SóProvas


ID
3359353
Banca
FCC
Órgão
DPE-AM
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Literatura e escola
       Na escola, a leitura de textos literários pode se tornar apenas uma tarefa de Português, uma obrigação – e lá se vai, se assim for, o prazer da leitura. O ser humano gosta de pensar que decide o seu destino, e só acredita que poderá ser feliz quando apenas sua vontade estiver no comando. Mas sou obrigado a confessar: algumas vezes fui ler por obrigação, a mando de professor, e acabei encontrando grande prazer na leitura.
     Toda a questão está em que haja uma boa combinação de fatores: ler certo texto, em certa idade, com a motivação pessoal de certos interesses. Todos esses “certos” são muito variáveis, mudam de pessoa para pessoa − mas a gente sabe quando a combinação resulta positiva: saímos satisfeitos com a descoberta de um mundo que não conhecíamos, que nem sabíamos ser possível, e que somos capazes de incorporar ao nosso próprio mundo, agora maior que antes.
      A experiência da literatura é insubstituível: nenhuma arte nos dá tanto o que pensar e sentir quanto essa que, contando com não mais que palavras, nos leva para todas as histórias, todas as geografias, nos embarca em todas as viagens e sensações. Não importa o avanço da tecnologia e de suas ofertas miraculosas: uma escola não pode deixar de proporcionar ao jovem a oportunidade de encontrar dentro de si a revelação de um mundo que certo livro, em certa idade, por conta de certos motivos, lhe oferece com tal intensidade que lhe deixará o vivo desejo de ler mais, de ler muitos outros mais.
(Ariovaldo Passos da Cunha, inédito

Está inteiramente adequada a pontuação da seguinte frase:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    A) Quem não se dispuser a ler, não leia, embora depois, possa se arrepender ? vírgula separando o sujeito do verbo, uso incorreto.

    B) Nem sempre, as tarefas obrigatórias deixam de ser, ainda assim prazerosas ? vírgula separando incorretamente o predicativo do verbo referente, o correto seria isolar o termo "ainda".

    C) Quando ela não nos dá prazer, por obrigatória, ficará da leitura, provavelmente, algum rancor.

    D) Ainda que você não goste, do início de um livro, insista, pois quem sabe assim, algo se revele ? goste de alguma coisa, objeto indireto separado erroneamente pela vírgula.

    E) Embora ele relute, em ler romances, tem imaginação suficiente, para vir a gostar deles ? relute em alguma coisa (=em ler romance ? novamente objeto indireto separado incorretamente pela vírgula).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Gab: C

    "Quando ela não nos dá prazer, por obrigatória, ficará da leitura, provavelmente, algum rancor".

    >> Um macete que uso é sempre que vejo uma frase estranha, tento colocar ela na ordem direta, e ir encontrando as funções sintáticas de cada pedaço e vendo se cabe ou não vírgula.

    >> Ordem direta: Algum rancor ficará da leitura quando ela não nos der prazer por ser obrigatória.

    >> Algum rancor: sujeito / ficará: verbo / da leitura: objeto direto.

    >> Os demais termos são acessórios - adjuntos adverbiais -, logo, podem ser isolados por vírgula.

  • Assertiva C

    Quando ela não nos dá prazer, por obrigatória, ficará da leitura, provavelmente, algum rancor.

  • A respeito da primeira alternativa convém um comentário: consoante lição de Maria Tereza Piacentini, na obra "Só Vírgula - Método Fácil em 20 Lições", quando o sujeito é o pronome "quem", a vírgula pode ser posta quando o sujeito for o pronome "quem" e houver dois verbos juntos ou próximos:

    1) Quem sabe, sabe;

    2) Quem lê bem, escreve bem;

    3) Quem diz vou, não vai.

    A tríade de exemplos acima retirei do livro referido. Na alternativa A, inexiste erro de pontuação aí. O erro está após, na vírgula isolando, inadequadamente, a oração concessiva.

  • É, com essa tríade do Sr. Shelking caberia recurso para essa questão.

  • É, com essa tríade do Sr. Shelking caberia recurso para essa questão.

  • Quando a questão tiver a vírgula como conteúdo de base, você precisa saber quando NUNCA se emprega essa pontuação e quando SEMPRE se a utiliza.


    NUNCA USAMOS A VÍRGULA NO INTERIOR DE UMA ORAÇÃO:

    entre sujeito e verbo, bem como entre verbos e complementos. Esses termos estão dispostos, em uma  oração, por meio de uma relação de subordinação, logo a vírgula entre eles pode separá-los, desfazendo a relação de dependência.


    SEMPRE USAMOS A VÍRGULA NO INTERIOR DE UMA ORAÇÃO PARA:

    1) separar termos de mesma função sintática (enumeração de estruturas semelhantes);

    2) marcar termos de função explicativa (apostos);

    3) marcar termos de função interlocutiva (chamamento ou vocativo);

    4) sinalizar termos oracionais deslocados (adjuntos adverbiais e complementos verbais antes dos verbos, por exemplo);

    5)  sinalizar elipse do verbo (omissão identificada pela vírgula no lugar do verbo).


