SóProvas


ID
3721207
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFRB
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 
Brumadinho, Mariana, impunidade e descaso

Nenhum dos envolvidos no desastre de 2015 foi responsabilizado, e a fiscalização continuou precária mesmo depois da primeira tragédia: ingredientes para mais uma catástrofe

       Pouco mais de três anos depois do desastre de Mariana, do qual Minas Gerais ainda luta para se recuperar, mais um rompimento de barragem da mineradora Vale assombra o país. Desta vez, como afirmou o presidente da empresa, Fabio Schvartsman, o custo ambiental pode até ter sido menor que o de Mariana, mas o custo humano foi muito maior. (...) Como é possível que dois desastres dessas dimensões tenham ocorrido em um espaço que, para este tipo de situação, pode ser considerado curto?
         Mariana – cuja barragem pertencia à Samarco, joint-venture entre a Vale e a britânica BHP Billiton – deveria ter servido de aprendizado, mas todas as informações que surgiram após o desastre de Brumadinho mostram que os esforços nem das empresas responsáveis, nem do Estado brasileiro foram suficientes para evitar que outro episódio catastrófico ocorresse. A empresa certamente sabe que a preservação e a prevenção compensam; os danos de imagem podem ser diferentes daqueles que atingem outros tipos de negócios – o público não pode simplesmente “boicotar” uma mineradora, por exemplo –, mas também existem, e a Vale sentiu, nesta segunda-feira, a perda de seu valor de mercado. Schvartsman chegou a dizer que a empresa fez todo o possível para garantir a segurança de suas barragens depois de Mariana, mas agora se sabe que “todo o possível” não bastou.
           A palavra ausente neste período entre Mariana e Brumadinho é “responsabilização”. O Ministério Público Federal denunciou 21 pessoas e as três empresas (Samarco, Vale e BHP Billiton) pelo desastre de Mariana, mas ainda não houve julgamento. A Gazeta do Povo apurou que, das 68 multas aplicadas após a tragédia de 2015, apenas uma está sendo paga, em 59 parcelas. A demora para que os responsáveis paguem pela sucessão de irresponsabilidades que levou ao desastre certamente não incentiva as mineradoras a manter boas práticas de prevenção de desastres que possam ir além do estritamente necessário.
          Os dados mais estarrecedores, no entanto, vieram dos relatórios governamentais que mostram uma inação quase completa do poder público na fiscalização do estado das barragens no país. O Relatório de Segurança de Barragens de 2017, da Agência Nacional de Águas, mostra que apenas 27% das barragens de rejeitos (caso tanto de Mariana quanto de Brumadinho) foram vistoriadas em 2017 pela Agência Nacional de Mineração. Há 45 barragens com “algum comprometimento importante que impacte a sua segurança”. A informalidade é a regra: 42% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não têm nenhum tipo de documento como outorga, autorização ou licença. E, nos poucos casos em que há vistoria, ela é feita por amostragem de algumas áreas da barragem, o que pode ignorar pontos críticos. É assim que tanto a barragem de Fundão, em Mariana, como a da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, foram consideradas seguras. Ainda mais revoltante é a informação de que a Câmara de Atividades Minerárias da Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais aprovou uma ampliação de 70% no complexo Paraopeba (onde se encontrava a barragem que estourou em Brumadinho) de forma apressada, rebaixando o potencial poluidor da operação para que o licenciamento ambiental pudesse pular fases.
             A atividade mineradora é atribuição da iniciativa privada, mas a fiscalização é uma obrigação do Estado. E os relatórios demonstram que o governo não deu importância a esse trabalho nem mesmo depois de Mariana. Como resultado desta omissão coletiva, dezenas, possivelmente centenas, de vidas perderam-se em Brumadinho. Mortes que poderiam ter sido evitadas se o caso de 2015 tivesse levado a uma responsabilização rápida por parte da Justiça, um trabalho mais cuidadoso por parte das empresas de mineração e uma fiscalização abrangente feita pelo governo.
Adaptado de: <https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/brumadinho-mariana-impunidade-e-descaso-6621e4i8qg00dhyqctji1wdh2/>.
Acesso em: 04 abr. 2019.

Analise o seguinte período:
“A informalidade é a regra: 42% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não têm nenhum tipo de documento como outorga, autorização ou licença.”. Considerando as normas gramaticais de concordância verbal e as seguintes frases adaptadas desse período, assinale a alternativa que apresenta a concordância adequada.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: B

     a) “(...) 42% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não tem nenhum tipo de documento (...)” → INCORRETO. Temos um sujeito com a porcentagem que denota plural, aqui o especificador também denota plural, logo o correto é conjugar o verbo "ter" na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo com o acento diferencial (=têm).
     b) “(...) 42% (...) não têm nenhum tipo de documento (...)” → CORRETO. Concordância feita corretamente com a porcentagem no plural.
     c) “(...) 1% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não tem nenhum tipo de documento (...)” → INCORRETO, conforme a explicação da 3ª visão logo abaixo, o correto seria "têm", concordando com o termo especificador. 
     d) “(...) 1% (...) não têm nenhum tipo de documento (...)” → INCORRETO. A concordância deve ser feita no singular com a porcentagem 1% (=tem).

