SóProvas


ID
3487372
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Linhares - ES
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto

O casamento da Lua


O que me contaram não foi nada disso. A mim, contaramme o seguinte: que um grupo de bons e velhos sábios, de mãos enferrujadas, rostos cheios de rugas e pequenos olhos sorridentes, começaram a reunir-se todas as noites para olhar a Lua, pois andavam dizendo que nos últimos cinco séculos sua palidez tinha aumentado consideravelmente. E de tanto olharem através de seus telescópios, os bons e velhos sábios foram assumindo um ar preocupado e seus olhos já não sorriam mais; puseramse, antes, melancólicos. E contaram-me ainda que não era incomum vê-los, peripatéticos, a conversar em voz baixa enquanto balançavam gravemente a cabeça.

E que os bons e velhos sábios haviam constatado que a Lua estava não só muito pálida, como envolta num permanente halo de tristeza. E que mirava o Mundo com olhos de um tal langor e dava tão fundos suspiros – ela que por milênios mantivera a mais virginal reserva – que não havia como duvidar: a Lua estava pura e simplesmente apaixonada. Sua crescente palidez, aliada a uma minguante serenidade e compostura no seu noturno nicho, induzia uma só conclusão: tratava-se de uma Lua nova, de uma Lua cheia de amor, de uma Lua que precisava dar. E a Lua queria dar-se justamente àquele de quem era a única escrava e que, com desdenhosa gravidade, mantinha-a confinada em seu espaço próprio, usufruindo apenas de sua luz e dando azo a que ela fosse motivo constante de poemas e canções de seus menestréis, e até mesmo de ditos e graças de seus bufões, para distraí-lo em suas periódicas hipocondrias de madurez.

Pois não é que ao descobrirem que era o Mundo a causa do sofrimento da Lua, puseram-se os bons e velhos sábios a dar gritos de júbilo e a esfregar as mãos, piscando-se os olhos e dizendo-se chistes que, com toda franqueza, não ficam nada bem em homens de saber... Mas o que se há de fazer? Frequentemente, a velhice, mesmo sábia, não tem nenhuma noção do ridículo nos momentos de alegria, podendo mesmo chegar a dançar rodas e sarabandas, numa curiosa volta à infância. Por isso perdoemos aos bons e velhos sábios, que se assim faziam é porque tinham descoberto os males da Lua, que eram males de amor. E males de amor curam-se com o próprio amor – eis o axioma científico a que chegaram os eruditos anciãos, e que escreveram no final de um longo pergaminho crivado de números e equações, no qual fora estudado o problema da crescente palidez da Lua.

(MORAES, Vinícius de. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 52-53, excerto.)

Das alterações feitas na redação da oração adjetiva no fragmento “eis o axioma científico a que chegaram os eruditos anciãos” (3º §), aquela que está INCORRETA quanto à regência é:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

     a) eis o axioma científico de que falavam os eruditos anciãos ? falavam de alguma coisa (CORRETO).
     b) eis o axioma científico em cujos princípios acreditavam os eruditos anciãos ? acreditavam em alguma coisa (CORRETO).
     c) eis o axioma científico contra o qual argumentavam os eruditos anciãos ?  argumentavam contra alguma coisa (CORRETO).
     d) eis o axioma científico pelo qual lutaram os eruditos anciãos ? lutaram por alguma coisa (por+o=pelo. CORRETO).
     e) eis o axioma científico sobre que contavam os eruditos anciãos ? contavam alguma coisa (que contavam; sem preposição).

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  • Alguns detalhes importantes:

    A) de que falavam os eruditos anciãos.

    Falavam de algo.

    B) eis o axioma científico em cujos princípios acreditavam os eruditos anciãos.

    Acreditavam em algo.

    C) eis o axioma científico contra o qual argumentavam os eruditos anciãos.

    Argumentavam contra o qual.

    D) eis o axioma científico pelo qual lutaram os eruditos anciãos.

    lutavam por algo.

    E) eis o axioma científico sobre que contavam os eruditos anciãos.

    Contavam sobre algo.

    Sucesso,bons estudos não desista!

  • Lembrando que, quando o verbo exigir preposição, ela deverá vir antes do pronome relativo e não poderá ser suprimida.

  • "Em cujos" está correto?

  • Bom! Na minha humilde opinião, acho que o erro é o "que" depois de "sobre". Preposição dissilábica (ou mais) só pode ser usada antes de "o qual" (ou variações).

  • Gabarito E

    eis o axioma científico sobre que contavam os eruditos anciãos.

    Essa preposição ''sobre'' não cabe ai!!

    Puxando a regência do verbo contar, não tem esse ''sobre''. O certo seria:

    ''eis o axioma científico que contavam os eruditos anciãos''

    E referente ao ''em cujos''..Está correto, porque essa preposição ''em'' está se referindo à regência do verbo Acreditar.

    Acreditamos EM alguma coisa.

    eis o axioma científico em cujos princípios acreditavam os eruditos anciãos.

    (Ou seja, os eruditos anciãos acreditavam EM princípios pertencentes ao axioma científico) Repare que ''os princípios'' Pertencem ao ''axioma cientifico'' . (A palavra cujo sempre remete a pertencer)

  • GABARITO: E

    a) eis o axioma científico de que falavam os eruditos anciãos.

    → Correto. Quem fala, fala de algo.

    b) eis o axioma científico em cujos princípios acreditavam os eruditos anciãos.

    → Correto. Quem acredita, acredita em algo.

    c) eis o axioma científico contra o qual argumentavam os eruditos anciãos.

    → Correto. Quem argumenta, argumenta contra algo.

    d) eis o axioma científico pelo (por + o) qual lutaram os eruditos anciãos.

    → Correto. Quem luta, luta por alguém/alguma coisa.

    e) eis o axioma científico sobre que contavam os eruditos anciãos.

    → Errado. Quem conta, conta algo (uma história, por exemplo). Não conta sobre algo. Essa preposição foi empregada de modo incorreto.

    Correção: "eis o axioma científico que contavam os eruditos anciãos."

    Espero ter ajudado.

    Bons estudos! :)

  • A questão quer saber qual alternativa fez uso erradamente da regência. Vejamos:

    a) eis o axioma científico de que falavam os eruditos anciãos.

    Correta. O verbo "falar" é transitivo indireto e rege a preposição DE quando fala de alguém.

    Os eruditos anciãos falam do axioma científico.

    b) eis o axioma científico em cujos princípios acreditavam os eruditos anciãos.

    Correta. O verbo "acreditar" é transitivo indireto e rege a preposição EM quando esse verbo tiver sentido de ter confiança.

    Os eruditos anciãos acreditavam em princípios

    c) eis o axioma científico contra o qual argumentavam os eruditos anciãos.

    Correta. O verbo "argumentar" quando indica algum protesto rege a preposição "contra" e é transitivo indireto.

    Os eruditos anciãos argumentaram contra...

    d) eis o axioma científico pelo qual lutaram os eruditos anciãos.

    Correta. O verbo "lutar" rege a preposição "por" (por + a = pela) quando com sentido de opor-se é transitivo indireto e rege a preposição POR.

    Os eruditos lutaram pelo...

    e) eis o axioma científico sobre que contavam os eruditos anciãos.

    Incorreta. O verbo "contar" pode reger a preposição "sobre" com sentido de falar. O erro foi usar o pronome relativo "que", pois diante de preposição com mais de duas sílabas, não se usa o "que". O correto seria o uso do "o qual".

    Os eruditos anciãos contavam sobre o axioma...

    ....sobre o qual os eruditos anciãos.

    Referências bibliográficas:

    Cunha, Celso,Nova gramática do português contemporâneo [recurso eletrônico) / Celso Cunha, Lindley Cintra. - 7. ed., reimpr. — Rio de Janeiro : Lexikon, 2017. 

    LUFT, Celso Pedro, Dicionário prático de regência verbal / Celso Pedro Luft. - 8.ed., 12.impr. - São Paulo : Ática, 2008

    GABARITO: E

  • Quanta enrolação, Quem CONTA conta A.

    e Não SOBRE .