SóProvas


ID
3646690
Banca
CS-UFG
Órgão
AparecidaPrev
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1

O muro de Berlin visto de baixo

Uma balada do poeta alemão Theodor Fontane (1819-1898) narra a história de um velho e generoso nobre, o sr. von Ribbeck. No pomar de von Ribbeck, na cidade de Ribbeck, havia uma pereira frondosa, cujos frutos maduros ele distribuía às crianças pobres, no outono. Dizem os versos de Fontane que o previdente velho, cujo herdeiro era um avaro, antes de morrer pediu para ser enterrado junto com uma pera.

O filho, conforme o velho von Ribbeck imaginara, deixou de distribuir as frutas do pomar, mas três anos depois da sua morte, a pera que com ele descera ao túmulo germinou para se transformar numa árvore, em meio ao cemitério. Os meninos e as meninas pobres, então, passaram a colher as frutas desta pereira mítica, ouvindo os sussurros fantasmagóricos do finado.

A balada de Fontane foi o pretexto para o surgimento de um verdadeiro culto às pereiras em Ribbeck, a 40 km de distância de Berlim, no território da ex-Alemanha Oriental. Em 1990, depois da queda do Muro de Berlim, uma caravana de abastados alemães-ocidentais pôs-se a caminho da cidadezinha.

A bordo de seus reluzentes e possantes automóveis, que provocavam olhares arregalados nos camponeses locais, levavam uma muda de pereira para plantar na cidade. E como a provar que sua generosidade não se destinava, como a do velho nobre da balada de Fontane, só ao futuro, levavam também, para consumo imediato, centenas de litros de cerveja e sopa de ervilhas, quilos de salsichas, centenas de canetas esferográficas, e – por que não? – caixas e mais caixas de aguardente de pera, para distribuir aos camponeses pobres do Leste.

O momento de encontro entre os generosos e consumistas ocidentais e os orientais endurecidos pelas décadas de opressão do regime comunista é o pretexto para o escritor alemão Friedrich Christian Delius colocar-se na pele de um camponês de Ribbeck.

“As Peras de Ribbeck'', que acaba de ser lançado em versão portuguesa, é um longo monólogo anônimo. À maneira do poema de Fontane (que está na primeira página do livro), é também uma longa balada – só que em prosa. De um só fôlego vão se desenrolando, como numa anamnese psicanalítica, os infindáveis ciclos de opressão e de sofrimento a que este personagem anônimo, seus familiares, vizinhos e antepassados foram sujeitos ao longo dos últimos séculos.

O texto tem a monotonia das liturgias e o poder sugestivo do discurso oral. Da opressão feudal à guerra franco-prussiana; da invasão sueca à ascensão de Hitler; da vitória dos russos sobre o nazismo à implantação do comunismo alemão-oriental, e deste à chegada dos abastados irmãos do Oeste, são gerações de vítimas que desfilam, num dramático, porém sincero, rio de lamúrias.

Com tal passado nas costas, não espanta que as generosas oferendas dos ocidentais e as benesses prometidas pela sociedade de consumo sejam recebidas com grande desconfiança. E não surpreende que o personagem anônimo não possa conceber seu futuro senão como uma continuação da desastrosa sequência de sofrimentos das gerações passadas. Ao colocar monólogo na boca de um ''eu'' coletivo, polifônico, Delius retoma um recurso já usado pelos trágicos gregos: o coro, que tradicionalmente representa a voz do bom senso, da moderação, a vox populi.

O livro chega ao leitor brasileiro com atraso, quando muito do impacto dos acontecimentos nele registrados já se perdeu. Mas é uma obra literária que se autossustenta e não depende de “reforços'' externos. Vem numa tradução de primeira qualidade, que proporciona ao leitor de língua portuguesa um excelente contato com a nova literatura alemã.

KRAUSZ, LUIS S. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs020329.htm>.
Acesso em: 20 jan. 2018.

