SóProvas


ID
3420814
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Patos de Minas - MG
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                    Fora Uber! E leve o Facebook junto.

           Pode parecer conversa de tiozão, mas essa geração do polegar está cada dia

                 mais desconectada da   realidade. Não sei o que vai ser do mundo

                                       se essa modinha de internet pegar.


      Vou confessar uma coisa: acho uma grande sacanagem essa história de Uber. Não vou entrar no mérito sobre legalidade, ilegalidade, pirataria e regulamentação. Mas não me parece certo esse caminho, aparentemente sem volta, para uma vida facilitada pela internet e seus aplicativos.

      O Uber é um desses. Ele tira do cliente a experiência de caminhar até o ponto e negociar a corrida. Tira também o prazer de jogar roleta‐russa enquanto levantamos as mãos no fio da calçada e experimentamos as delícias do acaso: ao volante pode estar alguém que nos ensine as propriedades do chá de carqueja ou alguém que relate em detalhes as frieiras no pé esquerdo. Pode estar também alguém com o atalho para tudo, inclusive para exterminar a bandidagem, a corrupção, o tédio dos domingos e a própria frieira. Um amigo jura ter encontrado, certa feita, um taxista com uma tese bastante bem fundamentada sobre a mobilidade urbana: que São Paulo só teria jeito quando a Teodoro começasse a descer e a Cardeal, a subir.

      Nada contra o Uber. Tenho até amigos que são usuários. O que não gosto é dessa ideia de adaptar a vida a partir das inovações tecnológicas. Elas são o problema.

      Já não gostei quando começaram a oferecer o serviço em automóveis. Gostava mesmo era dos cavalos. Naquele tempo, sim, as coisas funcionavam: os taxistas criavam os equinos nos estábulos perto de casa. Podíamos acompanhar o desenvolvimento dos animais: a alimentação, o tratamento dos dentes, o ajuste da sela, a aplicação dos xampus para a crina. Não esses xampus comprados em qualquer farmácia, mas feitos em casa com babosa e amor.

      Quando os bichos estavam prontos, aí sim podíamos assobiar a eles, sentar na sela de trás e observar a frugalidade da paisagem enquanto o cavaleiro‐taxista nos falava sobre as sacanagens da monarquia testemunhadas por outros clientes. Não fossem aqueles passeios, jamais saberíamos, por exemplo, que o filho de Dom Pedro I era o verdadeiro dono da Friboi.

      Mas eu confesso também: gostava do tempo do imperador e até hoje não me conformo com esse aplicativo chamado República. Naquele tempo não recebíamos convites, o tempo todo, para nos mobilizar em campanhas e petições pela causa A ou B. Nem textões de Facebook de pessoas jogando em nossa cara o desconforto com nossos privilégios.

      Ninguém precisava dizer “sou contra”, “sou a favor, mas veja bem”, sobretudo mulheres. Elas cuidavam de nossos filhos e nós trazíamos o javali ao fim do dia. E ninguém reclamava. Hoje querem até ser presidente.

      Maldita inclusão digital.

      Antes, o que o soberano decidia estava decidido. Não tinha essa necessidade boba de participar e dar pitaco sobre tudo. Sobrava‐nos o resto do dia para escrever cartas, perfumar o papel, beijar a assinatura, colar o envelope, escolher a melhor roupa, o melhor chapéu, fazer a barba, chamar o táxi, montar no cavalo, viajar por dias até o posto dos Correios na capital, pagar o serviço com dinheiro, ser assaltado sem precisar lembrar a senha, voltar para casa e esperar a resposta do destinatário.

      Hoje em dia com um clique matamos todo esse procedimento. Podemos enviar mensagens sem precisar nos vestir – muitas vezes puxamos conversa sobretudo por NÃO estar com roupa alguma.