    ➥ Veja abaixo as opiniões dos gramáticos e como cai em prova de concurso a CONCORDÂNCIA VERBAL COM NUMERAL PERCENTUAL E COM NUMERAL FRACIONÁRIO SEGUIDOS DE ESPECIFICADOR. A BANCA ADOTOU A 3ª VISÃO ABAIXO:

    1) Para Sacconi, o verbo concorda com o numerador da fração ou com o número inteiro da porcentagem não antecedidos de determinante (artigo, p.ex.); além disso, também pode concordar com o especificador desses numerais. Exemplo: – Só 2/3 do povo votou/votaram. – Só 0,3% das mulheres votaram/votou.

    2) Para Cegalla, o verbo deve concordar com o numerador da fração ou com o número inteiro da porcentagem, ou seja, por via de regra, o verbo nunca concorda com o núcleo do especificador. Exemplo: – Só 2/3 do povo votaram. – Só 0,3% das mulheres votou.

    3) Para Napoleão M. de Almeida, o verbo concorda com o especificador, e não com o numeral percentual (desde que não antecedido de determinante [artigo, p.ex.]); ele nada fala sobre concordância com numeral fracionário. Exemplo: – Só 0,3% das mulheres votaram

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • A banca deve adotar o critério que a concordância com expressão partitiva é obrigatória, já que a letra C ela considerou como errada.

  • Veja comigo os itens:

    A partir de 2% = plural.

    A) “(...) 42% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não tem 

    42% ---------têm

    das barragens --------têm.

    B) “(...) 42% (...) não têm nenhum tipo de documento (...)”.

    42%---------------- têm

    C) “(...) 1% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não tem nenhum tipo de documento (...)”.

    Seguindo a tradição gramatical, melhor seria dizer que temos duas possibilidades:

    1% ---------tem

    das barragens -----------têm

    D) “(...) 1% (...) não têm nenhum tipo de documento (...)”.

    1% -------tem

    Bons estudos!

  • A questão é sobre concordância verbal e em específico trouxe a concordância do verbo com numeral em forma de porcentagem. Ao analisar a questão, pude observar que a banca trouxe o entendimento de concordância dos percentuais segundo o gramático Napoleão Mendes de Almeida. Para ele o verbo concorda com o especificador do numeral quando houver, e desde que não tenha artigo ou outro determinante, caso não haja, concorda com o número. Entretanto, não é sempre assim adotado por todos os outros gramáticos, a grande maioria defende que pode concordar tanto com o numeral como com o adjunto adnominal especificador. Mais uma vez lembrando, a banca adotou o entendimento de Napoleão Mendes de Almeida.

    Ex: 1% dos meninos jogaram.

    a) Incorreta.

    “(...) 42% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não tem....

    O verbo deveria receber o acento circunflexo para indicar a pluralização da terceira pessoa do presente do indicativo, assim concordando com o especificador.

    b) Correta. 

     “(...) 42% (...) não têm nenhum tipo de documento (...)”.

    O verbo está acentuado com o sinal circunflexo indicando a terceira pessoa do plural do presente do indicativo para concordar corretamente com o numeral que está sem especificador.

    c) Incorreta. 

    “(...) 1% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não tem... 

    O verbo deveria estar no plural concordando com o especificador e, assim, receber o acento circunflexo para indicar a terceira pessoa do plural do presente do indicativo.

    d) Incorreta. 

    “(...) 1% (...) não têm nenhum tipo de documento (...)”.

    O verbo deveria estar concordando com o numeral percentual 1 que é singular e assim não sendo grafado com o acento para indicar somente a terceira pessoa do singular do presente do indicativo.

    Referência bibliográfica: ALMEIDA, Napoleão M. Gramática Metódica da Língua Portuguesa. São Paulo: Saraiva 2009.

    Gabarito do monitor: B

  • Só acertou quem chutou ou quem advinhou qual linha de gramáticos a banca escolheu para fazer o gabarito da questão. Português tem dessas coisas...é a pior parte da matéria...diversas linhas que versam sobre o mesmo tema sem haver um consenso.

  • temsem acento = (núcleo do sujeito) terceira pessoa do singular

    têm, com acento circunflexo = (núcleo do sujeito) terceira pessoa do plural

  • GAB B

    Acertei a questão em relação ao plural ...

    e só depois vi o comentário do '' ⚖~Matheus Oliveira~☕☠♪♫ ''

    isso significa que estou no caminho certo ...

    desistir é pros fracos avante sempre...

    rumo a aprovação...

    02/08/200 22:25pm

  • Respondi sem entender o objetivo da questão.

  • observação a letra B apresenta a mesma concordância da oração do texto original. nem olhei o resto, marquei e fui para os comentários.

  • O correto pra essa questão seria pedir a INADEQUADA, pois aí sim só haveria uma resposta correta.

  • Questão totalmente sem lógica..

