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ID
3491845
Banca
FAFIPA
Órgão
CAGEPAR
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      O ano era 1860 e pouco, e a cidade, o Rio de Janeiro, capital da corte imperial. Caía a tarde. Os sinos chamavam para as ave-marias. [...]

      Nos sobrados, via-se um movimento por trás das janelas. Eram as mulheres que tinham tomado a fresca e, agora, iam rezar. Nos oratórios domésticos, era tempo de acender as velas e puxar um terço. Vez por outra se ouviam acalantos. As crianças da casa iam dormir com medo de bichos infernais: o caipora ou o lobisomem. O choro mais triste de um deles era sinal de que o papa-figo devorava um malcriado ou respondão. Nas cozinhas, nos fundos de quintal ou no último andar dos sobrados, as escravas se atarefavam em preparar os pratos da ceia. Comentavam que o negro Manuel caminhava sobre brasas no dia de São João sem sentir dor. Ou que um espelho rachara: sinal de morte na casa. As badaladas das torres das igrejas anunciavam as horas. À meia-noite, ouviam-se nas pedras da rua ruídos de patas de cavalos, de rodas e até a voz áspera do boleiro. Era o carro de alma penada que passava. Quem cruzasse perto da Igreja de Santa Rita ouviria gemidos, veria almas penadas.

(DEL PRIORE, Mary. Do outro lado. São Paulo: Editora Planeta, 2014, p. 15-16.) 

Com base no texto, assinale a alternativa CORRETA quanto ao uso do sinal indicativo de crase.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

     a) Em “Eram as mulheres que tinham tomado a fresca...”, a ausência do sinal de crase nos termos destacados demonstra que a crase é opcional → incorreto, nenhum termo rege a preposição "a" para que a crase venha a se formar.
     b) Em “As crianças da casa iam dormir com medo...”, a crase poderia ter sido usada no termo destacado, sem prejuízo à norma culta → incorreto, o termo "as" é um artigo definido e marca o sujeito verbal (não há sujeito preposicionado, logo, não há como se formar crase).
     c) Em “À meia-noite, ouviam-se nas pedras da rua ruídos...”, o uso da crase no termo destacado é obrigatório, de acordo com a norma culta → correto, temos um adjunto adverbial de tempo com base feminina (uso da crase correto e obrigatório).
     d) Em “...e até a voz áspera do boleiro”, o uso da crase é proibido em virtude da presença da palavra “até” → incorreto, após a preposição "até" o uso da crase é FACULTATIVO.

    ☛ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Para avaliar se convém ou não a marcação do fenômeno crásico, recomenda-se, de saída, a substituição por termo masculino. Partindo da regra geral, a princípio, analisemos:

    a) Incorreto. Substituindo por termos masculinos: "Eram os homens que tinham tomado o ar." Conforme se nota, os termos destacados comportam-se como artigos. No trecho original "Eram as mulheres que tinham tomado a fresca" os termos em destaque também o são, de modo que se torna impossível haver marcação do fenômeno crásico;

    b) Incorreto. Substituindo por termo masculino: "Os jovens da casa iam dormir com medo". Nota-se que o termo destacado é artigo, da mesma forma que o é "As crianças da casa iam dormir com medo". Anula-se por completo a possibilidade de acentuação;

    c) Correto. Aqui, marca-se o fenômeno crásico por haver indicação de horas. É obrigatório o uso, incorrendo-se em crasso erro se suprimido o acento;

    d) Incorreto. Substituindo por termos masculinos: "e até o suspiro áspero do boleiro". Há somente artigo, bem como o há no trecho original "e até a voz áspera do boleiro". Não há maneira de se marcar o fenômeno.

    Letra C

  • Assertiva C

    Em “À meia-noite, ouviam-se nas pedras da rua ruídos...”, o uso da crase no termo destacado é obrigatório, de acordo com a norma culta.