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ID
3339187
Banca
IDECAN
Órgão
Câmara de Coronel Fabriciano - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Os princípios que faltam

    O sucesso atingido pelos antigos romanos na constituição do maior império de todos os tempos se assentava em regras pétreas ensinadas aos jovens, praticadas pelas melhores famílias e cobradas com rigidez na base da “Dura Lex, sed Lex”.
    Roma cresceu e se diferenciou de outros povos do Mediterrâneo por ter maior facilidade de se organizar em decorrência da clareza de seus princípios.
    Não podemos pensar que eram frouxos e inconsequentes, tocando a lira enquanto a cidade ardia em chamas; essas versões, escritas pelos vencedores que pretendiam se desfazer da Roma Antiga, são hoje superadas, proporcionalmente ao enfraquecimento da “Index”.
    O sistema romano até hoje é o padrão de organização dos Estados modernos, ordenados em Poderes autônomos como Executivo, Legislativo, Judiciário, dando ainda através dos tribunos voz ao povo.
    O Brasil pretende ser uma República inspirada no sistema romano, como é o resto do planeta, mas continua patinando na instabilidade, deixando seu potencial “gigantesco” deitado em berço esplêndido, enquanto o sofrimento de milhões de pessoas persiste e se agrava.
    Embora possam se encontrar muitos motivos para o fracasso verde-amarelo, um em especial chama a atenção de quem analisa os “princípios”. Como a palavra afirma, o princípio se faz base e alicerce de algo que precisa ser sustentado; quanto mais sólido o princípio, mais possibilidade de elevar a construção e deixá-la resistente.
    Em Roma a honra de participar do Legislativo ou de comandar um exército não era remunerada, tinha que ser voluntária e espontânea, no máximo cabia à pessoa que já tinha alcançado um equilíbrio financeiro em sua vida, um Arco do Triunfo, uma estátua, uma homenagem. Os impostos arrecadados e os tratados onerosos de paz com os “conquistados” eram do Estado.
    O Legislativo, Senado e tribunos, nada recebia. Obviamente interesses se insinuavam nas decisões, mas pátria, em sua grandeza, era entendida como o conjunto da nação. Os servidores do Estado eram remunerados através do tesouro do Estado.
    O Brasil de hoje registra no Doing Business do Banco Mundial o vergonhoso e insuportável primeiro lugar no ranking dos países com o “maior tempo gasto no pagamento de impostos”. Uma ofensa à modernidade e à justiça refletida pelas 1.958 horas gastas em um ano. O segundo colocado, outro país latino-americano, a Bolívia, com cerca da metade, ou 1.025 horas, em quarto, a Venezuela (devastada), com 792 horas, em décimo a Guiné Equatorial, com um quarto do recorde brasileiro, 492 horas.
    O próprio Otaviano Canuto, economista, representante do Brasil no Banco Mundial, afirmou, em entrevista a Claudia Trevisan: “o nosso ponto de partida (do Brasil) é horroroso... é nosso estilo de capitalismo de compadrios, onde você coloca dificuldade para vender facilidade”.
    Dessa forma, a economia é asfixiada, distorcida, assoberbada de empecilhos contrários à geração de renda. Bem por isso o brasileiro, que até 15 anos atrás possuía uma renda per capita sete vezes superior à de um chinês, foi ultrapassado neste ano e deverá ficar a cada ano mais distanciado.
    “Vender facilidades” no vocabulário tupiniquim representa cobrar propinas. Exatamente o grau de complexidade do enfrentamento do dever com o Estado vulnerabiliza especialmente quem começa, o pequeno empreendedor. No cipoal de complicações aparece um Estado que, longe de servir, se arroga ser servido, que no lugar de fomentar, apoiar, ajudar, incentivar a geração de oportunidades sordidamente as sequestra, as castiga, as deixa inatingíveis. O muro que separa o iniciante de quem já chegou é intransponível no Brasil.
    O país bate todos os recordes de ineficiência burocrática e ao mesmo tempo de corrupção, declinada em todas as formas mais perversas e contrárias à aceleração de oportunidades. Corrupção se representa também em “consultorias” de araque, “notas frias”, “simulações de prestações de serviços”, falsidades documentais, “operações estruturadas”, “financiamentos para partidos” e uma caterva de perversidade que forma o aglomerado mais podre da corrupção mundial.
    A excrescência tem como cúmplice um Legislativo que, ao passo que seus subsídios e mordomias foram ficando os maiores do planeta, mais corrupção foi despejando para fora com seus líderes mais destacados atolados e agarrados às cadeiras como se estas já não tivessem sido perdidas.
    Inconcebível como números fragorosamente “horrorosos” não levem as lideranças nacionais a lançar um pacto de modernização e descomplicação retirando das gavetas milhares de empreendimentos reféns das “dificuldades úteis aos corruptos”.
(Vittorio Medioli. Disponível em http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/vittorio-medioli/os-princ%C3%ADpios-que-faltam-1.1544188. Acesso em: 23/11/2017.)

Assinale a alternativa cujo termo ou trecho sublinhado apresenta o significado INCORRETO.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    ? Queremos uma palavra que contenha um significado incorreto:

    ? ?Dessa forma, a economia é asfixiada, distorcida, assoberbada de empecilhos contrários à geração de renda.? (11º§) / altiva.

    ? O adjetivo "assoberbada" significa algo ou alguém que é repleto de trabalho; sobrecarregado; já "altiva" significa de grande altura; elevado.

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • A questão é sobre significado de palavras e quer que marquemos a alternativa cujo termo ou trecho sublinhado apresenta o significado INCORRETO. Vejamos:

     .

    A) “Os impostos arrecadados e os tratados onerosos de paz com os ‘conquistados’ eram do Estado.” (7º§) / dispendiosos.

    Certo.

    Oneroso: que acarreta despesas e gastos; caro, custoso, dispendioso.

     .

    B) “Dessa forma, a economia é asfixiada, distorcida, assoberbada de empecilhos contrários à geração de renda.” (11º§) / altiva.

    Certo.

    Assoberbado: que se tornou soberbo; altivo, arrogante.

     .

    C) “A excrescência tem como cúmplice um Legislativo que, ao passo que seus subsídios e mordomias foram ficando os maiores do planeta,...” (14º§) / A saliência.

    Certo.

    Excrescência: saliência, elevação acima de uma superfície. O que cresce a mais.

     .

    D) “O sucesso atingido pelos antigos romanos na constituição do maior império de todos os tempos se assentava em regras pétreas ensinadas aos jovens...” (1º§) / regras que não podem ser mudadas.

    Certo. No Direito, regras pétreas são regras que não podem ser alteradas.

    Pétreo: com aspecto ou resistência de pedra; pedroso, petroso. Que denota insensibilidade.

     .

    Referência: MICHAELIS. Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, versão online, acessado em 21 de julho de 2021.

     .

    Gabarito: A resposta dada pela banca examinadora foi a letra B, porém, como "assoberbada" e "altiva" são sinônimos, a questão deveria ter sido anulada.

  • Como o gabarito é letra B se a questão quer a incorreta, e assoberbado significa exatamente altivo?

    Assoberbado: que tem maneiras de pessoa soberba; altivo, arrogante

    O gabarito, na verdade, deveria ser letra D, pois pétrea, na situação, é algo duro, rígido, e não algo que não pode ser mudado, como na questão.