Fala pessoal! Tudo beleza? Professor Jetro Coutinho na área, para comentar esta questão sobre a Curva de Phillips.
A curva de Phillips é uma curva que demonstra um trade off (relação inversa) entre inflação e desemprego. Quando maior a inflação, menor o desemprego e vice-versa. Por isso, a curva é negativamente inclinada.
Só que essa curva tem diversas versões. As duas principais são a versão aceleracionista e a versão racional.
Na versão aceleracionista da curva de Phillips, vigoram as expectativas adaptativas, isto é, os agentes olham para o passado para definir expectativas futuras. Isso ocasiona que a inflação esperada é igual à inflação observada no passado, o que gera inércia inflacionária. A única forma de romper esse ciclo, seria se o futuro não fosse igual ao passado. Assim, para romper a inércia inflacionária, o governo teria que surpreender os agentes econômicos, por meio de um choque de demanda/oferta.
Já a versão racional da curva de Phillips argumenta que os agentes NÃO olham para o passado, mas sim para o futuro. Ou seja, eles se baseiam em toda informação disponível que possuem para formar suas expectativas de inflação. Entre essas informações disponíveis, está a credibilidade do governo.
Enquanto na versão aceleracionista, o governo deveria surpreender os agentes econômicos, na versão racional é o contrário: o governo deve ser o mais previsível possível, de forma a angariar credibilidade. Isso deve ocorrer porque os agentes não olham mais para o passado, apenas para o futuro, o que significa que se eles não acreditarem que o governo vai combater a inflação, eles automaticamente irão aumentar a expectativa para a inflação futura.
A versão racional da Curva de Phillips também tem uma versão mais extrema, chamada de versão forte das expectativas racionais (que é o que a questão trata). Nesta hipótese, os agentes sempre acertam suas previsões sobre inflação. Isso implica que não haverá mais trade off entre inflação e desemprego (curva de Phillips 100% vertical), já que a política monetária perderia efeito, pois os agentes já se preparariam antecipadamente para as mudanças monetárias (pois eles sempre acertam a inflação).
Por fim, vale lembrar que, no longo prazo, assim como na versão forte das expectativas racionais, a curva de Phillips é 100% vertical, ou seja, não há trade off entre inflação e desemprego.
Vamos às alternativas:
A) Incorreta. Se os agentes são totalmente racionais, vale a versão forte das expectativas racionais, na qual a curva de Phillips é 100% vertical. Assim, não haverá trade off entre inflação e desemprego.
B) Incorreta. Isso ocorre na versão aceleracionista (expectativas adaptativas) e não na versão racional.
C) Incorreta. Isso implicaria em uma curva de Phillips positivamente inclinada, o que não ocorre em nenhuma versão da curva de Phillips.
D) Correta. Sob expectativas racionais, se o governo tiver credibilidade e disser que vai praticar política monetária contracionista, os agentes levarão essa informação em consideração e automaticamente ajustarão sua expectativa de inflação para baixo.
E) Incorreta. Se estamos sob a versão forte das expectativas racionais (hipótese da questão), os agentes sempre acertam suas previsões. Isso implica que a política monetária não traz efeito sobre o produto, apenas sobre os preços, o que aproxima a economia do modelo clássico, onde estamos sempre no pleno emprego. Portanto, a taxa de desemprego efetiva seria igual a taxa natural.
Gabarito do Professor: Letra D.