Gabarito D.
3.2. Burocracia, Sistemas Sociais e Tipos de Dominação
O tema burocracia e seus desdobramentos, invariavelmente, nos levam até Max Weber. Weber considerava a burocracia como “um sistema social burocraticamente organizado”, como “um tipo de poder ou de dominação”, da mesma forma que considerava o poder carismático, o patriarcalismo, o patrimonialismo, o feudalismo. Weber não se referia ao Estado político-intangível, mas aos Governos-Agentes desses Estados que exerciam o poder. Assim, é possível atrelar a burocracia a uma forma de poder ou dominação, que os governantes exerciam sobre seus governados.
Esses tipos de dominação encontravam-se ligados aos sistemas sociais “burocraticamente organizados”. Segundo Santanley (1966), “a burocracia-racional do tipo weberiano é, provavelmente, um sistema social instável”. Ou, dito de uma forma mais precisa: “uma organização ou burocracia é um sistema social racional, ou sistema social em que a divisão do trabalho é racionalmente realizada tendo em vista os fins visados” (Motta e Bresser-Pereira, 1980). Assim, é possível atribuir a burocracia à característica de sistema social.
Existem muitos sistemas sociais, mas três espécies desses sistemas se destacam: sistemas sociais praticamente desorganizados, como a multidão, os diversos públicos e as classes sociais, como os grupos de idade, a região etc.; sistemas sociais semiorganizados, como a família, a tribo, o clã, o feudo, a pequena empresa familiar etc.; e organizações ou burocracias, organizações formais e organizadas (Wilson Granjeiro, 2006).
Em seus estudos, Weber também vincula a burocracia (ou poder burocrático) às grandes organizações capitalistas privadas, ou ao Estado administrativo público, enquanto “aparelho administrativo do Poder Público”. Organização formal para Max Weber (1966) é “qualquer grupo social empenhado na consecução de objetivos explícitos e declarados, através de esforços manifestamente coordenados”. Assim, também é possível entender a burocracia como uma organização formal pública ou privada.
O conceito de racionalidade burocrática nos faz refletir
sobre a Administração Pública Burocrática. A administração burocrática
clássica, baseada nos princípios da administração do exército prussiano, foi
implantada nos principais países europeus no final do século passado; nos
Estados Unidos, no começo deste século; e no Brasil, em 1936, com a reforma administrativa
promovida por Maurício Nabuco e Luís Simões Lopes (PEREIRA, 1996). Nesse contexto,
a Administração Pública Burocrática surge na segunda metade do século XIX, na
época do Estado liberal, como forma de combater a corrupção e o nepotismo
patrimonialista.
Segundo
PEREIRA (1995), constituem princípios orientadores do seu desenvolvimento:
“a profissionalização, a idéia de
carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo, em síntese,
o poder racional-legal. Os controles administrativos visando evitar a
corrupção e o nepotismo são sempre a priori. Parte-se de uma desconfiança
prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles dirigem
demandas. Por isso são sempre necessários controles rígidos dos processos,
como por exemplo na admissão de pessoal, nas compras e no atendimento a
demandas".
Com isso, segundo RENNÓ (2015), a teoria da
burocracia buscou adaptar as organizações para os novos desafios de uma
sociedade moderna. Ademais, objetivava uma maior previsibilidade e padronização
do desempenho de sues funcionários, visando uma maior eficiência. Para tanto,
focava nos meios necessários para se atingir determinado objetivo e não no fim
em si.
Sendo assim, a burocracia Weberiana possuía uma visão
restrita da divisão do trabalho, o que fazia com que seus funcionários
perdessem uma visão global da organização. Ressalta-se, ainda, que esse modelo
de administração possuía uma “visão voltada excessivamente para as questões
internas (sistema fechado, ou seja, autorreferente, com a preocupação não nas
necessidades dos clientes, mas nas necessidades internas da própria burocracia)"
(RENNÓ, 2015).
Em face do exposto, podemos começar a responder à questão
em análise:
Letra “A" – uma
das disfunções do modelo burocrático é justamente a falta de uma visão global
da organização. Com isso, ela não leva em consideração as metas de cada funcionário
como um meio para se desenvolver uma visão do todo. Para a burocracia, quanto
mais padronizada, especializada, normatizada, previsível e regulamentada for a
organização, maior será sua racionalização e sua eficiência. Portanto, essa não
poderia ser a resposta da questão;
Letra “B" - um dos pressupostos
da burocracia é a impessoalidade. Para ela, todos os procedimentos são
realizados com o fim na eficiência e no combate ao desperdício, à ineficiência
e à corrupção. Para atingir a racionalidade, ela não visa desenvolver uma
cultura organizacional nem considera as metas individuais de cada funcionário,
pois sempre existirá a impessoalidade e a profissionalização do trabalho;
Letra “C" – conforme comentado anteriormente, um dos pressupostos da
burocracia é a impessoalidade. Para ela, todos os procedimentos são realizados
com o fim na eficiência e no combate ao desperdício, à ineficiência e à corrupção.
Para atingir a racionalidade, ela não visa alcançar a missão da organização nem
considera as metas individuais de cada funcionário, pois sempre existirá a
impessoalidade e a profissionalização do trabalho, seja a curto, médio ou longo
prazo;
Letra “D" – essa alternativa
apresenta aspectos de procedimentos, de meios para se atingir a um fim. Para a
teoria burocrática, os objetivos da organização, além de outros, devem ser as
rotinas, os procedimentos a previsibilidade como meio de torna-la mais
eficiente. Uma organização racional é eficiente, e não eficaz. Portanto, essa
alternativa se enquadra nos parâmetros da teoria burocrática, sendo o gabarito
da questão em análise;
Letra “E" - conforme comentado anteriormente, a burocracia visa a eficiência,
e não a eficácia. Ademais, ela não foca na implementação de uma cultura
organizacional em si, mas sim nos meios necessário para o combate ao desperdício,
à ineficiência e à corrupção.
GABARITO DO PROFESSOR: LETRA “D".
FONTES:
PEREIRA,
Luiz Carlos Bresser. Da Administração
Pública Burocrática à Gerencial. RSP n 47. BRAS´ILIA, 1996.
PEREIRA,
Luiz Carlos Bresser. Plano Diretor da
Reforma do Aparelho do Estado. Brasília, 1995.
RENNÓ,
Rodrigo. Administração Geral para
Concursos. 2ª Ed. – Rio de Janeiro: Método, 2015.
BIZU:
Pessoal,
quem está se preparando para provas que incluem a matéria de Administração
Pública, para concursos na área de controle ou de gestão e quer passar na prova, DEVE ler dois artigos fundamentais e
complementares:
1 - Da Administração Pública Burocrática à Gerencial, Luiz
Carlos Bresser Pereira, RSP nº 47, Brasília-DF, 1996.
2
- Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, Luiz Carlos Bresser Pereira,
Brasília-DF, 1995.
Boa
parte das questões são tiradas desses dois artigos. Basta pesquisar no Google
que vocês irão encontrar esses artigos em PDF.
Comece
a estudar forte hoje, HOJE!, porque
daqui há 1(hum) ano você pode se arrepender de não ter começado hoje.
Bons
estudos!