A intertextualidade é um importante recurso de progressão temática do texto de Krausz e se estabelece através da

Alternativas
Comentários
  • Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.

    Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), significa a “repetição de uma sentença”.

  • Isso, e ele fez através de paráfrase, já que não copiou o texto do livro, mas contou com as suas palavras sem modificar a ideia, porque daí seria uma paródia.

  • Assertiva D

    A intertextualidade é um importante recurso de progressão temática do texto de Krausz e se estabelece através da paráfrase.

  • PARÁFRASE - ele apresenta o conteúdo do livro, porém não de forma literal. Ele usa de suas palavras para transcrever a mensagem do lovro.

  • Complementando os comentários dos colegas: Metonímia é a  utilizada para substituir um termo por outro, “emprestando” o seu sentido. 

    Esse prato está gostoso demais!

    No exemplo acima, o uso do termo “prato” é uma referência à comida que foi servida nele, e não ao prato em si. Por isso, a metonímia é um recurso que se utiliza de , ou seja, uma linguagem que não é literal, e sim representativa.

    Fonte: Brasilescola.uol

  • “As Peras de Ribbeck'', que acaba de ser lançado em versão portuguesa, é um longo monólogo anônimo. À maneira do poema de Fontane...

  • Complementando. Observar a pergunta! Ela se refere a Intertextualidade! Que pode ocorrer de duas forma:

    a) Paráfrase - escrever a mesma coisa com outra palavras, mantendo o conteúdo e o gênero.

    b) Paródia -

    c) Estilização - mantém o conteúdo do original, altera o gênero. Faz em outro estilo. Ex: quando um livro vira filme.

    Metonímia é uma figura de linguagem.

  • Intertextualidade: Que se estabelece entre dois ou mais textos. Que tem referências ou influência de um outro texto. (TIPOS)

    Citação

    A citação acontece quando as ideias de um autor são trazidas para dentro de outra obra.

    Paródia

    A paródia é um recurso geralmente utilizado com uma finalidade cômica. A paródia subverte um texto, uma música ou qualquer outro tipo de obra, dando-lhe um novo sentido.

    Paráfrase

    A paráfrase acontece quando um autor reescreve a ideia de outro com suas palavras, sem alterar o sentido da mensagem. A ideia é a mesma, mas a estrutura e as palavras podem ser diferentes.

    A diferença de uma paráfrase para a citação indireta é que na citação deve-se fazer referência ao texto-fonte, na paráfrase não existe essa necessidade.

    Alusão

    A alusão é uma menção a elementos de outro texto. Acontece de maneira indireta e sutil e pode não ser compreendida pelo leitor se ele não conhecer a referência.

    Tradução

    Para traduzir um texto é preciso interpretá-lo e reescrevê-lo da maneira mais próxima ao que pretendia o autor. (não é apenas reescrevê-la em outro idioma).

    Crossover

    Encontro ou diálogo de personagens de universos fictícios diferentes. Um dos exemplos é o filme Os Vingadores, que reúne super-heróis de diferentes narrativas.

    Epígrafe

    A epígrafe é um trecho de um texto colocado no início de uma obra e que serve como um elemento introdutório, pois dialoga com o conteúdo que será apresentado a seguir

  • Metonímia: É associação semântica que permite substituir um termo por outro baseado em uma relação lógica de “contiguidade”, “pertinência”, “continência”, “interdependência”, “causalidade”, “implicação”, enfim, uma extensão semântica e lógica que permite tomar um termo por outro. Como exemplos, temos o emprego de:

    Autor pela obra: Adoro ler Clarice Lispector

    Ser por seu atributo notório ou estado: As grávidas sofrem muito. (as mulheres grávidas) 

    Continente pelo conteúdo: A chaleira está fervendo (a água contida na chaleira) 

    Coisa por sua origem: Comprei garrafas de porto (vinho do porto)

    Causa pelo efeito: Eu vivo do suor do meu rosto. 

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