SóProvas


ID
3519802
Banca
SELECON
Órgão
Prefeitura de São José dos Quatro Marcos - MT
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I

Machado de Assis é mesmo realista?


    O aluno tem essa dúvida quando lê que o marco da fundação do realismo no Brasil se deu em 1881, quando se publicaram “O mulato”, de Aluísio de Azevedo, e “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. A informação aparece em muitos manuais didáticos.
    O romance de Aluísio de Azevedo de fato se encaixa bem no formato realista. Mas, sabendo que o personagem Brás Cubas escreveu as suas memórias depois de morto e que no século XIX não havia evidências de vida depois da morte (como não as há até hoje, aliás), ojovem leitor se pergunta: como pode ser realista um livro que se chama “Memórias póstumas”?
    A pergunta do aluno é inteligente. A obra de Machado nos oferece várias ocasiões para duvidar do realismo que lhe imputam, como a personagem do doutor Simão Bacamarte, o protagonista de “O alienista”: ele é o cientista que se vê sempre prestes a revelar a verdade verdadeira aos incautos e não arreda desta auto ilusão nem mesmo quando encontra tão somente o seu próprio erro, mostrando-se então a caricatura do realista de carteirinha, daquele que quer nos mostrar “a vida como ela é”.
    Não contente em atacar a concepção realista com seus personagens e metáforas, Machado de Assis a combateu explícita e frontalmente em vários textos críticos.
    Na dura crítica que fez a “O primo Basílio”, romance de Eça de Queiroz, o escritor brasileiro afirmou categoricamente: "voltemos os olhos para a realidade, mas excluamos o realismo; assim não sacrificarem os a verdade estética” . Machado ordenou a exclusão do realismo do campo da arte para não sacrificar a verdade estética, isto é, aquela verdade que não esconde do leitor que inventa realidades de papel.
    No ensaio “A Nova Geração”, Machado de Assis afirmou, de maneira mais categórica ainda: “a realidade é boa, o realismo é que não presta para nada”. Creio que ele não podia ser mais claro. Segundo o autor, o realismo “não presta para nada” porque sobrepõe à vida um ideal com o qual a vida mesma não concorda.
    O realismo quer dobrar a vida à sua perspectiva, mas com isso termina por recusá-la e não por afirmá-la. O realismo quer descrever a vida como ela é, mas faz apenas uma “reprodução fotográfica e servil das cousas mínimas e ignóbeis” para as tratar com uma “exação de inventário”, ou seja, para as dispor em gavetas uniformes como se cada acontecimento se reduzisse à dimensão de todos os outros.
    Por isso, Machado não perde a chance de reduzir o realismo a uma ironia divertida: “porque a nova poética é isto e só chegará à perfeição no dia em que nos disser o número exato dos fios de que se compõe um lenço de cambraia ou um esfregão de cozinha”.
    Mas por que, se o próprio Machado de Assis reduziu o realismo a pó de traque, há tantos que ainda insistem em considerá-lo realista?


Gustavo Bernardo

(Disponível em: http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/ coluna.php?seq_coluna=16)

Há uma oração com função de objeto direto no seguinte trecho:

Alternativas
Comentários
  • É uma oração subordinada substantiva obj. direta.

    "que" substitui "por isso"

  • GABARITO OFERTADO C

    O rapaz pede uma oração com função de objeto direto!

    Segundo a gramática, O objeto direto pode, ainda, ser representado por uma oração subordinada substantiva.

    Sabemos que a conjunção integrante introduz orações subordinadas substantivas.

    No caso: “Creio ( nisso ) que ele não podia ser mais claro” (Objeto direto )

    Outros exemplos:

    Espero que eles compareçam. (que eles compareçam=objeto direto)

    Já verifiquei que não foi feito. (que não foi feito=objeto direto)

    https://www.todamateria.com.br/objeto-direto/

  • "Crer" no sentido de imaginar, considerar - verbo transitivo direto: Crer que - (imaginar que) = crer isso; O.D.

    "Crer" no sentido de acreditar, fé em alguma coisa - verbo transitivo indireto - crer em algo - crer nisso; O.I.

    Fonte: https://www.dicio.com.br/crer/

  • Pessoal, poderia também ser gabarito a letra D?

    Machado não perde a chance de reduzir o realismo a uma ironia divertida.

    VTD: perder (algo)

    Or. Sub. Subst. Objetiva Direta: a chance de reduzir...

  • achei que crer era OI, mas pelo comentario do colega entendi que depende do sentido... ok, vou estudar mais regÊncia

  • 2 – Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta é aquela que exerce a função de objeto direto da oração principal. 

  • As conjunções integrantes indicam que a oração subordinada que elas iniciam integra ou completa (complementa) o sentido da oração principal. Introduzem orações substantivas, aquelas que podem ser trocadas por “isto/disto” e desempenham funções sintáticas típicas dos substantivos, como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, aposto, predicativo. As conjunções integrantes não possuem valor semântico próprio e são apenas duas: “que” e “se”.

    Oração subordinada substantiva subjetiva:

    Exerce a função de sujeito do verbo da oração principal.

    Ex: É necessário que você estude.

    Oração subordinada substantiva objetiva direta

    Exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal.

    Ex: Quero que você estude.

    Ex: Eles não sabiam se haveria aula.

    Oração subordinada substantiva objetiva indireta

    Exerce a função de objeto indireto do verbo da oração principal, sendo sempre iniciada por uma preposição.

    Ex: O candidato necessita de que todos o apoiem agora.

    Ex: Ela insistiu em que os alunos estudassem mais.

    Oração subordinada substantiva completiva nominal

    Exerce a função de complemento nominal, completando o sentido de um nome pertencente à oração principal.

    É sempre iniciada por uma preposição.

    Ex: Tenho esperança de que vamos vencer.

    Ex: Sinto necessidade de que você fique ao meu lado.

    Oração subordinada substantiva predicativa

    Exerce a função de predicativo do sujeito do verbo da oração principal.

    Aparece normalmente depois do verbo ser.

    Ex: O bom é que a prova foi adiada.

    Ex: A dúvida era se haveria mesmo prova.

    Oração subordinada substantiva apositiva

    Exerce a função de aposto de algum termo da oração principal.

    Ex: João só queria uma coisa: que fosse aprovado logo.

  • alguém pode me tirar uma dúvida?

    Tenho em minhas anotações que:

    “Creio ( nisso ) que ele não podia ser mais claro”

    ou seja, trata-se de conjunção integrante, e o que vem após o verbo (Creio) não seria um sujeito do verbo crer???

    Nisso ou isso eu creio? (sujeito do verbo crer)

    Eu acertei a questão por eliminação, mas fiquei com essa dúvida.

  • Fui por eliminação. Pensei comigo, ao ler a letra C, está certa. Mas também vi que a letra D tem uma Oração Subordina Substantiva Objetiva Direta.

    Contudo, a letra D também está certa. Vejamos:

    “Por isso, Machado não perde (quem perde, perde alguma coisa) a chance de reduzir o realismo a uma ironia divertida”. Logo, Machado não perde (oração principal) a esperança, o carro, a fé, a alegria, o bom humor...

    a chance de reduzir (aqui temos o nosso outro verbo, que caracteriza explicitamente a segunda oração) o realismo a uma ironia.

    Por mais que não tenha aceitado recurso nessa questão, está claro que foi um erro colossal.

  • Alguém tem algum link de professor corrigindo essa questão? Se sim, posta aqui por favor.