SóProvas


ID
3339418
Banca
IDECAN
Órgão
Câmara de Coronel Fabriciano - MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Para não esquecer

    Imagino que a escrita nasceu da necessidade de não esquecer. O primeiro pré-homem que pensou “preciso me lembrar disto” deve ter olhado em volta procurando alguma coisa que ele ainda não sabia o que era. Era um pedaço de papel e uma Bic. Claro que para chegar ao papel e à esferográfica tivemos que passar antes pelo risco com vara no chão, o rabisco com carvão na parede da caverna, o hieróglifo no tablete de barro etc.
    Mas a angústia primordial foi a de perder o pensamento fugidio ou a cena insólita. Pense em quantas ideias não desapareceram para sempre por falta de algo que as retivesse na memória e no mundo. A história da civilização teria sido outra se, antes de inventar a roda, o homem tivesse inventado o bloco de notas.
   As espécies que não desenvolveram a escrita valem-se da memória intuitiva. O salmão sabe, não sabendo, o caminho certo para o lugar onde nasceu e onde deve depositar seus ovos. Dizem que o elefante guarda na memória tudo que lhe acontece na vida, principalmente as desfeitas, mas vá pedir que ele bote seu ressentimento no papel. Já o homem pode ser definido como o animal que precisa consultar as suas notas. Nas sociedades não letradas, as lembranças sobrevivem na recitação reiterada e no mito tribal, que é a memória ritualizada. As outras dependem do memorando.
  E mesmo com todas as formas de anotação inventadas pelo homem desde as primeiras cavernas, inclusive o notebook eletrônico, a angústia persiste. Estou escrevendo isto porque acordei com uma boa ideia para uma crônica e botei a ideia num papel. Normalmente não faço isto, porque sempre esqueço de ter um bloco de notas à mão para não esquecer a eventual ideia e porque sei, intuitivamente, que se tivesse o bloco de notas à mão a ideia viria no chuveiro.
   Mas desta vez a ideia coincidiu com a proximidade de um pedaço de papel e um lápis e anotei-a assim que acordei. Não exatamente a ideia, mas uma frase que me faria lembrar da ideia. Estou com ela aqui. “Conhece-te a ti mesmo, mas não fique íntimo”.
    E não consigo me lembrar de qual era a ideia que a frase me faria lembrar.
   Algo sobre os perigos da autoanálise muito aprofundada? Sobre o pensamento socrático? Ou o quê? Não consigo me lembrar. Um consolo, numa situação destas, é pensar que se a ideia não é lembrada, é porque não era tão boa assim. Mas geralmente se pensa o contrário: as melhores ideias são as que a gente esqueceu. O que é terrível.
(Luiz Fernando Veríssimo, O Globo, 22/09/2011. Adaptado.)

Assinale a afirmativa grafada INCORRETAMENTE.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    ? Porque não consigo me lembrar da eventual ideia?

    ? O correto é "por que" (=por qual motivo e fazendo parte de uma pergunta direta).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Para perguntas no começo da frase: "Por que"

  • Na letra B, deve-se empregar a forma "Por que" - separado e sem acento -, pois temos um advérbio interrogativo introduzindo uma interrogativa direta.

  • "Por que" separado é pergunta no início de uma frase.

    "porque" é como resposta.

    Por que você não gosta mais do QC?

    • Porquê não os professores não comentam as questões. :)
  • GAB B

    PERGUNTAS > POR QUE

    EXPLICAÇÃO> PORQUE

  • por quê - perguntas

    por que - respostas

  • A questão é de ortografia e quer que marquemos a afirmativa grafada INCORRETAMENTE. Vejamos: 

     .

    A) Há perigos na autoanálise muito aprofundada.

    Certo. Aqui todas as palavras estão escritas corretamente. Lembrando que "autoanálise" é sem hífen, pois, depois do Novo Acordo Ortográfico, o hífen deixou de ser empregado quando o prefixo terminar em vogal diferente da vogal que iniciar o segundo elemento ("auto" e "análise", nesse caso).

     .

    B) Porque não consigo me lembrar da eventual ideia?

    Errado. O certo é "por que" (= por qual razão / motivo), separado e sem acento.

    Uso dos porquês

    Por que: equivale a “por qual razão/motivo” ou “pelo qual” (e variações). Ex.: Por que você não resolve mais questões? / A rua por que passamos estava cheia de buracos.

    Por quê: vem antes de um ponto (final, interrogativo, exclamação) e continua com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”. É utilizado em perguntas no fim das frases. Ex.: Vocês não se inscreveram por quê?

    Porque: conjunção com valor de “pois”, “uma vez que”... É utilizado em respostas. Ex.: Não fiz a prova porque não me senti preparada.

    Porquê: substantivo com significado de “motivo”, “razão”. Vem acompanhado de determinante: artigo, pronome, adjetivo ou numeral. Ex.: Gostaria de saber o porquê dessa resposta.

     .

    C) Intuitivamente, as melhores ideias foram esquecidas.

    Certo. Aqui todas as palavras estão escritas corretamente.

     .

    D) A história da civilização é marcada pela invenção da roda.

    Certo. Aqui todas as palavras estão escritas corretamente. "Invenção" se escreve com "ç".

     .

    Gabarito: Letra B

  • Por que

    Com o mesmo valor de “pelo qual”, “pelos quais”, “pela qual”, “pelas quais”, “por qual”, “por qual razão”, “por qual motivo”.

    • O caminho por que passamos.
    • Os caminhos por que passamos.
    • A estrada por que passamos.
    • As estradas por que passamos.
    • Foi substituído por que médico?
    • Por que estava sorrindo?

    Por quê

    Com o mesmo sentido de “por qual razão” ou “por qual motivo”, no final de frase e antes de ponto-final, ponto de exclamação ou de interrogação.

     

    • Estava sorrindo por quê?
    • Ela sabe por quê.
    • Eu sei por quê!

    Porque

    Com o mesmo valor de “pois”, “já que”, “visto que”, “uma vez que” ou “em razão de”.

    • Veio porque chamei.
    • Porque estava cansado, não foi ao cinema.

    Porquê

    Como sinônimo de “razão” ou “motivo”.

    • Não entende o porquê de tudo isto.
    • Eu buscava um porquê para seguir em frente.

  • Por que você estuda?

    Porque quero mudar de vida!

    Mas por quê?

    Você sabe o Porquê.

  • Sem acento no inicio da frase. Com acento no final.

    Separado pergunta. Junto responde.

    Vamos! Enfrente!