não derivam da necessidade, mas da liberdade. É por “claro saber e livre decisão” que o homem troca o estatuto de independência, no estado natural, pelo do contrato, no estado moral.

No entanto, esta contraposição entre a natureza de um lado e o homem de outro se compõe com um combate que pode aniquilar o homem, porque gera uma luta sem fim. Somente o senso estético, ele diz, como um terceiro caráter, pode fazer a ponte entre estes dois domínios; é ele que desfaz esta polaridade, porque aproxima o que a razão afasta. Se a razão teórica precisa decompor, separar, o senso estético se caracteriza por compor, aproximar. O senso estético existe para reunir o que a razão teve de separar.

Enquanto apenas luta contra a natureza, por meio do conhecimento que fragmenta o mundo tentando conhecê-lo ou dominá-lo, o homem perde, porque, em última instância, é sempre finito, mortal. Mas ele pode, auxiliado pelo senso estético, não lutar contra o mundo, o que implica em não fragmentá-lo, mas se ver inserido nele e, fortalecido pelo sentimento de pertencimento, tornar-se capaz de lidar com as perdas. A faculdade do juízo, diz Kant, é a capacidade de pensar o particular contido no universal, por isso somente ela é capaz de desfazer a unidade fictícia e provisória do sujeito particular, reinserindo-o na totalidade que o sustenta e alimenta. É a sua consciência individual, ou seja, é o saber de si como provisório que o faz sofrer. Quando o homem se sente inserido no todo, o sofrimento particular perde importância e ele, então, não sucumbe e vence a natureza, não pela força, mas pelo puro exercício da liberdade moral, que fortalece, amplia, alarga a alma.

[...]

MOSÉ, Viviane. O homem que sabe. In: ARRAIS, Rafael.

Schiller e a dimensão estética. Textos para reflexão. Disponível em: 

<http://zip.net/bnsbWn>. Acesso em: 13 out. 2015 (Adaptação).

De acordo com o texto, analise as afirmativas a seguir e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas.


( ) A linguagem e o pensamento são o que permite aos humanos não se deixarem escravizar pela natureza.

( ) Enquanto a natureza age por instinto ou impulso – o chamado estado natural –, o homem consegue criar, estabelecer e seguir valores, tornando-se, assim, socialmente estabelecido.

( ) Enquanto permanece na tentativa de separar-se da natureza por um contrato moral, o homem tende a prejudicar-se.

( ) O senso estético cumpre o papel de retornar o homem ao seu estado independente, permitindo, assim, um pertencimento efetivo à natureza.

( ) A faculdade do juízo, inata às criaturas da natureza, estabelece a união de homem e natureza de maneira igualitária.


Assinale a sequência CORRETA.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    ? Resolvendo as duas primeiras chegamos à resposta:

    (V) A linguagem e o pensamento são o que permite aos humanos não se deixarem escravizar pela natureza ? correto, de acordo com o texto: [...] a única liberdade humana consiste em não se deixar escravizar, o que implica exercer o senso moral por meio da linguagem e do pensamento [...].

    (V) Enquanto a natureza age por instinto ou impulso ? o chamado estado natural ?, o homem consegue criar, estabelecer e seguir valores, tornando-se, assim, socialmente estabelecido ? correto, segundo o texto: [...] a capacidade humana de criar valores representa o domínio próprio do homem; eles são o modo humano de se contrapor à natureza, por isso não derivam da necessidade, mas da liberdade [...].

    (V) Enquanto permanece na tentativa de separar-se da natureza por um contrato moral, o homem tende a prejudicar-se.

    (F) O senso estético cumpre o papel de retornar o homem ao seu estado independente, permitindo, assim, um pertencimento efetivo à natureza.

    (F) A faculdade do juízo, inata às criaturas da natureza, estabelece a união de homem e natureza de maneira igualitária.

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