SóProvas


ID
3495646
Banca
IBADE
Órgão
Prefeitura de Vila Velha - ES
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O alto preço de viver longe de casa


      Voar: a eterna inveja e frustração que o homem carrega no peito a cada vez que vê um pássaro no céu. Aprendemos a fazer um milhão de coisas, mas voar… Voar a vida não deixou. Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas. E que, neste caso, poder voar nos causaria crises difíceis de suportar, entre a tentação de ir e a necessidade de ficar.

      Muito bem. Aí o homem foi lá e criou a roda. A Kombi. O patinete. A Harley. O Boeing 737. E a gente descobriu que, mesmo sem asas, poderia voar. Mas a grande complicação foi quando a gente percebeu que poderia ir sem data para voltar.

      E assim começaram a surgir os corajosos que deixaram suas cidades de fome e miséria para tentar alimentar a família nas capitais, cheias de oportunidades e monstros. Os corajosos que deixaram o aconchego do lar para estudar e sonhar com o futuro incrível e hipotético que os espera. Os corajosos que deixaram cidades amadas para viver oportunidades que não aparecem duas vezes. Os corajosos que deixaram, enfim, a vida que tinham nas mãos, para voar para vidas que decidiram encarar de peito aberto.

      A vida de quem inventa de voar é paradoxal, todo dia. É o peito eternamente dividido. É chorar porque queria estar lá, sem deixar de querer estar aqui. É ver o céu e o inferno na partida, o pesadelo e o sonho na permanência. É se orgulhar da escolha que te ofereceu mil tesouros e se odiar pela mesma escolha que te subtraiu outras mil pedras preciosas.

      E começamos a viver um roteiro clássico: deitar na cama, pensar no antigo-eterno lar, nos quilômetros de distância, pensar nas pessoas amadas, no que eles estão fazendo sem você, nos risos que você não riu, nos perrengues que você não estava lá para ajudar. (...)

      Mas será que a gente aprende? A ficar doente sem colo, a sentir o cheiro da comida com os olhos, a transformar apartamentos vazios na nossa casa, transformar colegas em amigos, dores em resistência, saudades cortantes em faltas corriqueiras?

      Será que a gente aprende? A ser filho de longe, a amar via Skype, a ver crianças crescerem por vídeos, a fingir que a mesa do bar pode ser substituída pelo grupo do whatsapp, a ser amigo através de caracteres e não de abraços, a rir alto com HAHAHAHA, a engolir o choro e tocar em frente?

      Será que a vida será sempre esta sina, em qualquer dos lados em que a gente esteja? Será que estaremos aqui nos perguntando se deveríamos estar lá e vice versa? Será teste, será opção, será coragem ou será carma?

      Será que um dia saberemos, afinal, se estamos no lugar certo? Será que há, enfim, algum lugar certo para viver essa vida que é um turbilhão de incertezas que a gente insiste em fingir que acredita controlar?

      Eu sei que não é fácil. E que admiro quem encarou e encara tudo isso, todo dia. (...)

      O preço é alto. A gente se questiona, a gente se culpa, a gente se angustia. Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem que a gente embarque. Alguns não vão. Mas nós, que fomos, viemos e iremos, não estamos livres do medo e de tantas fraquezas. Mas estamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado. Keep walking.

Ruth Manus 14/06/2015 Disponível em:emais.estadão.com.br


Keep walking: continue andando

Assinale a opção em que a oração realçada tem a mesma classificação da destacada em: “Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem QUE A GENTE EMBARQUE.”.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    “Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem QUE A GENTE EMBARQUE.” → conjunção subordinativa integrante "que" equivalendo a "isso" e dando início a uma oração subordinada objetiva direta (função sintática de objeto direto do verbo "pedem").

     a) “inveja e frustração QUE O HOMEM CARREGA NO PEITO A CADA VEZ” → pronome relativo "que" equivalendo a "as quais" (retoma os termos "inveja" e "frustação" e dá início a uma oração subordinada adjetiva restritiva, ela vem sem pontuação).
     b) “a gente percebeu QUE PODERIA IR” → conjunção subordinativa integrante "que" equivalendo a "isso" e dando início a uma oração subordinada objetiva direta (função sintática de objeto direto do verbo "percebeu").
     c) “para viver oportunidades QUE NÃO APARECEM DUAS VEZES.” → pronome relativo "que" equivalendo a "as quais" (retoma o termo "oportunidades" e dá início a uma oração subordinada adjetiva restritiva, ela vem sem pontuação).
     d) “nos risos QUE VOCÊ NÃO RIU” → pronome relativo "que" equivalendo a "aos quais" (retoma o termo "risos" e dá início a uma oração subordinada adjetiva restritiva, ela vem sem pontuação).
     e) “para viver essa vida QUE É UM TURBILHÃO DE INCERTEZAS” → pronome relativo "que" equivalendo a "a qual" (retoma o termo "vida" e "frustação" e dá início a uma oração subordinada adjetiva restritiva, ela vem sem pontuação).

    ☛ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • A questão exige conhecimento de sintaxe (orações). Vejamos alguns conceitos de que precisamos para resolução das alternativas:

    → Oração subordinada adjetiva é aquela que tem valor de adjetivo, pois cumpre papel de determinar um substantivo (nome ou pronome) antecedente. Essa é introduzida pelos pronomes relativos: que, em que, quem, onde, o qual (a qual, os quais, as quais). cujo (cuja, cujas, cujos). Podem ser explicativa (com vírgula) e restritiva (sem vírgula ), começam com pronome relativo.

