SóProvas


ID
3612073
Banca
Instituto Consulplan
Órgão
Prefeitura de Suzano - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Pregos

    Foi de repente. Dois quadros que tenho na parede da sala despencaram juntos. Ninguém os havia tocado, nenhuma ventania naquele dia, nenhuma obra no prédio, nenhuma rachadura. Simplesmente caíram, depois de terem permanecido seis anos inertes. Não consegui admitir essa gratuidade, fiquei procurando uma razão para a queda, haveria de ter uma.
    Poucos dias depois, numa dessas coincidências que não se explicam, estava lendo um livro do italiano Alessandro Baricco, chamado “Novecentos”, em que ele descrevia exatamente a mesma situação. “No silêncio mais absoluto, com tudo imóvel ao seu redor, nem sequer uma mosca se movendo, eles, zás. Não há uma causa. Por que precisamente neste instante? Não se sabe. Zás. O que ocorre a um prego para que decida que já não pode mais?”
    Alessandro Baricco não procura desvendar esse mistério, apenas diz que assim é. Um belo dia a gente se olha no espelho e descobre que está velho. A gente acorda de manhã e descobre que não ama mais uma pessoa. Um avião passa no céu e a gente descobre que não pode ficar parado onde está nem mais um minuto. Zás. Nossos pregos já não nos seguram.
    Costumamos chamar essa sensação de “cair a ficha”, mas acho bem mais poética e avassaladora a analogia com os quadros na parede. Cair a ficha é se dar conta. Deixar cair os quadros é um pouco mais que isso, é perder a resistência, é reconhecer que há algo que já não podemos suportar. Não precisa ser necessariamente uma carga negativa, pode ser uma carga positiva, mas que nos obriga a solicitar mais força dentro de nós.
    Nascemos, ficamos em pé, crescemos e a partir daí começamos a sustentar nossas inquietações, nossos desejos inconfessos, algum sofrimento silencioso e a enormidade da nossa paciência. Nossos pregos são feitos de material maciço, mas nunca se sabe quanto peso eles podem aguentar. O quanto podemos conosco? Uma boa definição para felicidade: ser leve para si mesmo.
    Sobre os meus quadros: foram recolocados na parede. Estão novamente fixos no mesmo lugar. Até que eles, ou eu, sejamos definitivamente vencidos pelo cansaço.
(Martha Medeiros. Pregos. Em: março de 2010.)

Considerando que sujeito é alguém ou algo de quem ou do que se fala, assinale a afirmativa transcrita do texto que apresenta sujeito oculto.

Alternativas
Comentários
  • ✅ Gabarito: C

    ✓ Sobre os meus quadros: foram recolocados na parede. Estão novamente fixos no mesmo lugar. Até que eles, ou eu, sejamos definitivamente vencidos pelo cansaço.

    ➥ Sujeito oculto/elíptico/desinencial na 3ª pessoa do plural (=eles). Subentende-se que se refere aos quadros (=os quadros estão).

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • O sujeito oculto é aquele que pode ser identificado ou pela desinência verbal ou pelo contexto.

    Ex: (nós) comemos um pote de sorvete.

    Os políticos se reuniram (....)

    Falaram sobre as mudanças na economia.

    Agora a analisemos os itens:

    A) “sujeito inexistente.

    B) “Nossos pregos = sujeito simples.

    C) “ é possível retomar pelo contexto..

    Meus quadros (..)

    D) “Alessandro Baricco = sujeito simples

    Bons estudos!

  • Se n estivesse subentendido o sujeito, seria Sujeito Indeterminado.

  • Por que não é indeterminado?

  • Há diferença entre sujeito indeterminado e sujeito oculto/elíptico/desinencial. Nesse sentido, observa-se:

    > sujeito oculto--> não vem expresso na oração, mas há como identificar pela desinência. Ex:Nascemos fortes e felizes.

    > sujeito indeterminado--> Quando colocamos o verbo na terceira pessoa e não há sujeito expresso.--> Chegaram hoje para a festa

    --> verbo 3 pessoa do singular+ partícula SE como indice de indeterminação do sujeito. Ex: Precisa-se de enfermeiras no hospital.