SóProvas


ID
3497878
Banca
FCC
Órgão
SABESP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Escrevo estas linhas


      Escrevo estas linhas em agosto de 1943, depois da batalha de Stalingrado e da queda de Mussolini. É um livro de prosa, assinado por quem preferiu quase sempre exprimir-se em poesia. Esse suposto poeta não desdenha a prosa, antes a respeita a ponto de furtar-se a cultivá-la. Seria inútil repisar o confronto das duas formas de expressão, para atribuir superioridade a uma delas. Mas a verdade é que se a poesia é a linguagem de certos instantes, e sem dúvida os mais densos e importantes da existência, a prosa é a linguagem de todos os instantes, e há uma necessidade humana de que não somente se faça boa prosa como também que nela se incorpore o tempo, e com isto se salve esse último.

      Não há muitos prosadores entre nós que tenham consciência do tempo e saibam transformá-lo em matéria literária. Frequentemente a literatura se faz à margem do tempo ou contra ele – seja por incapacidade de apreensão, covardia ou cálculo. Daí o vazio e o desconforto do texto literário, como a insatisfação que ele desperta em cada vez mais descrentes leitores.

      Este livro começa em 1932, quando Hitler era candidato (derrotado) a presidente da República e termina em 1943, com o mundo submetido a um processo de transformação pelo fogo. Os que viveram em tal período terão de confessar-se transformados, mais sérios e esclarecidos, mais determinados quanto aos problemas fundamentais do indivíduo e da coletividade. Não lhes bastará fazer uso contínuo da palavra cultura ou da palavra justiça, mas antes devem contribuir com tudo o que tenham de bom para que essas palavras assumam seu conteúdo verdadeiro ou, então, sejam varridas do dicionário. E digo aos rapazes: Rapazes, se querem que a literatura tenha algum préstimo no mundo de amanhã, reformem o conceito de literatura. Reformem a própria capacidade de admirar e de imitar, inventem olhos novos ou novas maneiras de olhar, para merecerem o espetáculo novo de que estão participando.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Confissões de Minas. São Paulo: Cosac Naify, 2011, p. 11-13)

As normas de concordância verbal encontram-se plenamente atendidas na frase:

Alternativas
Comentários
  • Olá, pessoal.

    ERROS EM VERMELHO - EXPLICAÇÕES EM AZUL

    A Se só a certos instantes devem a poesia suas formas de atuar, a prosa é a linguagem de todos os momentos.

    Falta de crase no objeto indireto

    B Costumam ser sombrias as linhas a que se dedicam quem escreve em períodos tormentosos da história.

    Pronome correto: as quais, pois "quem escreve se dedica às linhas" -> "as linhas às quais se dedica quem escreve..."

    C Muitos dos prosadores que têm havido entre nós descuidaram-se da expressão do nosso tempo de catástrofes.

    Próclise obrigatória

    D Aos leitores devem ocorrer que entre eles e seus escritores prediletos estão os mesmos fatos a pedir interpretação.

    Isso [sujeito oracional] deve ocorrer a alguém.

    E >GABARITO< A decifração de tempos históricos difíceis instiga um bom escritor a com eles manter toda a fidelidade possível.

    Esses foram os erros que achei. Qualquer erro favor me avisar p/ que retifique.

  • Com todo respeito, Desculpe-me , mas não merece prosperar tal análise, analisei seguindo o proposto ao tema:

    A) ❌ Se só a certos instantes devem a poesia suas formas de atuar, a prosa é a linguagem de todos os momentos.

    A poesia - deve - algo-VTDI = OD- a sua forma de atuar - OI- a certos instantes ..

    B) ❌ Costumam ser sombrias as linhas a que se dedicam quem escreve em períodos tormentosos da história.

    fazendo a troca por um masculino se aparecer "ao" = Crase.

    As linhas a que se dedica quem escreve.

    Os pontos aos quais se dedica quem escreve

    C) ❌ Muitos dos prosadores que têm havido entre nós descuidaram-se da expressão do nosso tempo de catástrofes.

    Quando o se está ao lado de um verbo transitivo direto = Partícula apassivadora ..

    Noutras palavras - deve ficar no singular.

    D) ❌ Aos leitores devem ocorrer que entre eles e seus escritores prediletos estão os mesmos fatos a pedir interpretação.

    Aos leitores deve ocorrer / isso= caso de sujeito oracional= Verbo deve ficar na 3ª

    E) A decifração de tempos históricos difíceis instiga um bom escritor a com eles manter toda a fidelidade possível.

    A decifração---- instiga...

    Eles remete-se a tempos históricos..

    Equívocos? Mande msg.

    Bons estudos!

  • Na letra C: o verbo haver é empregado no sentido de existir, então o correto seria "tem havido"

  • OBSERVAÇÕES

    A questão exige a análise da concordância verbal. Todos os problemas de regência e de colocação pronominal são periféricos e irrelevantes para a questão. O gabarito é E. Analisemos outras alternativas.

    Alternativa B) Breno Menezes e ⚖~Matheus Oliveira~☕☠♪♫, o problema principal dessa alternativa é a discordância entre os verbos dedicam e escreve. O correto, na análise da banca, seria "Costumam ser sombrias as linhas às quais se dedicam quem escrevem em períodos tormentosos da história" ou "Costumam ser sombrias as linhas às quais se dedica quem escreve em períodos tormentosos da história".

    Alternativa C) O colega Rafael Munhoz está certo. O verbo haver com sentido de existir só se conjuga na 3° pessoa do singular, a construção "Muitos dos prosadores que têm havido" não é aceita pela gramática. No que se refere ao pronome, não, ⚖~Matheus Oliveira~☕☠♪♫, não se trata de uma partícula apassivadora, mas sim de um pronome reflexivo: a partícula apassivadora só aparece na voz passiva e o que há aqui é a voz reflexiva. Além disso, o verbo não deve ficar no singular, sob pena de discordância verbal: "Muitos [...] descuidou [...]".

    E colegas, evitem que as análises de VI, VTI, VTD, VTDI ofusquem a visão panorâmica das composições. Notem que aqui a transitividade verbal não importa.

  • Sobre a Letra C:

    O verbo Haver no sentido de Existir é impessoal e essa impessoalidade vai para o verbo auxiliar:

    Correto: tem havido!

    Já colocação pronominal esta correta:

    Indicativo:Pretérito Mais-que-perfeito

    Eu descuidara-me

    Tu descuidaras-te

    Ele descuidara-se

    Ns descuidáramo-nos

    Vós descuidáreis-vos

    Eles descuidaram-se

  • Cuidado. Quase todos os comentários contêm erros.

    Peçam ajuda para o professor e não confiem em qualquer comentário que lançam aqui

  • Acertei a questao por exclusoes...nao sou bom em portugues,mas acredito que o "a que" esta correto.

    Reparando nos comentarios,acho que o erro da alternativa B esta nos verbos dedicar e escrever.

  • A FCC caprichou nessa prova de estagiário viu, coitados.

  • Comentem com consciência, tem muito comentário errado.

  • Cuidado com os comentários!!!

    Para não aprender o assunto de modo errado...

    ”Cego guiando cego vai todo mundo pro precipício”