GABARITO: LETRA C
A) Quem não se dispuser a ler, não leia, embora depois, possa se arrepender ? vírgula separando o sujeito do verbo, uso incorreto.
B) Nem sempre, as tarefas obrigatórias deixam de ser, ainda assim prazerosas ? vírgula separando incorretamente o predicativo do verbo referente, o correto seria isolar o termo "ainda".
C) Quando ela não nos dá prazer, por obrigatória, ficará da leitura, provavelmente, algum rancor.
D) Ainda que você não goste, do início de um livro, insista, pois quem sabe assim, algo se revele ? goste de alguma coisa, objeto indireto separado erroneamente pela vírgula.
E) Embora ele relute, em ler romances, tem imaginação suficiente, para vir a gostar deles ? relute em alguma coisa (=em ler romance ? novamente objeto indireto separado incorretamente pela vírgula).
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Quando a questão tiver a vírgula como conteúdo de
base, você precisa saber quando NUNCA se emprega essa pontuação e quando SEMPRE
se a utiliza.
NUNCA USAMOS A VÍRGULA NO INTERIOR DE UMA ORAÇÃO:
entre
sujeito e verbo, bem como entre verbos e complementos. Esses termos estão
dispostos, em uma oração, por meio de
uma relação de subordinação, logo a vírgula entre eles pode separá-los,
desfazendo a relação de dependência.
SEMPRE
USAMOS A VÍRGULA NO INTERIOR DE UMA ORAÇÃO PARA:
1)
separar termos de mesma função sintática (enumeração de estruturas
semelhantes);
2)
marcar termos de função explicativa (apostos);
3)
marcar termos de função interlocutiva (chamamento ou vocativo);
4)
sinalizar termos oracionais deslocados (adjuntos adverbiais e complementos
verbais antes dos verbos, por exemplo);
5) sinalizar elipse do verbo (omissão
identificada pela vírgula no lugar do verbo).
Com
base nas informações anteriores, examinemos as opções:
A)
Quem não
se dispuser a ler, não leia, embora depois, possa se arrepender.
ERRADA.
Inicialmente,
encontramos uma oração subordinada substantiva desempenhando papel de sujeito
da outra: “quem não se dispuser a ler" é sujeito de “não leia". Importante
destacar que, assim como no período simples, as relações de dependência no
período composto também estão ligadas ao não uso da vírgula. Isso porque, assim
como dentro de orações há palavras ou expressões que podem ser “sujeitos",
“objetos" e “adjuntos" de verbos, no período composto, uma oração pode exercer
essas mesmas funções sintáticas em relação à outra. Por essa razão, embasamo-nos
nas mesmas normas para a análise da vírgula tanto no interior das orações
quanto entre elas. Desse modo, se não devemos separar sujeito de verbo, o mesmo
vale para o exemplo da letra A, não devendo a oração subordinada substantiva
subjetiva ser separada de sua oração principal “não leia".
É
necessário ressaltar que alguns autores que procuram relativizar certas normas
gramaticais ou construir um material mais autoral, indicam o uso da vírgula
entre oração subjetiva iniciada por QUEM e a sua principal. Como os concursos públicos
seguem as regras da gramática tradicional, então essa relativização não deve
ser considerada.
Outro
aspecto a ser reconhecido como incorreto, do ponto de vista da norma padrão, é
a pontuação da palavra “depois" que, por ser advérbio de tempo e estar fora da
ordem direta, deveria estar isolado por vírgulas, e não apresentar apenas uma
vírgula. Vale, por fim, esclarecer que a vírgula antes de “embora" está correta
por ser opcional pontuar orações subordinadas adverbiais em ordem direta, ou
seja, posicionada depois da oração principal. Isso é autorizado gramaticalmente
para proporcionar mais clareza e mais organização aos textos.
Reescrevendo para correção, teríamos: quem não se dispuser a ler não leia, embora, depois, possa se arrepender.
B) Nem sempre, as tarefas obrigatórias deixam de
ser, ainda assim prazerosas.
ERRADA.
Note
que “prazerosas" caracteriza o sujeito “tarefas obrigatórias", sendo
reconhecida como seu “predicativo", e que a locução verbal “deixam de ser" liga
o sujeito a esse predicativo. Entre o elemento verbal de ligação e o
predicativo, há o adjunto adverbial de concessão “ainda assim", que está fora
da ordem direta. Por essa razão, deveríamos encontrar duas vírgulas, e não uma
só, marcando a expressão adverbial. Reescrevendo, teríamos: nem sempre, as tarefas obrigatórias deixam de ser,
ainda assim, prazerosas.
C) Quando ela não nos dá prazer, por obrigatória,
ficará da leitura, provavelmente, algum rancor.
CORRETA.
A correção da primeira vírgula se dá porque temos uma oração subordinada
adverbial temporal antes de sua principal, logo é obrigatória a vírgula ao
final dessa estrutura, para marcar seu deslocamento. “Por obrigatória" e
“provavelmente" são expressões adverbiais, respectivamente de causa e de modo,
as quais estão deslocadas, devendo haver a vírgula para sinalizar essa
ocorrência. Observe que, pondo justamente a última oração em ordem direta,
identificamos mais claramente seus adjuntos adverbiais: algum rancor ficará da leitura por obrigatória provavelmente.
D) Ainda que você não goste, do início de um
livro, insista, pois quem sabe assim, algo se revele.
ERRADA.
O
verbo “gostar" está separado de seu complemento por vírgula, além disso, a
expressão feita “quem sabe", por expressar dúvida e poder ser substituída por
adjuntos adverbiais de dúvida, como “talvez", “possivelmente", entre outros,
comporta-se sintaticamente como estes, devendo ser isoladas por vírgulas quando
deslocadas. Reescrevendo, teríamos: ainda que
você não goste do início de um livro, insista, pois, quem sabe, assim algo se
revele.
E) Embora ele relute,
em ler romances, tem imaginação suficiente, para vir a gostar deles.
ERRADA.
Não
deveria haver vírgula entre o verbo “relutar" e o seu complemento oracional “em
ler romances", pois, assim, a relação de dependência entre essas estruturas é
desfeita. As vírgulas depois da oração iniciada por “embora" e antes do
conectivo “para" estão corretas, respectivamente, por estar a subordinada adverbial
concessiva anteposta à sua principal e a subordinada adverbial final reduzida
de infinitivo (para vir a gostar deles = para que venha a gostar deles),
por opção do escrevente, separada de sua principal. Recordemos que já foi aqui
explicado que a vírgula entre oração principal e a sua subordinada adverbial é
opcional em ordem direta, para melhor organização das estruturas e manifestação
da clareza textual. Reescrevendo, teríamos: embora
ele relute em ler romances, tem imaginação suficiente, para vir a gostar deles.
Resposta: C