- ID
- 3339205
- Banca
- IDECAN
- Órgão
- Câmara de Coronel Fabriciano - MG
- Ano
- 2017
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Os princípios que faltam
O sucesso atingido pelos antigos romanos na constituição do maior império de todos os tempos se assentava em
regras pétreas ensinadas aos jovens, praticadas pelas melhores famílias e cobradas com rigidez na base da “Dura Lex, sed
Lex”.
Roma cresceu e se diferenciou de outros povos do Mediterrâneo por ter maior facilidade de se organizar em
decorrência da clareza de seus princípios.
Não podemos pensar que eram frouxos e inconsequentes, tocando a lira enquanto a cidade ardia em chamas; essas
versões, escritas pelos vencedores que pretendiam se desfazer da Roma Antiga, são hoje superadas, proporcionalmente
ao enfraquecimento da “Index”.
O sistema romano até hoje é o padrão de organização dos Estados modernos, ordenados em Poderes autônomos
como Executivo, Legislativo, Judiciário, dando ainda através dos tribunos voz ao povo.
O Brasil pretende ser uma República inspirada no sistema romano, como é o resto do planeta, mas continua
patinando na instabilidade, deixando seu potencial “gigantesco” deitado em berço esplêndido, enquanto o sofrimento de
milhões de pessoas persiste e se agrava.
Embora possam se encontrar muitos motivos para o fracasso verde-amarelo, um em especial chama a atenção de
quem analisa os “princípios”. Como a palavra afirma, o princípio se faz base e alicerce de algo que precisa ser sustentado;
quanto mais sólido o princípio, mais possibilidade de elevar a construção e deixá-la resistente.
Em Roma a honra de participar do Legislativo ou de comandar um exército não era remunerada, tinha que ser
voluntária e espontânea, no máximo cabia à pessoa que já tinha alcançado um equilíbrio financeiro em sua vida, um Arco
do Triunfo, uma estátua, uma homenagem. Os impostos arrecadados e os tratados onerosos de paz com os
“conquistados” eram do Estado.
O Legislativo, Senado e tribunos, nada recebia. Obviamente interesses se insinuavam nas decisões, mas pátria, em
sua grandeza, era entendida como o conjunto da nação. Os servidores do Estado eram remunerados através do tesouro
do Estado.
O Brasil de hoje registra no Doing Business do Banco Mundial o vergonhoso e insuportável primeiro lugar no ranking
dos países com o “maior tempo gasto no pagamento de impostos”. Uma ofensa à modernidade e à justiça refletida pelas
1.958 horas gastas em um ano. O segundo colocado, outro país latino-americano, a Bolívia, com cerca da metade, ou
1.025 horas, em quarto, a Venezuela (devastada), com 792 horas, em décimo a Guiné Equatorial, com um quarto do
recorde brasileiro, 492 horas.
O próprio Otaviano Canuto, economista, representante do Brasil no Banco Mundial, afirmou, em entrevista a Claudia
Trevisan: “o nosso ponto de partida (do Brasil) é horroroso... é nosso estilo de capitalismo de compadrios, onde você
coloca dificuldade para vender facilidade”.
Dessa forma, a economia é asfixiada, distorcida, assoberbada de empecilhos contrários à geração de renda. Bem por
isso o brasileiro, que até 15 anos atrás possuía uma renda per capita sete vezes superior à de um chinês, foi ultrapassado
neste ano e deverá ficar a cada ano mais distanciado.
“Vender facilidades” no vocabulário tupiniquim representa cobrar propinas. Exatamente o grau de complexidade do
enfrentamento do dever com o Estado vulnerabiliza especialmente quem começa, o pequeno empreendedor. No cipoal
de complicações aparece um Estado que, longe de servir, se arroga ser servido, que no lugar de fomentar, apoiar, ajudar,
incentivar a geração de oportunidades sordidamente as sequestra, as castiga, as deixa inatingíveis. O muro que separa o
iniciante de quem já chegou é intransponível no Brasil.
O país bate todos os recordes de ineficiência burocrática e ao mesmo tempo de corrupção, declinada em todas as
formas mais perversas e contrárias à aceleração de oportunidades. Corrupção se representa também em “consultorias”
de araque, “notas frias”, “simulações de prestações de serviços”, falsidades documentais, “operações estruturadas”,
“financiamentos para partidos” e uma caterva de perversidade que forma o aglomerado mais podre da corrupção
mundial.
A excrescência tem como cúmplice um Legislativo que, ao passo que seus subsídios e mordomias foram ficando os
maiores do planeta, mais corrupção foi despejando para fora com seus líderes mais destacados atolados e agarrados às
cadeiras como se estas já não tivessem sido perdidas.
Inconcebível como números fragorosamente “horrorosos” não levem as lideranças nacionais a lançar um pacto de
modernização e descomplicação retirando das gavetas milhares de empreendimentos reféns das “dificuldades úteis aos
corruptos”.
(Vittorio Medioli. Disponível em http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/vittorio-medioli/os-princ%C3%ADpios-que-faltam-1.1544188.
Acesso em: 23/11/2017.)
Acerca dos verbos sublinhados, analise as afirmativas sobre os seus sujeitos.
I. “Não podemos pensar que eram frouxos e inconsequentes, tocando a lira enquanto a cidade ardia em chamas;...” (3º§)
(O sujeito do verbo “podemos” está oculto.)
II. “... essas versões, escritas pelos vencedores que pretendiam se desfazer da Roma Antiga, são hoje superadas,
proporcionalmente ao enfraquecimento da ‘Index’.” (3º§) (O sujeito do verbo “são” é “vencedores”.)
III. “O muro que separa o iniciante de quem já chegou é intransponível no Brasil.” (12º§) (O sujeito do verbo “é” é
“iniciante”.)
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)