SóProvas


ID
3426484
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Cerquilho - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto para responder à questão.



         Um dia vou contar numa crônica a lenta agonia do meu gato amazonense quando tive de me separar dele para viver em São Paulo. Agora a história é outra: um cachorro…
         Um cão de raça, com pedigree, como se diz. Forte, belo, musculoso, de pelagem castanha, focinho altivo e dentes perfeitos. Um príncipe de quatro patas.
       Uma corrente de aço amarrava-o a um poste, enquanto o dono, que comprava brioches numa das boas padarias afrancesadas de São Paulo, andava livremente.
       Gania como um louco. Às vezes parecia chorar de dor, saudade, solidão ou desamparo. Dava dó. E o dono demorava. Então os transeuntes se apresentaram. Paravam perto do poste, admiravam a beleza do animal e se condoíam com o sofrimento alheio. Alguém se revoltou com tamanha insensibilidade do dono. Uma mulher se agachou, murmurou palavras ternas ao pobre bicho, acariciou-o com dedos cheios de anéis. Esse gesto comoveu o mundo.
         Enfim, ele apareceu à porta da padaria. É natural que o cão tenha sido o primeiro a farejar a presença de seu dono; os transeuntes abriram-lhe passagem, e o reencontro foi um alvoroço, uma festa diurna. “Ele é mimado”, disse o dono, como se falasse de um filho.
       O pelourinho foi banido, e o poste readquiriu sua função de poste. Solto e livre como um verdadeiro cidadão, o cachorro saltou de alegria, enchendo a manhã de esperança; depois, ele e outros bichos foram o centro da conversa. É uma dádiva que, num domingo ensolarado, o assunto não seja política.
       A calçada ficou quase deserta. Um homem a poucos metros do poste permaneceu na mesma posição. É um negro desempregado. Nesse domingo de Ramos ele é também um mendigo. O animal roubou-lhe a atenção, mas o homem ainda mantinha seus gestos. Sentado e com a mão espalmada, o homem pede uma moeda ou restos de comida.
       Outro dia, bem cedo, passei pela calçada da padaria e lá estava o homem. Uma roda de curiosos o observava. Sentado no mesmo lugar, mãos e braços caídos. Morto. Desde quando? Continuei meu passeio fútil. E perguntei a mim mesmo, com curiosidade, por onde andaria aquele belo cachorro.


(Milton Hatoum. “Domingo sem cachorro”.
http://terramagazine.terra.com.br, 17.04.2006. Adaptado)

Quanto à ocorrência do acento indicativo de crase, assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas da frase a seguir:

A população assiste, indiferente, _____ pessoas que vivem ______ margem da sociedade, alegando que cabe _____ prefeituras fazer algo ______ respeito.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    ? A população assiste, indiferente, às pessoas que vivem à margem da sociedade, alegando que cabe a prefeituras fazer algo a respeito.

    ? 1ª lacuna: verbo "assistir" com sentido de "ver" é transitivo indireto e rege a preposição "a" + artigo definido "as" que acompanha o substantivo feminino "pessoas"= crase;

    ? 2ª lacuna: à margem (locução adverbial com base feminina, o uso da crase é correto e obrigatório);

    ? 3ª lacuna: que cabe algo (fazer algo) a alguém (=preposição "a"), o autor optou por não usar o artigo definido "as", deixou um sentido genérico, qualquer prefeitura, logo, somente a crase (a prefeituras);

    ? 4ª lacuna: a respeito (somente a preposição "a" antes do substantivo masculino).

    Baixe a Planilha de Gestão Completa nos Estudos Grátis: http://3f1c129.contato.site/plangestaoestudost3

    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Minha considerações sobre a questão:

     A população assiste, indiferente,() pessoas que vivem à margem da sociedade, alegando que cabe () prefeituras fazer algo a respeito.

    *** Verbo VISAR no sentido de assistir: Verbo transitivo Indireto VTI.

    no sentido de ajudar: Verbo transitivo Direto VTD.

    Ao ler a frase antes ver as alternativas logo entendi que estava no sentido de ajudar, que no caso não tem que se falar em crase, equivoquei, ai tem que analisar as outras opções que não deixam questionamentos.

    É preciso ter disciplina pois nem sempre estaremos motivados

  • Gostaria de entender porque ele colocou a prefeituras. Alguém poderia me ajudar? Ficou vago para mim mesmo com a explicação acima do Arthur. Poderia deixar o artigo no singular? Gente boiei... Preciso de aula.

  • A questão requer conhecimento sobre Regência Verbal e Nominal; Crase: uso do acento indicativo de crase.


    A população assiste, indiferente, __às___ pessoas que vivem ___à___ margem da sociedade, alegando que cabe ___à__ prefeituras fazer algo ___a___ respeito.


    Na 1ª lacuna, o adjetivo “indiferentes” exige a preposição “a”,  e o substantivo “pessoas” exige o artigo definido “as”. Houve a fusão de duas vogais idênticas, por isso o uso do acento indicativo de crase.


    Na 2ª coluna, há uma locução adverbial de lugar cujo núcleo é feminino (margem).

    Locuções formadas por palavras femininas sempre levam crase.

    O “a” que aparece nas locuções adjetivas, adverbiais, prepositivas e conjuntivas é apenas preposição. Embora não tenha havido a fusão de duas vogais idênticas, o acento é apenas por questões de clareza. Exemplos: À fantasia, à toa, à vontade, à noite, à procura de, à frente de, à medida que, à proporção que etc.


    Na 3ª coluna, o verbo “caber” no sentido de ser adequado ou compatível, de pertencer ou competir é Transitivo Indireto exigindo a preposição “a”. O substantivo “prefeituras” está sendo usado no sentido geral, pois cabe a todas as prefeituras fazer algo pelo povo. Porém, se esta prefeitura estivesse especificada, por exemplo, Prefeitura do Rio de Janeiro, seria determinada pelo artigo definido “a”. Nesse caso, haveria a crase.

    Palavras tomadas em sentido geral não devem ter o acento indicativo de crase.


    Na 4ª coluna, há a locução “a respeito” cujo núcleo é uma palavra masculina. Não se usa crase diante de palavras masculinas, salvo se houver uma palavra ou expressão feminina elíptica.


    GABARITO DA PROFESSORA: ALTERNATIVA (A)

  • Oi, Eliana. Pode sim.

    Tanto escrever:

    "alegando que cabe Às(a + as) prefeituras do Estado fazer algo" → Há crase nesse caso, pois determinamos quais são as prefeituras que devem fazer algo.

    como

    "alegando que cabe a prefeituras fazer algo" → Aqui não há crase, pois não determinamos quais são as prefeituras: tem sentido genérico.

    Um abraço e bons estudos! :)

  • não se usa crase se o artigo está no singular e a palavra no plural. ou se diz ÀS PREFEITURAS ou A PREFEITURAS...

  • Excelente questão.

  • Acredito que foi um erro de impressão. "[...], alegando que cabe _ prefeituras"

    Devido o substantivo "prefeitura" ter vindo no plural a questão acaba sem alternativa correta. Vunesp e sua pressa para fazer prova.

  • Correção da professora: alegando que cabe ___à__ prefeituras.

    Aí ficou puxado hein...