SóProvas


ID
3519391
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de São José dos Campos - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto para responder a questão.

       A entrevista estava marcada na casa dele, numa das favelas mais pobres de Fortaleza. De manhã bem cedo, eu e o fotógrafo esperávamos, na porta de uma ONG ainda fechada, o educador que nos levaria até aquele emaranhado de endereços desencontrados, um território dividido por duas quadrilhas rivais do tráfico de drogas. O menino apareceu de repente, vestido com uma camiseta do Brasil. Sem olhar para mim, ele disse: “Na minha casa, não.” Não dizia o porquê. Apenas sacudia a cabeça em sinal de negativa explícita. Ele era pequeno para os seus 15 anos, mas o seu “não” era enorme.
       A porta da ONG abriu, e ele entrou. Sentou-se na cadeira da recepção e tentou ligar o computador. Passou-se muito tempo, talvez quase uma hora de silêncios entre nós, interrompidos por uma ou outra palavra que servia ao menino apenas como demarcação do território. O território que ele não queria que eu alcançasse, as palavras curtas marcando que não haveria palavras longas. Eu não sabia se tinha o direito de continuar ali, talvez nunca saiba. Mas ele também não ia embora.
    Então a cozinha da ONG abriu. E, de um salto, ele já estava lá. Como se eu fosse um vira-lata esquecido, me chamou com displicência. Mas ainda não me olhava. Sentei-me diante dele e o vi devorar um pão em menos de um minuto. No segundo pão, ele me enxergou pela primeira vez, oferecendo-me um pedaço. A certa altura, parecendo com pena de mim, disse:
   – Você entende só um pouco de português, né?
     O menino tinha razão. Eu não alcançava a riqueza da sua língua portuguesa, que dava conta de um Brasil diverso, com palavras nascidas ali mesmo. Expressões gestadas na necessidade de dar conta de uma realidade na qual era necessário, por exemplo, nomear o momento-limite em que o gatilho da arma é acionado, mas a bala não sai.
     Mas era mais do que isso. Eu demorei a lê-lo. Eu era analfabeta dele. O seu “não” da altura de um edifício, a postura do seu corpo, entre acuada e pronta para saltar no meu pescoço, o seu medo de mim, que às vezes beirava a raiva, era fome. Frequentemente me deparei com essa fome, a fome que é um substantivo sem adjetivo possível.
     O menino me leu muito antes de eu a ele. Percebeu que eu era estrangeira ao seu Brasil. Estranhou a cor da minha pele, a tonalidade do meu cabelo, a forma e o som das minhas palavras. Estranhou que eu precisasse de tradução para algumas de suas frases. Estranhou porque havia que estranhar.

(Eliane Brum. Limites da linguagem. https://brasil.elpais.com, 04.08.2014. Adaptado)

Assinale a alternativa que apresenta frase corretamente redigida quanto ao emprego do acento indicativo de crase e às regras de regência da língua portuguesa.

Alternativas
Comentários
  • Assertiva E

    O presidente da ONG fez alusão à sua equipe, da qual muito se orgulha.

  • ✅ Gabarito: E

    A) Pessoas que vivem em locais violentos são mais propensas de ingressarem à criminalidade → INCORRETO. Ingressarem em algo (=na criminalidade).

    B) Devido à diversas questões sociais, uma língua está sujeita em ter muitas variedades → INCORRETO. Devido a alguma coisa (=preposição "a"), porém, temos um termo no plural que é acompanhando pelo artigo definido "as", o correto é "devido às diversas questões".

    C) A marginalidade infantil decorre à uma falta de políticas públicas eficazes → INCORRETO. Decorre de alguma coisa (=de uma criminalidade).

    D) A subnutrição tem feito com que algumas crianças cresçam menos do que à expectativa → INCORRETO. Menos do que alguma coisa (=a expectativa).

    E) O presidente da ONG fez alusão à sua equipe, da qual muito se orgulha → CORRETO. Fez alusão a alguma coisa (=preposição "a") + artigo definido "a" que acompanha o pronome possessivo "sua" (=crase). Crase facultativa (=à sua OU a sua).

    ☛ FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Pronome possessivo feminino - vai crase.

  • Complementando a alternativa A:

    Pessoas que vivem em locais violentos são mais propensas de (a) ingressarem à criminalidade.

  • Antes de pronome pode ser utilizado crase?

    Pois o Gabarito da questão apresenta crase antes de pronome possessivo, podem retirar essa dúvida que surgiu?

