SóProvas


ID
3431257
Banca
VUNESP
Órgão
Valiprev - SP
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Se a vida é um vale de lágrimas, por que não processar os pais por nos terem trazido ao mundo?

      Se o leitor nunca pensou nessa hipótese, isso pode significar duas coisas. Primeiro, que é uma pessoa sã. Segundo, que nunca leu a saga do indiano Raphael Samuel, 27, que tentou processar os progenitores, segundo o jornal “The Guardian”.

      Sim, Samuel confessa que tem uma excelente relação com eles. Mas há, digamos, um “pecado original” que o rapaz não pode perdoar: ele nasceu sem dar o seu consentimento. Uma indenização, ainda que simbólica, seria uma forma de fazer doutrina: quando queremos ter filhos, é importante ter o consentimento deles.

      Por essa altura, o leitor inteligente que lê as minhas colunas já deve ter feito uma pergunta fundamental: como obter esse consentimento? E, já agora, em que fase?

      A ciência terá aqui uma palavra importante. Mas, conhecendo o narcisismo da espécie e a tendência irresistível de marchar pelas causas mais improváveis, não é de excluir que adolescentes de todas as idades, frustrados com a vida e com a necessidade de escovar os dentes, encontrem em Raphael Samuel um modelo (de negócio).

      Antigamente, os pais poupavam para a universidade dos filhos. Hoje, convém poupar primeiro para a indenização que eles nos vão pedir.

      No limite, ver o filho a pedir uma indenização aos pais por ter nascido faz tanto sentido como pedir uma indenização ao filho por ele não querer estar cá. Quem disse que só o filho pode ter razões de queixa?

      O problema dos cálculos meramente utilitaristas é que eles são dotados de uma espantosa flexibilidade. E da mesma forma que os filhos avaliam os seus danos por terem nascido, os pais podem atuar da mesma forma.

      Investiram tudo no delfim – patrimônio genético, tempo, dinheiro, sanidade e expectativas legítimas de que ele seria um adulto.

      Mas o ingrato, no fim das contas, ainda quer fazer contas. Se isso não é motivo para uma indenização pesada, só um anjo nos pode salvar.


(João Pereira Coutinho, Alô, filho, você quer mesmo sair?

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br.

Acesso em: 15.11.2019. Adaptado)

Assinale a alternativa em que a substituição do trecho, nos colchetes, está de acordo com a norma-padrão de regência verbal.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

     a) processar os pais [levar os pais na justiça] ? levou os pais a algo (=preposição "a" + artigo definido "a"= à justiça).
     b) pensou nessa hipótese [cogitou sobre essa hipótese] ? correto, cogitou SOBRE alguma coisa (=sobre essa hipótese).
     c) obter esse consentimento [lograr desse consentimento] ? lograr algo (=esse consentimento).
     d) avaliam os seus danos [calculam a seus danos] ? calculam alguma coisa (=seus danos).
     e) ele nasceu [veio no mundo] ? veio a algum lugar (=ao mundo).

    Baixe a Planilha de Gestão Completa nos Estudos Grátis: http://3f1c129.contato.site/plangestaoestudost3

    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Assertiva b

    pensou nessa hipótese [cogitou sobre essa hipótese]

  • LOGRAR => OBJETO DIRETO. NÃO CABE "DESSE"

  • O verbo COGITAR pode ser VTD ou VTI:

    Significado de Cogitar

    verbo transitivo direto e transitivo indireto

    Pensar insistentemente sobre alguma coisa; refletir acerca de:

    -> precisava cogitar sobre a proposta de emprego.

    -> A perda de peças-chave do time titular foi tão sentida a ponto de Mano cogitar a possibilidade de ser obrigado a alterar o modo de jogo do time.

    Fonte:dicio.com.br

  • a) Incorreto. "Levar" é verbo bitransitivo na acepção em tela e reclama preposição "a" e não "em";

    b) Correto;

    c) Incorreto. "Logar" é verbo transitivo direto, de modo que não demanda preposição alguma - no caso em tela, preposição "de";

    d) Incorreto. "Calcular" é verbo transito direto. Repele preposição "a";

    e) Incorreto. "Vir" é verbo transitivo indireto e requer preposição "a".

    Letra B

  • A banca VUNESP tem o costume de elaborar questões de reescrita frasal de forma explícita ou implícita como notamos nesta questão. Mas um fator interessante é o direcionamento da reescrita, pois diferente do comportamento de muitas outras bancas, a VUNESP sinaliza o que deve ser observado na reescritura. Esta questão trabalha a reescrita com base na observância da REGÊNCIA VERBAL. Portanto, ao fazermos a substituição, vamos analisar clinicamente esse conteúdo com base na norma-padrão exigida no enunciado.

    A) processar os pais [levar os pais na justiça]
    ERRADO- Note que, ao fazermos a substituição, há uma incorreção gramatical, pois a regência correta exige a preposição A, da seguinte forma:
    LEVAR OS PAIS À JUSTIÇA.
    B) pensou nessa hipótese [cogitou sobre essa hipótese]
    GABARITO: Ao fazermos a substituição, podemos observar que não há nenhum erro de regência. Cogitar sobre algo, acerca de algo.
    C) obter esse consentimento [lograr desse consentimento]
    ERRADO- Veja que, ao substituirmos o fragmento pelo que está entre colchetes, há uma incorreção gramatical, pois a regência correta NÃO EXIGE PREPOSIÇÃO.
    D) avaliam os seus danos [calculam a seus danos]
    ERRADO- Observe que a oração entre colchetes possui um incorreção da regência verbal, pois o verbo CALCULAR não rege preposição.
    E) ele nasceu [veio no mundo]
    ERRADO- A regência está incorreta entre colchetes uma vez que a regência correta exige a preposição A.
    Veja:
    VEIO AO MUNDO

    GABARITO: B
  • GAB. B)

    pensou nessa hipótese [cogitou sobre essa hipótese]