    → Oração subordinada substantiva é aquela que tem valor de substantivo e exerce, em relação a outra oração, a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto. 

    Normalmente introduzida pelas conjunções subordinativas integrantes que e se. Pode trocar o "que" e "se" por ISSO.

    Após vermos os conceitos, iremos analisar em qual alternativa a oração é classificada de forma diferente das demais. Analisemos:

    a) Incorreta.

    Em "inveja e frustração as quais o homem carregava no peito a cada vez”. Notem que pude trocar a partícula "que" pelo pronome relativo "as quais", quando isso acontecer, é porque a oração é subordinada adjetiva. Ela é uma oração subordinada adjetiva restritiva, porque não tem vírgula.

    O pronome relativo sempre retoma um termo anterior, aqui retoma "inveja e frustração".

    b) Correta.

    Em “a gente percebeu QUE PODERIA IR”/ a gente percebeu isso. A gente percebeu o quê? Isso.

    O verbo perceber é transitivo direto no caso em exposição e precisa de um complemento verbal sem preposição, objeto direto. A oração inteira seguinte funciona como objeto direto, assim, chamamos de oração subordinada substantiva objetiva direta.

    c) Incorreta.

    Em “para viver oportunidades às quais não aparecem duas vezes.” Notem que pude trocar a partícula "que" pelo pronome relativo "às quais", quando isso acontecer, é porque a oração é subordinada adjetiva. Ela é uma oração subordinada adjetiva restritiva, porque não tem vírgula.

    O pronome relativo sempre retoma um termo anterior, aqui retoma "oportunidades".

    d) Incorreta.

    "nos risos nos quais você não riu". Notem que pude trocar a partícula "que" pelo pronome relativo "nos quais", quando isso acontecer, é porque a oração é subordinada adjetiva. Ela é uma oração subordinada adjetiva restritiva, porque não tem vírgula.

    O pronome relativo sempre retoma um termo anterior, aqui retoma "nos risos".

    e) Incorreta.

    Em “para viver essa vida na qual é um turbilhão de incertezas”. Notem que pude trocar a partícula "que" pelo pronome relativo "na qual", quando isso acontecer, é porque a oração é subordinada adjetiva. Ela é uma oração subordinada adjetiva restritiva, porque não tem vírgula.

    O pronome relativo retomou o termo anterior "para viver essa vida".

    A única alternativa que inicia com uma oração diferente é a letra b.

    Referência bibliográfica:

    CEREJA, William Roberto. MAGALHÃES, Thereza Cochar. Conecte : gramática reflexiva. 2. ed. - São Paulo: Saraiva, 2013.

    GABARITO: B

  • As vezes pedem isso.

    A gente percebeu isso.

    Bizu :)

  • Faça uma troca rápida :

    Que por isso= conjunção integrante.

    Que por os qual (ais) , (das) quais

    A) “inveja e frustração QUE O HOMEM CARREGA

    A qual o homem carrega.

    B) “a gente percebeu QUE PODERIA IR”

    A gente percebeu / isso.

    C) “para viver oportunidades QUE NÃO APARECEM DUAS VEZES.”

    Oportunidades (das quais).

    D) “nos risos QUE VOCÊ NÃO RIU”

    Risos (os quais) vc não riu.

    E) “para viver essa vida QUE É UM TURBILHÃO DE INCERTEZAS”

    Essa vida( A qual).

    Bons estudos!

  • Basta eliminar as frases que não contêm verbo antes do "que" e dentre as que tenham, achar um VTD.

  • Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem QUE A GENTE EMBARQUE.”.

    QUEM PEDE, PEDE ALGO....

    a gente percebeu QUE PODERIA IR

    QUEM PERCEBE, PERCEBE ALGO....

  • Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem QUE A GENTE EMBARQUE. (Oração subordinada substantiva objetiva direta)

    “a gente percebeu QUE PODERIA IR” (Oração Subordinada substantiva objetiva direta)

    OBS: O QUE é conjunção integrante e não possui função sintática, pois não é um termo anafórico.

  • Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem QUE A GENTE EMBARQUE. (Oração subordinada substantiva objetiva direta)

    “a gente percebeu QUE PODERIA IR” (Oração Subordinada substantiva objetiva direta)

    OBS: O QUE é conjunção integrante e não possui função sintática, pois não é um termo anafórico.

  • Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem QUE A GENTE EMBARQUE. (Oração subordinada substantiva objetiva direta)

    “a gente percebeu QUE PODERIA IR” (Oração Subordinada substantiva objetiva direta)

    OBS: O QUE é conjunção integrante e não possui função sintática, pois não é um termo anafórico.

  • Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem QUE A GENTE EMBARQUE. (Oração subordinada substantiva objetiva direta)

    “a gente percebeu QUE PODERIA IR” (Oração Subordinada substantiva objetiva direta)

    OBS: O QUE é conjunção integrante e não possui função sintática, pois não é um termo anafórico.

  • Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem QUE A GENTE EMBARQUE.”.

    Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem ISSO.

    QUE A GENTE EMBARQUE É OBJETO DIRETO, pois pode ser substituído por isso, ache a alternativa que possa ser substituído por isso é faça a função de OBJETO DIRETO.

    A gente percebeu ISSO.

  • Subjetiva

    Oração sem Sujeito

    isso

    Objetiva Direta

    Conjunção (referente ao verbo)

    isso

    Objetiva Indireta

    Preposição

    disso

    Completiva Nominal

    Preposição + conjunção

    disso

    Predicativa

    Conjunção está ao lado do verbo de ligação

    Apositiva

    Separada por pontuação