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ID
366721
Banca
NCE-UFRJ
Órgão
UFRJ
Ano
2009
Provas
Disciplina
Português

TEXTO 1

A FAVELA NÃO É CULPADA

Bernardete Toneto, Segurança pública

A ocupação dos morros pelas organizações criminosas
levou à criação de um estereótipo: favela é lugar de bandido. Será?
“Barracão de zinco, sem telhado, sem pintura, lá no morro
barracão é bangalô. Lá não existe felicidade de arranha-céu, pois
quem mora lá no morro já vive pertinho do céu.” Os versos do
samba “Ave-Maria no Morro”, composto em 1942 por Herivelto
Martins, revela uma época em que a favela era sinônimo de beleza
e melancolia. Da mesma forma que a visão era errada nas décadas
de 1930 a 1950, hoje também as favelas - em especial as do Rio de
Janeiro - não são reduto do crime organizado, como noticiam os
meios de comunicação social e faz supor a nossa vã filosofia.
Até a primeira metade do século XX, muitas músicas
enalteciam o morro como lugar de amizade e solidariedade. O
romantismo era tão grande que os compositores Cartola e Carlos
Cachaça (ambos moradores do Morro da Magueira, no Rio de Janeiro)
e Hermínio Bello de Carvalho compuseram o samba “Alvorada”, cuja
letra proclama: “Alvorada lá no morro que beleza. Ninguém chora,
não há tristeza, ninguém sente dissabor. O sol colorido é tão lindo, e
a natureza sorrindo, tingindo, tingindo a alvorada”.
A poesia foi uma forma de camuflar a realidade. A primeira
favela carioca foi a do Morro da Providência, antigo Morro da Favela.
A ideia da época era limpar as regiões centrais da cidade, dando um
ar de modernidade à capital da República. Por isso, em 1893, os
pobres que viviam em cortiços, como o da Cabeça de Porco, foram
enviados para os morros sem nenhum tipo de atendimento e de
infraestrutura habitacional. Logo depois chegariam os soldados
que haviam lutado na Guerra de Canudos, no sertão nordestino.
Assim, o Rio de Janeiro passou a ser sinônimo de
favelas, consideradas guetos de pobres e da marginalidade.

A frase abaixo em que o verbo destacado apresenta regência diferente da dos demais é:

Alternativas
Comentários
    • a) ”Lá não existe felicidade de arranha-céu...”;  
    •                    VI        sujeito
    • b) “...pois quem mora lá no morro...”;
    •                             VI      Adj.adv.de lugar
    • c) “...já vive pertinho do céu.”;
    •              VI     Adj.adv.de lugar 
    • d) “Ninguém chora...”;
    •                        VI
    • e) “...não  tristeza...”.    

                      VTD  OD

    Pra quem teve dificuldade para analisar a assertiva A, basta colocar a frase que está invertida na ordem direta:
    A) Felicidade de arranha-céu não existe lá

     
    Resumindo: Todas tem verbo intransitivo, enquanto a última alternativa tem um verbo transitivo direto que pede regência de um objeto direto.O verbo haver (com sentido de "existir") é impessoal e por  isso não há sujeito na oração.Trata-se de uma oração sem sujeito (sujeito inexistente) e o que vem acompanhado do verbo é complemento do verbo (OD).