SóProvas


ID
3401482
Banca
FAFIPA
Órgão
Fundação Cultural Foz do Iguaçu
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Poema de Sete Faces

Carlos Drummond de Andrade


Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.


O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo. 

No trecho “As casas espiam os homens”, qual figura de linguagem é usada?

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: B

    ✓ “As casas espiam os homens”

    Temos a presença da figura de linguagem denominada prosopopeia ou personificação, é a atribuição de características humanas a seres não humanos (=visto que "casa" não espia nada e sim os humanos é que são sujeitos dessa ação de espiar).

    ☛ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Em palavras breves, as figuras de linguagem são recursos expressivos utilizados com objetivo de gerar efeitos no discurso. Dentro do extenso grupo em que se arrolam esses recursos, existem quatro subdivisões: figura de palavra, figura de construção, figura de sintaxe e figura de som. Inspecionemos o trecho:

     “As casas espiam os homens”

    As casas são coisas, matéria inanimada, sem vida, sem órgãos do sentido, logo não podem espiar ninguém senão figuradamente, servindo-se de característica que não lhe pertence. Há, portanto, presença de personificação, animismo ou prosopopeia na estrutura acima.

    a) Metonímia

    Incorreto. São relações reais de ordem qualitativa que levam a empregar metonimicamente uma palavra por outra, a designar uma coisa com o nome de outra. Ex.: ler Machado de Assis (o livro de Machado de Assis), beber o copo de cachaça (beber a cachaça).

    b) Personificação

    Correto. Consiste na atribuição de ações, qualidades ou sentimentos humanos a seres inanimados. Também é utilizada para emprestar vida a e ação, não necessariamente humanas, a seres inanimados. Exs.:

    “O carrinho tem pouco serviço e passa mor parte do tempo no depósito.” (Monteiro Lobato)

    “Os sinos chamam para o amor.” (Mario Quintana);

    “(...) o sol, no poente, abre tapeçarias...” (Cruz e Sousa);

    “Um frio inteligente (...) percorria o jardim...” (Clarice Lispector)

    c) Eufemismo

    Incorreto. É o emprego de uma palavra ou expressão branda para se evitar o teor desagradável da mensagem. Ex.: “Agora que o meu pobre amigo jaz a dormir o derradeiro sono.” (Monteiro Lobato)

    d) Pleonasmo

    Incorreto. É o emprego de palavras desnecessárias ao sentido. Há dois tipos: um a que se chama de vicioso, decorrente da ignorância da significação das palavras (hemorragia de sangue, elo de ligação, subir para cima), e o literário, que serve à ênfase, ao vigor da expressão. Ex.: “Era como se todo o mundo que ele pisara com os pés, que vira com os seus olhos, que pegara com as suas mãos, se perdesse num instante.” (José Lins do Rego)

    Letra B

  • Metonímia: Emprestar um termo no lugar do outro (Só bebi um copo de agua).