SóProvas


ID
3407590
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Peruíbe - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Brasil repele cientistas que investigam novo tratamento para glaucoma

Líder de investigação sobre causa de cegueira irreversível lamenta fuga de estudantes talentosos

Marcelo Leite


    O glaucoma, doença do nervo óptico que responde pela maior parte dos casos de cegueira irreversível, avança no país com o envelhecimento da população. Um grupo de jovens pesquisadores do Rio de Janeiro procura uma via revolucionária para tratar a enfermidade, mas está perto de abandonar o Brasil.

    O mais correto seria dizer que o Brasil os abandonou. Ou ameaça fazê-lo, como se verá adiante. Antes, a boa nova: sai nesta segunda-feira (12) na conceituada revista Development artigo do time sobre a promissora via alternativa de tratamento. A notícia é excelente não só para idosos brasileiros, uma vez que a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que no ano que vem haverá 80 milhões de pessoas com glaucoma no mundo. A equipe se formou liderada por Mariana Souza da Silveira no laboratório de Rafael Linden no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também participou Rodrigo Martins, do Instituto de Ciências Biomédicas da mesma UFRJ.

    Eles demonstraram que a ativação de um único gene (Klf4) pode induzir a reconstituição de células ganglionares da retina, cuja degeneração está na raiz do glaucoma.

    O experimento empregou ratos, portanto não há garantia plena de que ocorrerá o mesmo efeito de regeneração em seres humanos. É o bastante, no entanto, para encorajar a persistência nesse rumo, que um dia poderá render frutos.

    “Acreditamos que há um longo caminho até uma terapia de verdade, e muita coisa ainda por entender na biologia subjacente”, afirmam Silveira e o principal autor do estudo, Maurício Rocha-Martins, em entrevista à Development. “Nossos dados indicam, contudo, que o programa para gerar células ganglionares [no embrião] pode ser reativado, o que abre novas direções para terapias regenerativas”.

    Até então os tratamentos experimentais sob investigação envolviam a proteção ou transplantes de células ganglionares cultivadas em laboratório (“in vitro”, dizem os biólogos), que conseguem integrar-se na retina e lançar prolongamentos (axônios) até as áreas visuais do cérebro do roedor. O procedimento, porém, tem baixa eficiência e risco de rejeição das células. Criar células ganglionares a partir de outras presentes no próprio organismo (“in vivo”) é alternativa bem mais atraente. Espera-se que o gene Klf4 possa provocar o mesmo efeito em seres humanos.

     É provável, entretanto, que aconteçam no exterior os novos passos do estudo de pesquisadores brasileiros reunidos por Silveira (ainda que uma pequena parte tenha sido realizada na Alemanha). A equipe se dispersou. A própria líder da pesquisa se encontra em Portugal. Passa por um período sabático no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da cidade do Porto, “como estratégia de sobrevivência”.    

    Silveira tenta consolidar colaborações fora do país e diversificar linhas de pesquisa com o intuito de garantir a manutenção do grupo de pesquisa no Brasil: “A ideia é buscar financiamentos internacionais”, explica, pois os recursos de pesquisa no país estariam decididamente desaparecendo.

    Dos seis estudantes coautores do artigo, só uma - a mais jovem - continua no Brasil. O primeiro autor faz pós-doutorado na Alemanha, três outros estão cursando ou concluindo doutorado na Alemanha e na França, e o quinto acaba de se decidir por um doutorado no Canadá e está de partida. E há pouco incentivo para retornarem.

    “Estudantes talentosos estão desmotivados a ficar ou voltar para o Brasil em função da redução drástica do número de bolsas, dos seus valores desatualizados e da falta de financiamento. O fundamental é considerar o impacto que isso possivelmente terá a médio e longo prazo. A fuga de estudantes excelentes já é uma realidade”.


(Marcelo Leite, Brasil repele cientistas que investigam novo tratamento para glaucoma. Folha de S.Paulo. 12.08.2019. Adaptado)

Assinale a alternativa que reescreve dados apresentados no texto em conformidade com a norma-padrão da língua quanto ao emprego dos numerais e as respectivas flexões dos demais termos da frase.

Alternativas
Comentários
  • A) Dos seis estudantes coautores, tanto o primeiro quanto o quinto estará (estarão) longe do país nos próximos tempos

    B) Os seis integrantes da equipe de Mariana Souza da Silveira já não se reunirá (reunirão) no Brasil.

    C) A pesquisa científica, em universidades de três países europeus, já receberam (recebeu) mais da metade da equipe formada no Brasil.

    D) O segundo, o terceiro e o quarto estudante recebem mais incentivos de países europeus.

    E) Igual ao primeiro autor, a sexta pesquisadora do grupo não permanecerão (permanecerá) no Brasil.

  • Temos, basicamente, uma questão de concordância, basta se atentar aos numerais

    O segundo, o terceiro e o quarto estudante recebem mais incentivos de países europeus.

  • O segundo, o terceiro e o quarto estudante recebem mais incentivos de países europeus.

  • gabarito letra D. visto que o sujeito concorda com o verbo corretamente!
  • Sobre a letra A

    Quando os sujeitos estiverem ligados pelas séries correlativas (tanto... como/ assim... como/ não só... mas também, etc.) - o que comumente ocorre é o verbo ir para o plural, embora o singular seja aceitável se os núcleos estiverem no singular.

    Exemplos:

    Tanto Erundina quanto Collor perderam as eleições municipais em São Paulo.

    Tanto Erundina quanto Collor perdeu as eleições municipais em São Paulo.

    https://www.portugues.com.br/gramatica/concordancia-verbal-.html#:~:text=%2D%20o%20que%20comumente%20ocorre

    %20%C3%A9,elei%C3%A7%C3%B5es%20municipais%20em%20S%C3%A3o%20Paulo.

    Cansado de ficar tentando decorar prazos de lei, teclas de atalho ou classificações de doutrinadores usando mnemônicos malucos que apenas quem os inventou entende?

    Use Anki, um programa de flashcards totalmente gratuito e open-source (Código Aberto), disponível para Windows, Mac, Linux, iOS e Android.

    https://apps.ankiweb.net/

  • Detalhe: o verbo poderia estar no singular tranquilamente, pois o sujeito composto dá ideia de inclusão, por causa do "e" (é um caso facultativo).

    Talvez, se houvesse um "ou" ali no meio, haveria a ideia de exclusão, fazendo com que o verbo fique no singular obrigatoriamente, mesmo sendo sujeito composto.

    Um e outro entrará (entrarão) na sala.

    Um ou outro vencerá esse jogo. (Vê-se que não tem como dois vencerem o jogo, portanto ideia de exclusão.)

  • A letra a), achei que poderia estar correta, devido à possibilidade de o verbo concordar, no singular, com o sujeito mais próximo (o quinto).

    "Se o sujeito composto tem os seus núcleos ligados por série aditiva enfática (não só... mas, tanto... quanto, não só... como, etc.), o verbo concorda com o mais próximo ou vai ao plural (o que é mais comum quando o verbo vem depois do sujeito). " (BECHARA, E. - Moderna Gramática Portuguesa | 2014)