  • Diante de pronome possessivo feminino:

    Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:

    Minha avó tem setenta anos.

    A minha avó tem setenta anos.

    Minha irmã está esperando por você.

    A minha irmã está esperando por você.

    Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

    Cedi o lugar minha avó.

    Cedi o lugar à minha avó.

    Cedi o lugar meu avô.

    Cedi o lugar ao meu avô.

    Diga a sua irmã que estou esperando por ela.

    Diga à sua irmã que estou esperando por ela.

    Diga a seu irmão que estou esperando por ele.

    Diga ao seu irmão que estou esperando por ele.

  • A questão requer conhecimento sobre Sintaxe de Regência Verbal e Nominal e Crase.


    ALTERNATIVA (A) INCORRETA – Erro de regência no adjetivo “propensas”, pois este exige preposição “a”, também há erro de regência no verbo “ingressar”, é transitivo indireto exigindo a preposição “em”. O correto seria: “Pessoas que vivem em locais violentos são mais propensas a ingressarem na criminalidade.”


    ALTERNATIVA (B) INCORRETA – A locução prepositiva “devido a” não deve ter o acento indicativo de crase porque o núcleo desta locução é uma palavra masculina, também há erro de regência no adjetivo “sujeita”, pois este exige a preposição “a”. O correto seria: “Devido a diversas questões sociais, uma língua está sujeita a ter muitas variedades.”


    ALTERNATIVA (C) INCORRETA – Há erro de regência do verbo “decorrer”. O verbo “decorrer” no sentido de proceder, ter origem em, derivar é transitivo indireto com a preposição “de”. Além disso, não se põe o acento indicativo de crase diante de palavras indefinidas. O correto seria: “A marginalidade infantil decorre de uma falta de políticas públicas eficazes.”


    ALTERNATIVA (D) INCORRETA – Uso errôneo do acento indicativo de crase em “cresçam menos do que à expectativa.” Esse “a” é apenas artigo definido determinando o substantivo “expectativa”.


    ALTERNATIVA (E) CORRETA – O substantivo “alusão” exige a preposição “a”. O pronome relativo “da qual” foi usado corretamente devido a regência do verbo “orgulhar-se”.


    Verbos pronominais (verbos conjugados com pronome átono) são transitivos indiretos. (Quem se orgulha, orgulha-se de alguma coisa / de alguém).


    O pronome relativo “da qual” está se referindo ao substantivo “equipe” mencionado na oração anterior.


    GABARITO DA PROFESSORA: ALTERNATIVA (E)

  • FERNANDO RODRIGUES , ANTES ANTES DOS PRONOMES POSSESSIVO FEMININO NO SINGULAR A CRASE E FACULTATIVA

    ALGUNS OUTROS CASOS DE FACULTATIVIDADE QUANDO TIVER DE NOME DE MULHER E DA PREPOSICAO ATE

  • alusão a alguma coisa

  • Pessoas que vivem em locais violentos são mais propensas de (a) ingressarem à criminalidade.

    Paralelismo!!!!!!!

  • Quem se orgulha..

    Se orgulha de alguma coisa

  • más não tem crase diante de artigo possessivo

  • caso facultativo de indicação de crase, gabarito letra E.

  • GAB. E)

    O presidente da ONG fez alusão à sua equipe, da qual muito se orgulha.

    Fez alusão A+A sua equipe

  • Pessoal, muito importante destacar

    (DECORE ISSO, SE NÃO VAI TE DERRUBAR NA PROVA)

    Crase facultativa: pronome possessivo feminino ADJETIVO

    Crase obrigatória: pronome possessivo feminino SUBSTANTIVO

    Exemplos:

    Vou a sua casa - OK

    Vou à sua casa - OK

    é pronome adjetivo porque tem o termo casa acompanhando

    facultativo / OBRIGATÓRIO

    -------------------- ------------------

    Veio a minha casa, e não à sua - ok

    Veio à minha casa, e não à sua - ok

    Veio à minha casa, e não a sua - ERRADOOOOO

    nesta frase, minha é pronome adjetivo/ sua é pronome substantivo

  • Casos de crase Facultativa:

    ATÉ - Após a preposição até  

    SUA - Diante de pronomes possessivos femininos (sua, minha, nossa)

    MARIA - Antes de nomes próprios femininos  

  • Crase de uso facultativo:

    Depois de Até

    Antes de Sua (Pronome possessivo feminino)

    Antes de Maria (Nomes próprios femininos)