      Pense no tanto de trabalho eliminado desde que inventaram o botão “compartilhar”. Perderam o posto o lenhador, o sujeito que transformava madeira em papel, o fabricante de tinta, de caneta tinteira e da cola, o entregador de papel, o criador de cavalo, o cavaleiro...tudo com um clique.

      O resultado? O resultado é essa geração blasé que, em pleno almoço de família, pega o smartphone e mergulha num mundo paralelo de cristal líquido sem dar a mínima para os questionamentos educativos de pais, avós e tios sobre “e o vestibular?”, “tá estudando?”, “já tá rico?”, “e a namorada?”, “tá usando camisinha?”, “que brinquinho é esse?”, “seu amigo é meio esquisito, não?”, “e esse decote?”. Sem contar as conversar construtivas sobre as aleivosias da vida íntima da cunhada. Que não está à mesa.

      Pode parecer conversa de tiozão, mas essa geração do polegar está cada dia mais desconectada da realidade. Não sei o que vai ser do mundo se essa modinha de internet pegar.

(Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/cultura/fora‐uber‐e‐leve‐o‐facebook‐junto‐6001.html. Acesso em: 16/09/2015.)

Assinale a alternativa em que o verbo sublinhado está flexionado em tempo diferente dos demais.

Alternativas
Comentários
  • Cautelinha, eu resolvi a primeira vez errado pois fui comparar com os verbos da continuação do parágrafo e é para comparar com os verbos das opções A,B,C e D.

    A) PERDERAM: Pretérito PERFEITO do Indicativo ex: Eles perderam (ALTERNATIVA CORRETA)

    B) GOSTAVA: Pretérito imperfeito (rotina no passado)

    C) TINHA: Pretérito imperfeito (rotina no passado)

    D) DECIDIA: Pretérito imperfeito (rotina no passado)

  • Embora eu tenha acertado a questão, ao meu ver, ela está bem mal formulada, ambígua. O enunciado deve ter clareza para não confundir o candidato.
  • Não é no tempo e sim no MODO DIFERENTE.

  • (A) Perderam - Pretérito perfeito do indicativo

    (B) Gostavam - Pretérito imperfeito do indicativo

    (C) Tinha - Pretérito imperfeito do indicativo

    (D) Decidia - Pretérito imperfeito do indicativo

    Resposta: A

  • VA IA NHA pq já ERA

  • Vamos lá.

    A questão pede assim " Assinale a alternativa em que o verbo sublinhado está flexionado em tempo diferente dos demais".

    O Gabarito letra A. O tempo verbal está no pretérito perfeito.(ação totalmente terminada no passado)

    Já as demais estão todas no Pretérito imperfeito

  • Ao meu ver todas estão no mesmo tempo, contudo em modo diferente. O comando desta questão está induzindo o candidato ao erro. Acredito que essa questão devia ter sido anulada.

  • Resposta: “A”

    a)   “Perderam o posto o lenhador,...” (11º§)

    Pretérito Perfeito do Indicativo (conjugado na 3ª pessoa do plural, termina em “ram”. É fixo para todos os verbos.

    b) “Gostava mesmo era dos cavalos.” (4º§)

    Pretérito imperfeito do Indicativo VA - Verbos terminados em “ar”

    c) “Não tinha essa necessidade boba...” (9º§)

    Pretérito imperfeito do Indicativo NHA - Verbos terminados em “ter- verbo irregular”

    d) “o que o soberano decidia estava decidido.” (9º§)

    → Pretérito imperfeito do Indicativo IA - Verbos terminados em “er/ir”

    Bizu: VA-IA-NHA-ERA

    (ERA= verbo SER)

    #Aprovação é uma questão de escolha!

  • Barros Matemática, o tempo é o mesmo, pretérito imperfeito. Só um que estava no pretérito perfeito. Caso só um estivesse no presente, também estaria errado.

    O modo é pra determinar quando é indicativo, subjuntivo ou imperativo.

  • va-ia-nha-era

  • Questão mal elaborada, fui procurar foi no texto verbos pra poder comparar