SóProvas


ID
346915
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Resende - RJ
Ano
2010
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO III:

          O cajueiro

          O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância, belo, imenso, no alto do morro, atrás de casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.

          Eu me lembro de outro cajueiro que era menor e morreu há muito mais tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da pequena touceira de espadas-de-são-jorge e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude. Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos canteiros de flores humildes, beijos, violetas. Tudo sumira, mas o grande pé de fruta-pão ao lado da casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além, sentir o leve  balanceio na brisa da tarde.

          No último verão ainda o vi; estava como sempre carregado de frutos amarelos, trêmulo de sanhaços. Chovera; mas assim mesmo fiz questão de que Caribé subisse o morro para vê-lo de perto, como quem apresenta a um amigo de outras terras um parente muito querido.

         A carta de minha irmã mais moça diz que ele caiu numa tarde de ventania, num fragor tremendo pela ribanceira abaixo, e caiu meio de lado, como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha casa. Diz que passou o dia abatida, pensando em nossa mãe, em nosso pai, em nossos irmãos que já morreram. Diz que seus filhos pequenos se assustaram; mas depois foram brincar nos galhos tombados.

         Foi agora, em setembro. Estava carregado de flores.

(Rubem Braga, Cem crônicas escolhidas, Rio, José Olímpio, 1956, pp. 320-22)


“Tudo sumira, mas o grande pé de fruta-pão ao lado da casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família.”

São apresentadas as ideias secundárias presentes no período em destaque:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito B

    Desculpe, não vou comentar a questão como se deve. Vou expor minha revolta, indiferença, pessimismo com a ruína de um sistema democrático de acesso (os concursos) e a submissão de nosso poder jurídico a uma falsa liberdade de cátedra. 

    A questão tem um caráter tão subjetivo, tão opinativo, que não há resposta plausível. É CHUTE. Repito. É a mesma banca que fará o importante concurso do TSE 2012. O que esperar?
  • Sei não viu... Essa Consulplan anda inventando umas coisas aí...
  •  Apesar de concordar com a revolta do colega, temos que tentar lutar com as armas que temos não é mesmo? 
    Fiz por eliminação...

    a) Submissão, saudosismo e preservação ambiental. Não existe nada relacionado a preservação ambiental

    b) Ruína, abandono, solidão e afinidade afetiva.

    c) Pessimismo, contrariedade e regionalismo. Pessimismo é um estado de espírito que  se caracteriza por ver as coisas sempre pelo lado negativo.

    d) Revolta, apego aos bens materiais e preservação ambiental.

    e) Indiferença, regionalismo e religiosidade. Não têm como você dizer que algo é SAGRADO e ser indiferente a isso.


    Bons estudos!

     

  • Pois é. Tomara que os outros tribunais que, de mesmo modo, são esperados para esse ano de 2012 escolham bancas mais capacitadas! Falem bem ou mal mas o CESPE pelo menos não tem questões tão mal elaboradas como essas!!!
  • Concordo com os colegas Augusto e Eduardo. Mas se queremos ser aprovados no concurso, teremos de seguir a linha de raciocínio da banca.
    O CESPE,  nos leva a analisar as questões. O que fazer?
    Perseverem nos estudos e boa prova!

  • Para falar a verdade até a pergunta é difícil de entender...
  • Voltem para o enunciado da questão e vejam como está claro. O enunciado pede a interpretação das ideias secundárias DO TRECHO apenas:

    Tudo sumira (Ruína, abandono e solidão), mas o grande pé de fruta-pão ao lado da casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família (afinidade afetiva).” 

    Para coroar a questão basta fazer as devidas eliminações:

    a) Submissão(sim), saudosismo(sim) e preservação ambiental (NÃO).

    b) Ruína(sim), abandono(sim), solidão(sim) e afinidade afetiva(sim).(GABARITO)

    c) Pessimismo(NÃO), contrariedade(+ ou -) e regionalismo (NÃO).

    d) Revolta (forçado sim), apego aos bens materiais (sim) e preservação ambiental (NÃO).


    Voltem p

  • só complementando....

    regionalismo: Propensão a fazer prevalecer os interesses particulares de uma região em que se vive ou à qual se dedica.Expressão artística que reflete a tradição e os costumes de uma região.

    somente nessa frase não apareceu nada de tradição e costumes da região, logo todas de regionalismo poderiam ser EXCLUÍDAS. 

  • Não vi nem Abondono e nem solidão, sair do subjetivismo das redações da FCC para os textos da Consulplan

  • Legítima pergunta de adivinhação!