"Não será a política externa de Carlos Menem (1989-1999), com relações especiais com Washington, e tampouco a relação tensa com Estados Unidos e outros países que foi mantida no governo de Cristina Kirchner (2007-2015)", disse Russell.
Nos anos 1990, ficou conhecido o termo "relações carnais", dito por um ministro para definir a relação da Argentina com os EUA. Já nos 12 anos de kirchnerismo (2003-2015), algumas autoridades se referiam aos Estados Unidos como "império".
"Acho que teremos uma relação pragmática com o maior número possível de países e, apesar da crise brasileira, a Argentina (que também vive mau momento econômico) não pretenderá defender discursos como o de querer ser o líder da região", disse Russell.
Para o analista, a Argentina terá "um papel múltiplo" na região, mantendo a relação com o Mercosul e a Unasul mas ao mesmo tempo com maior aproximação com México e Colômbia (integrantes da Aliança do Pacífico).
Ainda assim, analistas lembram que Unasul e Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) raramente são citados por Macri.
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160225_macri_politica_externa_mc_pai
A grande preocupação do projeto Macri e, isto ficou claro desde a campanha para as eleições presidenciais, foi a de um maior protagonismo da Argentina na arena internacional.
A ideia era a de promover a “reinserção internacional do país", já que as oscilações de orientação no governo de Cristina Kirchner e as dificuldades financeiras do país em nada contribuíram para uma aceitação de suas ações e propostas de agenda de politica internacional.
A nomeação da diplomata Malcorra para o Ministério das Relações Exteriores demonstrou claramente a ideia de uma “ guinada" na política externa: uma postura mais proativa e mais próxima da UE e dos EUA. O histórico da vida profissional de Malcorra já expressava a proposta. Vinte e cinco anos no setor privado (IBM e Telecom). Também dirigiu missões de paz da ONU, sendo líder de 30 delas. Em 2012 foi nomeada pelo então Secretário geral da ONU (Ban Ki- moon) Chefe de gabinete da Nações Unidas.
Embora a declarações tenham sido no sentido de “fugir de ideologias" no que se refere à politica externa, é inegável o ideal liberalizante nas relações econômicas o que levou, entre outras medidas, à renegociação da dívida externa e volta dos pagamentos.
A reorientação da política externa argentina sob Macri se concentrou em três pontos principais:
- as modificações no programa econômico-comercial em direção a um paradigma liberalizante, voltado para absorção de investimentos estrangeiros e recuperação da confiança e credibilidade internacionais;
- o afastamento do “eixo bolivariano", e o consequente isolamento da Venezuela;
- reaproximação com países considerados “tradicionais", como França, Espanha e Estados Unidos, o que possibilitaria melhores negociações nos âmbitos do Mercosul e da União Europeia.
Desta forma é possível estabelecer que a afirmativa apresentada é verdadeira.
RESPOSTA: CERTO