[Desconfiar para criar]
Atenção, escritores: desconfiar da observação direta. Um romancista de lápis em punho no meio da vida – esse acaba fazendo apenas reportagens.
Melhor esperar que a poeira baixe, que as águas resserenem, deixar tudo à deriva da memória. Porque a memória escolhe, recria.
Quanto ao poeta, este nunca se lembra, propriamente; inventa.
E por isso é que ele fica muito mais perto da verdadeira realidade.
(Adaptado de: QUINTANA, Mário. Na volta da esquina. Porto Alegre: Editora Globo, 1979, p. 89)
Considere as seguintes orações:
I. O poeta é um artista imaginoso.
II. O poeta vale-se da capacidade de inventar.
III. O poeta não é um fotógrafo da realidade.
Essas três orações, em nova redação, integram-se com correção e clareza neste período único: