SóProvas


ID
3370786
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
CISAMUSEP - PR
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Universitários em fim de semestre: sobreviventes

Ruth Manus

           Surtados, sem dormir, sem tempo para nada, mas vivos.

       Tá certo que eu sou mais uma dentre uma espécie chamada “professor”, que semi morre todo final de ano. Mas do sofrimento dos professores ninguém duvida. Estamos até um pouco na moda, vira e mexe aparecem posts fofos a nosso respeito, com ursinhos, imagens de pôr do sol e tudo mais.

     Mas, sejamos justos, do drama dos universitários ninguém fala.

    Tento ser durona com meus alunos, mando parar com o mimimi do fim do semestre, mas acabo sempre admitindo, ainda que não conte para eles, que os coitadinhos estão mesmo lascados.

   Eu me lembro bem: segundo ano da faculdade, prova oral de processo civil e previdenciário no mesmo dia. Fatídico dia em que o termo “gastrite” saiu das bulas de remédios e foi parar na minha barriga pela primeira vez.

   Gastrite, torcicolo, enxaqueca, dor nas costas, aftas, espinhas monstruosas. Universitário em época de prova é o sonho de toda farmácia e o pesadelo de todo plano de saúde.

    Homens não fazem a barba, mulheres não depilam a perna. Suspeito, às vezes, que até do banho eles acabem esquecendo. Mas em nome do conhecimento, tá tudo liberado.

     Universitários no fim do ano ficam completamente xaropes. Erram o dia da prova, estudam a matéria errada, vão fazer exame de matéria na qual passaram direito, esquecem caneta, esquecem a mochila, esquecem o nome do professor, quando não esquecem o próprio nome.

    Por alguns dias, essas criaturas chegam ao ponto de passar mais tempo atualizando o portal para tentar verificar as notas (taca-lhe pau no F5) do que no facebook, no whatsapp e no instagram. Juntos.

      E entre novembro e dezembro, quando chego para dar aula antes das 8 da manhã ou ainda estou na faculdade depois das 22 (pois é…), tenho a sensação de estar em um episódio de The Walking Dead. Alunos com aspecto moribundo perambulam pelos corredores como se não houvesse esperança, pensando seriamente em devorar cérebros de professores para ver se facilita na hora da prova.

     E se o aluno estiver precisando de meio pontinho e encontrar o professor na cantina, pode aparecer o Caio Castro, a Ísis Valverde, o Ashton Kutcher ou a Megan Fox, que eles NÃO saem de lá. Oferecem um café, compram sonho de valsa, elogiam a roupa, tudo na maior sinceridade. Como diria Tim Maia, vale tudo.

     E não podemos esquecer da interminável angústia das faltas. “Professor, o sistema está marcando 26 faltas, mas eu juuuuuro que só faltei 3 vezes. Não sei o que houve.”. Clássico. Esses sistemas são mesmo uns canalhas.

      Mas dentre os surtados, o Prêmio Nobel do Surto Acadêmico vai para os que vão defender o TCC. Esses já nem se recordam que existe um negócio chamado “vida”. Passam na frente da banca de jornal e já têm dor de barriga só de pensar na palavra “banca”. O vocabulário se resume a: capa dura, capítulo, rodapé, orientador, espiral e pânico. Não tem água com açúcar, suco de maracujá ou calmante que resolva. O único remédio para essa dor é um composto de 8 letras: a + p + r + o + v + a + d + o.        Mas, falando sério, não é fácil mesmo. Tem que ter muita força de vontade e compromisso. Provas, trabalhos, fichamentos, estágio, emprego, trânsito, ônibus, metrô, chuvaradas no fim da tarde, correria para evitar atrasos, chororô para justificar atrasos. Tem um ou outro fanfarrão, mas a maioria dá duro mesmo.

     Tem conta pra pagar; casa para arrumar; relatório para entregar; filho para cuidar. Desses alunos que têm filho, por sinal, sou fã incondicional.

    Não vou dizer para vocês que quando se formarem melhora. Seria mentira. As responsabilidades crescem em uma proporção bem incompatível com a progressão do salário; as horas de sono não aumentam e ainda tem uma pós, um mestrado e um futuro te esperando.

    Mas posso dizer: vale a pena. Segurem a onda, força na peruca, inspira, respira, não pira. Já já o Natal tá aí. E uma hora o diploma também chega. Talvez vocês já não tenham cabelos, as unhas estejam completamente roídas, as olheiras tenham cor de berinjela e a miopia alcance 8 graus em cada olho, mas acreditem gatinhos, vocês chegam lá. Palavra de quem chegou (com algum cabelo, alguns dentes e alguma sanidade, até que se prove o contrário )

Fonte: http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ruth-manus/universitarios-em-fim-de-semestre-sobreviventes/

A respeito da colocação pronominal nos trechos “Não vou dizer para vocês que quando se formarem melhora.” e “Esses já nem se recordam que existe um negócio chamado “vida”.”, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    ? ?Não vou dizer para vocês que quando se formarem melhora.? ? temos a conjunção subordinativa integrante "que" (=isso) sendo fator de próclise do pronome oblíquo átono "se".

    ? ?Esses já nem se recordam que existe um negócio chamado ?vida?. ? palavra com sentido negativo sendo fator de atração, fator de próclise.