    Com base nas informações anteriores, examinemos as opções:


    A)    Quem não se dispuser a ler, não leia, embora depois, possa se arrepender. 

    ERRADA.

    Inicialmente, encontramos uma oração subordinada substantiva desempenhando papel de sujeito da outra: “quem não se dispuser a ler" é sujeito de “não leia". Importante destacar que, assim como no período simples, as relações de dependência no período composto também estão ligadas ao não uso da vírgula. Isso porque, assim como dentro de orações há palavras ou expressões que podem ser “sujeitos", “objetos" e “adjuntos" de verbos, no período composto, uma oração pode exercer essas mesmas funções sintáticas em relação à outra. Por essa razão, embasamo-nos nas mesmas normas para a análise da vírgula tanto no interior das orações quanto entre elas. Desse modo, se não devemos separar sujeito de verbo, o mesmo vale para o exemplo da letra A, não devendo a oração subordinada substantiva subjetiva ser separada de sua oração principal “não leia".

    É necessário ressaltar que alguns autores que procuram relativizar certas normas gramaticais ou construir um material mais autoral, indicam o uso da vírgula entre oração subjetiva iniciada por QUEM e a sua principal. Como os concursos públicos seguem as regras da gramática tradicional, então essa relativização não deve ser considerada.

    Outro aspecto a ser reconhecido como incorreto, do ponto de vista da norma padrão, é a pontuação da palavra “depois" que, por ser advérbio de tempo e estar fora da ordem direta, deveria estar isolado por vírgulas, e não apresentar apenas uma vírgula. Vale, por fim, esclarecer que a vírgula antes de “embora" está correta por ser opcional pontuar orações subordinadas adverbiais em ordem direta, ou seja, posicionada depois da oração principal. Isso é autorizado gramaticalmente para proporcionar mais clareza e mais organização aos textos.

    Reescrevendo para correção, teríamos: quem não se dispuser a ler não leia, embora, depois, possa se arrepender.


    B) Nem sempre, as tarefas obrigatórias deixam de ser, ainda assim prazerosas. 

    ERRADA.

    Note que “prazerosas" caracteriza o sujeito “tarefas obrigatórias", sendo reconhecida como seu “predicativo", e que a locução verbal “deixam de ser" liga o sujeito a esse predicativo. Entre o elemento verbal de ligação e o predicativo, há o adjunto adverbial de concessão “ainda assim", que está fora da ordem direta. Por essa razão, deveríamos encontrar duas vírgulas, e não uma só, marcando a expressão adverbial. Reescrevendo, teríamos: nem sempre, as tarefas obrigatórias deixam de ser, ainda assim, prazerosas. 


    C) Quando ela não nos dá prazer, por obrigatória, ficará da leitura, provavelmente, algum rancor. 

    CORRETA.

    A correção da primeira vírgula se dá porque temos uma oração subordinada adverbial temporal antes de sua principal, logo é obrigatória a vírgula ao final dessa estrutura, para marcar seu deslocamento. “Por obrigatória" e “provavelmente" são expressões adverbiais, respectivamente de causa e de modo, as quais estão deslocadas, devendo haver a vírgula para sinalizar essa ocorrência. Observe que, pondo justamente a última oração em ordem direta, identificamos mais claramente seus adjuntos adverbiais: algum rancor ficará da leitura por obrigatória provavelmente.


    D) Ainda que você não goste, do início de um livro, insista, pois quem sabe assim, algo se revele. 

    ERRADA.

    O verbo “gostar" está separado de seu complemento por vírgula, além disso, a expressão feita “quem sabe", por expressar dúvida e poder ser substituída por adjuntos adverbiais de dúvida, como “talvez", “possivelmente", entre outros, comporta-se sintaticamente como estes, devendo ser isoladas por vírgulas quando deslocadas. Reescrevendo, teríamos: ainda que você não goste do início de um livro, insista, pois, quem sabe, assim algo se revele.


    E) Embora ele relute, em ler romances, tem imaginação suficiente, para vir a gostar deles. 

    ERRADA.

    Não deveria haver vírgula entre o verbo “relutar" e o seu complemento oracional “em ler romances", pois, assim, a relação de dependência entre essas estruturas é desfeita. As vírgulas depois da oração iniciada por “embora" e antes do conectivo “para" estão corretas, respectivamente, por estar a subordinada adverbial concessiva anteposta à sua principal e a subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para vir a gostar deles = para que venha a gostar deles), por opção do escrevente, separada de sua principal. Recordemos que já foi aqui explicado que a vírgula entre oração principal e a sua subordinada adverbial é opcional em ordem direta, para melhor organização das estruturas e manifestação da clareza textual. Reescrevendo, teríamos: embora ele relute em ler romances, tem imaginação suficiente, para vir a gostar deles.


    Resposta: C