A psicologia está interessada mesmo em dar voz à subjetividade do paciente, restituindo-lhe o lugar de sujeito que a medicina lhe afasta. (MORETTO citado por SIMONETTI, 2006, pág. 19).
Mais que uma atuação determinada por uma localização, a "Psicologia hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento" – aquele que se "dá quando o sujeito humano, carregado de subjetividade , esbarra em um "real", de natureza patológica, denominado "doença"..."(Simonetti, 2004, p. 15).
Além de considerar essas pessoas individualmente, a psicologia hospitalar também se ocupa das relações entre elas, constituindo-se assim numa verdadeira psicologia de ligação, com a função de facilitar os relacionamentos entre pacientes, familiares e médicos. (SIMONETTI, 2006)
Assim, fica estabelecido que "a psicologia hospitalar não trata apenas das doenças com causas psíquicas, classicamente denominadas "psicossomáticas", mas sim dos aspectos psicológicos de toda e qualquer doença", uma vez que é factível que "toda doença encontra-se repleta de subjetividade, e por isso pode se beneficiar do trabalho da psicologia hospitalar" (Simonetti, 2004, p. 15).
Enfim, "a psicologia hospitalar vem se desenvolvendo no âmbito de um novo paradigna epistemológico que busca uma visão mais ampla do ser humano e privilegia a articulação entre diferentes formas de conhecimento" (Simonetti, 2004, p. 25-26). E, a consequência clínica mais importante dessa visão é a de que "em vez de doenças existem doentes" (Simonetti, 2004, p. 26 citando Perestrello, 1989).
Letra: B
Para a(o) psicóloga(o), a questão mais importante sobre adoecimento e hospitalização é saber em que circunstâncias este fato aconteceu, quem é o paciente e como ele se percebe em tal situação.
Patologia e diagnóstico é circunstancial e multifatorial. É necessário, portanto, contextualizar e atentar para aquela pessoa única, com sua história, valores e dificuldades. Neste aspecto, a subjetividade aparece como fator mais relevante e aí está a diferença de objetivos da Medicina, dos demais profissionais da equipe e da Psicologia.
A Medicina busca a resolução e a objetividade das ações, colocando o centro das atenções na doença e no tratamento da patologia com todos os recursos técnico/científicos, com uma ética voltada para valores sociais, cura e respeito à vida. A Psicologia, por sua vez, enfatiza a ética do respeito à singularidade e, utilizando o conhecimento técnico/científico, busca trabalhar o luto e as demandas de sofrimento, com atenção as desadaptações e sintomas, pela natureza da situação. É necessário dar voz ao paciente, as suas verdades, as questões confusas, distorcidas e embaralhadas.