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • A questão exige conhecimento da colocação pronominal e pede para que o candidato encontre na frase em destaque os motivos do pronome "se" nas duas ocasiões estarem postos antes do verbo. Vejamos a frase:

    Não vou dizer para vocês que quando se formarem melhora.” e “Esses já nem se recordam que existe um negócio chamado “vida”.

    a) Incorreta.

    Está errada a alternativa pois em nenhum caso se dá por pronome relativo a atração da próclise no trecho apresentado.

    b) Incorreta.

    Está errada somente, pois não temos a atração por pronome relativo na frase.

    c) Correta.

    A alternativa está perfeitamente correta, visto que em "quando se", temos a presença da conjunção subordinativa adverbial temporal. A segunda aparição do "se" acontece por ter a palavra negativa "nem", portanto a alternativa está perfeita.

    d) Incorreta.

    Não temos atração do pronome relativo, mas sim da conjunção "quando".

    e) Incorreta.

    Está perfeitamente adequada a colocação pronominal, feita com a conjunção subordinada (quando) e com a palavra negativa (nem).

    GABARITO: C

  • Objetividade como sempre..

     “Não vou dizer para vocês que quando se formarem melhora.” e “Esses já nem se recordam que existe um negócio chamado “vida”.

    A)No primeiro caso= Conjunção No segundo = Palavra negativa

    B) Não há pronome relativo. Não esquecer que o "que" quando pronome relativo , realmente é fator atrativo.

    E) Ora, caso não houvesse, poderíamos usar tanto ênclise quanto próclise.

    Sucesso!

  • GAB: C

    QUESTÃO MUITO BOA DA AOCP

    “Não vou dizer para vocês/// ISSO ///que quando se formarem melhora.” O ''QUE'' NESSA FRASE É CONJUNÇÃO INTEGRANTE, SENDO UMA CONJUNÇÃO SUBORDINADA

    “Esses já nem se recordam///DISSO/// que existe um negócio chamado “vida” A MESMA COISA ACONTECER

  • Assertiva C

    No primeiro caso, a colocação justifica-se pela presença de conjunção subordinativa; no segundo, pela presença de palavra de sentido negativo.

  • GABARITO: LETRA C

    ► O pronome oblíquo átono pode ocupar três posições em relação ao verbo com o qual se relaciona: a ênclise (depois do verbo); a próclise (antes do verbo); e a mesóclise (dentro do verbo). Por ser uma partícula átona, não inicia oração e, entre os verbos de uma locução, liga-se a um deles por hífen.

    PRONOMES ATÓNOS: - me, nos, te, vos, se, o(s), a(s), lhe(s);

    PRÓCLISE

    Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. Isso acontece quando a oração contém palavras que atraem o pronome:

    1. Palavras que expressam negação tais como “não, ninguém, nunca”:

    Não o quero aqui. / Nunca o vi assim.

    2. Pronomes relativos (que, quem, quando...), indefinidos (alguém, ninguém, tudo…) e demonstrativos (este, esse, isto…):

    Foi ela que o fez. / Alguns lhes deram maus conselhos. / Isso me lembra algo.

    3. Advérbios ou locuções adverbiais:

    Ontem me disseram que havia greve hoje. / Às vezes nos deixa falando sozinhos.

    4. Palavras que expressam desejo e também orações exclamativas:

    Oxalá me dês a boa notícia. / Deus nos dê forças.

    5. Conjunções subordinativas:

    Embora se sentisse melhor, saiu. / Conforme lhe disse, hoje vou sair mais cedo.

    6. Palavras interrogativas no início das orações:

    Quando te deram a notícia? / Quem te presenteou?

    MESÓCLISE

    Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. Isso acontece com verbos do futuro do presente ou do futuro do pretérito, a não ser que haja palavras que atraiam a próclise:

    Orgulhar-me-ei dos meus alunos. (verbo orgulhar no futuro do presente: orgulharei);

    Orgulhar-me-ia dos meus alunos. (verbo orgulhar no futuro do pretérito: orgulharia).

    ÊNCLISE

    Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo. Isso acontece quando a oração contém palavras que atraem esse tipo de colocação pronominal:

    1. Verbos no imperativo afirmativo:

    Depois de terminar, chamem-nos. / Para começar, joguem-lhes a bola!

    2. Verbos no infinitivo impessoal:

    Gostaria de pentear-te a minha maneira. / O seu maior sonho é casar-se.

    3. Verbos no início das orações:

    Fiz-lhe a pessoa mais feliz do mundo. / Surpreendi-me com o café da manhã.

    TODA MATÉRIA.

  • Fiquei com dúvida com o adverbio "quando" ali no meio. Achei que era uma próclise por causa do adverbio.

    “Não vou dizer para vocês que quando se formarem melhora.”

    "4) Havendo duas palavras atrativas, tanto o pronome poderá ficar após as duas palavras, quanto entre elas.

    Ex. Se me não quer mais, diga-me.

       Se não me quer mais, diga-me"

  • 1º CASO

    O QUE É UMA CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA INTEGRANTE!!

    2º CASO

    OCORRE PRÓCLISE, POIS HÁ A PRESENÇA DE PALAVRA NEGATIVA.

  • OBSERVAÇÃO: O poder disciplinar é VINCULADO quanto à APURAÇÃO DA CONDUTA e discricionário quanto à ESCOLHA ou à GRADUAÇÃO da pena.

  • questão gostosa da gota moço