  • ué.. não deveria pedir a alternativa INADEQUADA?

  • Alguém entendeu? rs

  • Nesse caso, quando se trata de porcentagem o verbo  vai concordar com a porcentagem ou com o sujeito, cabendo embas as formas.

    42% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não têm (têm 42% das) e (têm barragens).

    Essa foi a minha analise de acordo com as aulas de Alexandre Soares.

  • QUESTÃO ANULÁVEL... MAIS DE 1 QUESTÃO CORRETA ENTRE OS ITENS!

  • foi adotado um entendimento de um gramatico, porém no entendimento da maioria, a concordância pode ser tanto com o numeral quanto com o especificador. o entendimento adotado pela banca, a concordância é feita com o especificador. pois a alternativa C daria duas possibilidade, no entendimento da maioria dos gramáticos. poderia concordar com porcentagem 1% TEM ou especificador das barragens TÊM. APESAR da alternativa B está correta...eu errei por fica em duvidas entre as duas alternativas.

  • anulável..

    o verbo pode concordar tanto com a porcentagem como com o determinante..

    80% da população é alfabetizada

    80% da população são alfabetizados

    fonte: PDF estratégia concursos

  • De verdade, não entendi a questão!

  • PELO NÚMERO DE ALUNOS QUE USA ESSA PLATAFORMA QC, E PELO VALOR QUE SE COBRA NA ASSINATURA, MERECEMOS EXPLICAÇÕES EM VÍDEO NAS QUESTÕES DE PORTUGUÊS.....

  • VERBO SÓ FICA NO PLURAL SE O PERCENTUAL FOR A PARTIR DE 2.

    MANTENDO-SE NO SINGULAR QUANDO FOR INFERIOR A 2.

  • Para o Instituto AOCP, grave o conceito mencionado por Arthur!!! Aparentemente o gramático utilizado pela banca, no que diz respeito à concordância, é Napoleão M. de Almeida. Ademais, uma banca que defende a mesma teoria é a QUADRIX.

    Reprisando o comentário de Arthur:

    3) Para Napoleão M. de Almeidao verbo concorda com o especificador, e não com o numeral percentual (desde que não antecedido de determinante [artigo, p.ex.]); ele nada fala sobre concordância com numeral fracionário. Exemplo: – Só 0,3% das mulheres votaram

    Seguem algumas questões que cobram o mesmo gramático e a mesma temática e que vai auxiliar na consolidação da ideia:

    Q1094896

    Q987168

    Q959654

  • o determinante tem preferencia na concordância

  • A CEBRASPE tem o entendimento um tanto diferente em relação a isso.

    Pois o verbo, neste caso, concorda tanto com o Núcleo quanto com o especificante do núcleo.

    Ex: 20% de todo montante serão doados / será doado àquela creche.

    Serão doados (plural) concorda com 20% ( Núcleo do sujeito)

    Será doado (singular) concorda com "Todo montante" (Esp. do núcleo)

    Obs: 1,9999 = Singular / 2% em diante = Plural

    Ah, mas se for número fracionário ? R- A concordância acontece com o NUMERADOR.

    Ex: 1/3 do povo brasileiro reclama da política.

    Obs: Perceba que a concordância ocorre com o numerador (1/3)

    Justamente por saber isso fiquei na duvida entre a B e C.

  • Eu entendo que o núcleo do sujeito nunca vem precedido de preposição. Só isso.
  • eu nao acho que o gabarito dessa questão seja explicado pelo entendimento da banca de que o verbo só pode concordar com o numeral da porcentagem, e não com o termo preposicionado, conforme exposto pelo "perito-ITEP". vejam bem, se fosse assim, tanto a letra B como a letra C estariam corretas.

    vejam a formatação das alternativas, quando ocultaram a parte preposicionada da expressão com parênteses e pontos assim (...) foi a forma tosca que o examinador encontrou de dizer para o candidato desconsiderar aquela parte da expressão.

    espero ter ajudado.

    adendo posterior: a Q1179775 comprova que esse NÃO É o entendimento da AOCP.

  • https://www.youtube.com/watch?v=yA4J24JT7ow

  • Gab.: B

    Concordância com percentual (adotada pelo Instituto AOCP):

    • A concordância será com o numeral, caso não tenha especificador.

    Ex.: 42% não têm nenhum tipo de documento (letra B certa)

    1% não tem nenhum tipo de documento (letra D errada)

    • Quando há termo especificador, a concordância deverá ser feita com ele, não com o numeral do percentual.

    Ex.: 42% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não têm (letra A errada)

    1% das barragens cadastradas nos órgãos de fiscalização não têm (letra C errada)

  • Não entendi..

  • Esse negócio de cada banca seguir um raciocínio é fod@. Segue o bonde.

  • A letra D está correta. O que você precisa fazer é a eliminação. A preferência é sempre concordar com a expressão quando tiver percentual.

    https://www.youtube.com/watch?v=ve7bNfmh1pQ

    A professora aqui explica por volta de 1:10:00

  • têm com acento é sempre plural